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Dona de casa relata momentos de terror durante tiroteio em Manguinhos

Dona de casa relata momentos de terror durante tiroteio em Manguinhos

Ela foi atingida na coxa direita por uma bala perdida. Ela estava no local para catar latinhas. Uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas

Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 19:45

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A mulher foi atingida por uma bala perdida na coxa. ( Kaique Dias)

Uma dona de casa que está entre as vítimas atingidas por bala perdida em um bloco de carnaval na noite de domingo (11), em Manguinhos, na Serra, conta que viveu momentos de terror durante a troca de tiros. O saldo foi de um morto e quatro feridos. 

Em entrevista ao Gazeta Online, a dona de casa, de 44 anos, disse que estava próxima a um restaurante quando a confusão começou. Ela estava no local para catar latinhas para complementar a renda da família. "Veio um cara dizendo 'olha o fulano de tal lá, vamos matar ele'. Ele falou isso e saiu dando tiro em todo mundo. Eu corri, mas ele já veio atirando", disse. Assista a entrevista abaixo: 

Muito assustada, a mulher tentou se esconder dos tiros atrás de um carro de churrasquinho, mas foi atingida na coxa. Ela foi socorrida por um grupo de amigos. "Fui pedir ajuda e encontrei um rapaz, com os amigos dele. Não esperei polícia, não esperei a ambulância. Os meninos me jogaram dentro do carro e me levaram para o hospital. Que Deus livre eles, que guarde porque eles foram muito bons comigo". Ao se esconder, a mulher também acabou cortando a barriga.

A mAo tentar se esconder, ela acabou cortando a barriga em um carro de churrasquinho. ( Kaique Dias)

Após passar por momentos de terror, a dona de casa não quer mais saber de carnaval. "Eu nunca mais vou em carnaval, quero distância. Eu odeio o carnaval mesmo, só vou pra catar as latinhas. Agora que aconteceu isso, nunca mais eu vou", desabafou.

Sobre policiamento, a mulher afirmou que percebeu o patrulhamento na região mas, na hora da confusão, ela não viu equipe policial no local. "Quando eu cheguei lá tinha policia, mas quando fui baleada não tinha mais".

“IMPOSSÍVEL ONIPRESENÇA POLICIAL”

A Polícia Militar respondeu, em nota, que manteve o reforço de policiamento da mesma forma desde o início da Operação Verão. “Foram empenhados alunos do Curso de Formação de Sargentos, Força Tática e viaturas extras, todos atuando no foco da festa e nas imediações, conforme demanda”, afirmou.

A corporação justificou que o homicídio em Manguinhos está relacionado a outras atividades criminosas. “Infelizmente por impossibilidade da onipresença policial, não pôde ser evitado. A PMES orienta a população a acioná-la em casos de crimes em andamento ou prestes a ocorrer, via 190, e denunciando criminosos nos casos de crimes já ocorridos via 181”, finalizou a nota.

Além da dona de casa, outras três pessoas foram baleadas. Um rapaz de 18 anos também recebeu alta. Uma jovem de 24 anos está em estado grave e outro rapaz, de 27 anos, passou por cirurgia e está em estado estável.

“ACHEI QUE IRIA MORRER”

Como foi o momento que a senhora percebeu que era um tiroteio?

Eu vi um ‘cara’ falando que estava lá e que queria matar um outro rapaz. Ele foi atrás e começou o tiroteio. Eu pensei que ia morrer porque só ouvia tiro e gente correndo desesperada.

A senhora percebeu na hora, que tinha tomado um tiro na perna?

Eu senti algo na hora, mas consegui correr. Um tempo depois percebi, porque falaram que minha perna estava sangrando e começou a arder. E sangrou muito, igual uma torneira. Eu procurava meu esposo, mas não achava. Na correria acabei levando um corte na barriga. Não ia dar tempo de chamar ambulância. Aí algumas pessoas me levaram para o hospital de carro. Eu já estava ficando tonta.

Quanto tempo vocês ficariam lá?

A gente iria ficar lá enquanto tivesse gente bebendo (por causa das latinhas). Eu cheguei era mais de 22 horas e quando aconteceu isso já era quase meia-noite.

Tinha muita gente no local?

Sim, tinha muita gente ainda. Estava uma festividade legal, sem briga, sem nada. Estava todo mundo se divertindo, só que do nada aconteceu isso. Eles (os rapazes) pareciam estar procurando ouro e quando acharam começaram a atirar. Eles trocaram tiros. Tanto quem matou quanto quem morreu estava armado.

Havia policiamento suficiente?

Quando eu cheguei eu vi uma viatura, mas no momento que aconteceu não. É um absurdo isso. Tinha que ter pelo menos uns três carros de polícia. Tinha muita gente no local.

Sobre carnaval, o que a senhora pensa?

Eu nunca mais quero saber de carnaval. Já não gostava antes, mas como estou desempregada, fui para ganhar uns trocados. Mas agora só vou catar latinha por aqui mesmo.

Com informações de Kaique Dias

O CASO 

Um jovem de 24 anos foi assassinado a tiros e outras quatro pessoas foram atingidas por balas perdidas, na noite deste domingo (11), por volta das 23h40, em Manguinhos, na Serra.

O alvo dos criminosos era Waldir Benaia de Souza, que foi executado na frente de diversas pessoas que curtiam o carnaval no local. Porém, outros dois homens, de 18 e 27 anos, além de duas mulheres, de 44 e 24 anos, também acabaram atingidos por balas perdidas. A mulher de 24 anos está em situação grave no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, também na Serra.

De acordo com testemunhas, cerca de 300 a 400 pessoas ainda curtiam a folia no local e o bloco oficial havia encerrado o desfile momentos antes do crime. Waldir saiu de um restaurante com a esposa e seguia para o carro, quando foi surpreendido por dois criminosos. Um deles já chegou atirando.

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Segundo informações do boletim de ocorrência da Polícia Militar, um familiar contou que a vítima também estava armada, mas sequer teve tempo de reagir. Ao levar um tiro nas costas, Waldir caiu e acabou sendo atingido por vários disparos na cabeça. Os assassinos ainda teriam levado a arma que Waldir portava antes de fugirem.

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