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Bebidas e cigarro são as cargas mais roubadas no Espírito Santo

Bebidas e cigarro são as cargas mais roubadas no Espírito Santo

Cosméticos e eletrônicos também são alvos das quadrilhas

Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 23:48

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Saques no Espírito Santo. (Fernando Madeira)

Manter a direção de uma carreta com a carroceria cheia de mercadorias nas rodovias que cortam o Espírito Santo vai além da preocupação com os perigos de acidente e dos percalços da pista. Caminhoneiros encaram o medo de virar alvo de quadrilhas de roubo de carga.

Na mira das gangues da estrada, o alvo preferido são os caminhões que transportam os produtos presentes em qualquer boteco de esquina: cerveja e cigarro. Também são carregamentos preferidos pelos assaltantes os de cosméticos e de produtos eletrônicos.

Em 2017, 53 ocorrências de roubo de carga foram registradas em estradas do Estado, segundo a Delegacia de Roubo de Cargas. Os pontos mais perigosos ainda estão no entroncamento entre a BR 262 e 101 na altura do trevo de Viana, locais com maior saída de veículos carregados.

Também é um ponto de preocupação o trecho de Cachoeiro de Itapemirim, na BR 101 Sul.

O chamariz dessas mercadorias é a facilidade em repassá-las para frente. “São produtos que podem ser repassados ilegalmente com facilidade. Qualquer comércio pequeno vende e compra esse tipo de mercadoria roubada. A cerveja e o cigarro são pulverizados em qualquer banca ou esquina. Assim também são os eletrônicos e os cosméticos que têm grande saída”, afirmou o delegado Nilton Abdala, titular da Delegacia de Roubo de Carga.

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São produtos que podem ser repassados ilegalmente com facilidade. Qualquer comércio pequeno vende e compra

Nilton Abdala, titular da Delegacia de Roubo de Carga
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No dia 6 de fevereiro, uma quadrilha especializada em roubar cargas de cosméticos, e que fazia os motoristas reféns durante a ação, foi desarticulada. O líder do bando foi capturado em Vila Velha.

TERROR EM AÇÃO

 

“Já fiquei na mira de uma arma por mais de uma hora. Não tem como você pensar em mais nada, só pedir a Deus pra guardar você para que possa rever sua família”, contou um caminhoneiro de 44 anos, vítima de um assalto, na BR 101 Sul.

O caminhão-baú carregado de produtos alimentícios foi encontrado completamente vazio dois dias depois, na zona rural de Viana. O caminhoneiro foi liberado por criminosos no mesmo dia e pediu socorro às margens da rodovia. “Me levaram para um matagal depois de fecharem meu caminhão. Dois homens ficaram comigo, apontando uma arma na minha cabeça e falando que iam me matar. Depois que receberam uma ligação, mandaram eu correr pro meio do mato sem olhar pra trás e fugiram com um carro preto”, contou o motorista.

ORGANIZAÇÃO

 

O que a vítima descreve é a dinâmica das empreitadas das quadrilhas de saqueadores, como conta o delegado Nilton Abdala. “O esquema de cada roubo de carga é muito bem definido. Os envolvidos nesses crimes possuem funções específicas”, destacou.

Os criminosos usam um carro de passeio para interceptar o caminhão ou a carreta na rodovia e, sob ameaças, rendem o motorista. A vítima é levada dentro de um carro por dois assaltantes para um matagal, distante e isolado das áreas de movimento, onde fica refém. Enquanto isso, outra parte do bando aguarda um comparsa que dirige o caminhão carregado até o ponto de transbordo.

“A carga do caminhão é repassada para outro caminhão que já é deixado lá para isso, assim, os bandidos fogem com a carga e abandonam o original em qualquer ponto. O que interessa aqui é a carga e não o veículo, que é mais fácil de localizar”, explicou Abdala.

Apesar da necessidade do trabalho braçal para trocar a carga de caminhão, as quadrilhas possuem um pequeno número de integrantes. “Quanto maior o número de pessoas envolvidas, menor será o lucro com o roubo no momento de partilhar a venda da carga e também mais gente para confiar”, diz o delegado.

Segundo o delegado, os roubos são rápidos considerando que o tempo gasto para a retirada da carga de um caminhão para outro. “Diferentemente do Rio de Janeiro, as cargas roubadas não são levadas para a comunidade onde eles moram, não dá tempo de procurar horas depois do crime.”

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