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Homero Mafra: 'Padre mentiu e desrespeitou a Justiça em não depoimento'

Homero Mafra: "Padre mentiu e desrespeitou a Justiça em não depoimento"

O sacerdote, que celebrou o casamento de Milena, se negou a responder as perguntas do advogado e acabou dispensado pela defesa de Hilário

Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 16:04

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Homero Mafra, advogado de Hilário Frasson, no último dia de audiências do caso Milena. (Marcelo Prest)

A manhã desta sexta-feira (23), no último dia de audiências do caso Milena Gottardi, foi marcada por um momento de tensão entre Homero Mafra, advogado de defesa de Hilário Frasson, e o Padre Luchi, convocado como testemunha.  O sacerdote, responsável por celebrar o casamento entre Hilário e Milena, foi a primeira testemunha a ser ouvida nesta sexta. Mas, segundo Homero, o padre se negou a responder a duas das perguntas do advogado e acabou dispensado pela defesa de Hilário.

Após os depoimentos da manhã, Homero Mafra conversou com a reportagem do Gazeta Online e criticou a postura do padre que, na visão dele, desrespeitou a Justiça. (veja a entrevista abaixo)

"Foi um não depoimento. O padre se furtou a cumprir o seu dever de testemunha. Perguntas objetivas, que não diziam respeito ao segredo do confessionário. Nós não faríamos nenhuma pergunta que zelasse sobre o segredo. O padre se recusou a responder. Na verdade, foi um 'não depoimento', um ato de clara afronta ao Poder Judiciário. Não é por ser padre, por ter ministério religioso, ou ter qualquer profissão, por mais importante que seja, que a pessoa possa se negar a prestar esclarecimentos ao Poder Judiciário. Ele não cumpriu o dever dele", afirmou o advogado.

Ainda segundo Homero Mafra, Padre Luchi "mentiu" quando disse que tinha pouco contato com Hilário e Milena. 

"Um pergunta, por exemplo, que foi feita e ele se recusou a responder, foi se ele foi à casa do Hilário. Eu não perguntei o que ele foi fazer, eu perguntei se ele foi. E ele disse que isso estava sob sigilo. Eu não sei se a visita de alguém a uma casa pode se considerar sob sigilo confessionário. Eu não iria perguntar o que ele foi fazer lá, eu apenas perguntei se ele foi. Por que ele disse que tinha pouco contato com Hilário e, nesse ponto, ele mentiu, porque ele foi várias vezes à casa de Hilário. Ele nega, dizendo que só tinha feito o casamento, mas ele deve prestar contas à consciência dele", argumentou.

O OUTRO LADO

A reportagem do Gazeta Online tenta contato com o padre Luchi para repercutir as afirmações do advogado de Hilário Frasson, Homero Mafra.

MUDANÇA

O juiz da 1ª Vara Criminal Marcos Sanches atendeu ao pedido do advogado de Dionathas e decidiu mudar a ordem dos depoimentos. Às 13 horas, quando os trabalhos estão previstos para recomeçarem, Dionathas Alves Vieira, acusado de ser o executor da médica será ouvido sem a presença dos outros réus. Na sequência serão colhidos os depoimentos de Hilário e Esperidião Frasson, acusados de serem os mandante do crime; Valcir da Silva Dia e Hermenegildo Palaoro Filho, apontados como os intermediários; e Bruno Broetto, que teria fornecido a moto para o crime. O dia promete ser longo, uma vez que o juiz garantiu que quer ouvir todos os réus nesta sexta. 

Antes da audiência começar, o advogado Leonardo Rocha, defensor de Bruno e Dionathas, conversou com a imprensa. Ele afirmou que Dionathas - acusado de atirar na médica - vai assumir que matou a médica, dizer tudo o que sabe e revelar como o crime foi planejado. 

"Ele está colaborando, mas está com medo. Os próprios policiais que prenderam ele disseram 'quem bom que você está preso, se não você ia morrer'. É lógico, uma boca dessa morta vai falar o que? Qual é a prova direta da participação (dos outros réus)? Tem as ligações, tem o relatório, os vizinhos que falaram, tem a carta. Mas a prova para dizer "foi ele. Eu o encontrei em tal lugar, ele me prometeu isso. Fiz isso, fiz aquilo". Ele vai dar detalhes de diálogos e locais onde (aconteceram as conversas). Ninguém melhor do que ele para dizer. Eu, juiz, promotor, ninguém estava lá. Quem estava lá era o Dionathas", afirmou.

Para o advogado de acusação, Renan Sales, já há prova suficiente da participação dos suspeitos. "O que a gente espera é que os trabalhos aconteçam dentro da normalidade, por que a prova da autoria e materialidade criminosa já está feita. Há prova farta da autoria e materialidade do crime praticado pelos seis acusados. Há prova técnica, testemunhal. Independentemente do que as duas testemunhas que serão ouvidas hoje vão falar, e do que os seis acusados venham a falar é incontroverso que esses seis indivíduos tramaram e executaram a doutora Milena", disse o advogado da família da médica.

OUTRAS TESTEMUNHAS

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As audiências com testemunhas de defesa e acusação começaram nos dias 16 e 17 de janeiro, quando no total 17 depoentes foram ouvidos. As audiências tiveram continuidade nos dias 30 e 31 do mesmo mês, quando mais 12 testemunhas foram ouvidas. Entre elas, a mãe de Milena, Zilca Gottardi, e o irmão, Douglas Gottardi. Alguns depoimentos estão sendo feitos por carta precatória. A médica foi baleada no estacionamento do Hucam, no dia 14 de setembro do ano passado, e teve morte cerebral declarada no dia seguinte.

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