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Central Carapina: violência que assusta

Central Carapina: violência que assusta

Bandidos apavoraram população com toque de recolher e assalto

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 01:13

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Policiais militares fazem revista em suspeitos em Central Carapina, na Serra. (Marcelo Prest | AG)

Em menos de 24 horas a ação de criminosos foi capaz de mobilizar inúmeras equipes policiais e de alterar a rotina da população nos dois maiores municípios do Estado, assustando todos os capixabas: enquanto em Central Carapina, na Serra, um toque de recolher foi imposto por traficantes após um jovem de 18 anos ser morto pela polícia, em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha, clientes de um bar tornaram-se reféns para que assaltantes pudessem explodir uma agência bancária.

Na mesma semana em que vemos as divisas do Espírito Santo serem cercadas para impedir a entrada de criminosos do Rio de Janeiro, tais episódios tornam-se o retrato mais duro da violência cotidiana que já se instalou internamente e que, embora em diferentes escalas, arrasta sérias consequências desde as periferias até os centros urbanos.

De janeiro a setembro do ano passado, 20 pessoas foram assassinadas em Central Carapina, considerado o bairro mais violento do Estado. Todos estes crimes foram solucionados pela Delegacia de Crimes Contra Vida da Serra, que nesse mesmo período colocou 36 suspeitos na prisão.

Mas, na tarde da última terça-feira, a criminalidade mostrou que pode ser persistente. Depois de cercar uma casa na Rua Ceará, a fim de cumprir um mandado de prisão contra Paulo Sérgio de Oliveira Júnior, 25 – suspeito dos dois últimos homicídios ocorridos no bairro – sete policiais civis se depararam com Deusimar Lucas Cunha Neves, 18. Segundo a polícia, o jovem já tinha passagem por tráfico e apontou uma arma na direção da equipe. Por oferecer perigo, ele foi morto com oito tiros.

A morte desencadeou a revolta de moradores, que apedrejaram viaturas e iniciaram um protesto na BR 101. Um toque de recolher também foi imposto por traficantes, que cortaram parte da energia do bairro (reestabelecida na manhã de ontem) e determinaram que escolas ficassem de portas fechadas.

Já na Avenida Santa Leopoldina, em Coqueiral de Itaparica, o alvo foi o Banco do Brasil. Na madrugada de ontem, assaltantes fortemente armados e encapuzados renderam clientes de um bar que fica ao lado da agência, ordenando que todos se ajoelhassem e que os homens tirassem as camisas. Duas explosões foram feitas e os assaltantes fugiram de carro com compartimentos com dinheiro.

Em 2012, a agência já havia sido cenário de uma tentativa de roubo, que resultou na morte de um dos ladrões. Outros dois foram baleados e um, preso.

Para especialistas em segurança pública, o que ainda diferencia o Espírito Santo de Estados como o Rio de Janeiro, onde a violência é extrema, é a capacidade de controle exercida pelas polícias, aliada à boa estrutura do sistema prisional. No entanto, caso medidas mais drásticas não sejam tomadas, o futuro tende a ser ainda mais preocupante.

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“A chave é a integração de ações. Não adianta só aumentar o número de policiais se não oferecermos políticas públicas de qualidade”, afirma o professor da UVV Pablo Lira, que também destaca a necessidade de mobilização do poder judiciário e de mudanças na legislação para que criminosos sejam punidos com severidade. Já o especialista Patrick Oliveira acrescenta: “é preciso valorizar a carreira dos policiais e melhorar suas condições de trabalho”.

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