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PRF está atenta para possível vinda de bandidos do Rio por rodovias

PRF está atenta para possível vinda de bandidos do Rio por rodovias

Há agentes do Espírito Santo cedidos ao Estado vizinho

Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 12:26

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Cena de guerra: militares patrulham as ruas da favela da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, no Rio . (Wilton Junior/AE)

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Espírito Santo está atenta aos primeiros momentos pós-anúncio da intervenção federal no Rio de Janeiro. A avaliação do órgão é que o perigo maior está no período que vai do anúncio até a chegada de fato das forças de segurança no Estado vizinho. Atualmente, alguns agentes estão emprestados para o território fluminense, e o efetivo por aqui está menor.

“Você está dando um tempo para quem está com problema (o criminoso) se movimentar. Ele vai ficar esperando as forças de segurança chegarem lá? Não vão. Eles vão buscar Estados com menores condições no momento, o Espírito Santo, a divisa com Minas Gerais...”, afirmou ontem Wylis Lyra, superintendente da PRF no Estado.

Ele citou que o órgão avalia enviar mais policiais para o Sul do Estado, próximo à divisa com o Rio de Janeiro, embora hoje o Espírito Santo conte com menos policiais, que foram cedidos anteriormente ao Rio de Janeiro.

“Acontecendo o retorno para o Espírito Santo, eles serão imediatamente deslocados para esses pontos de acesso ao Estado, em rodovias federais”, declarou.

O superintendente não informou qual é o efetivo atual do Estado e nem quantos estão à disposição do Rio de Janeiro. Disse que, mensalmente, o vizinho solicita policiais “que podem ser 12, 15, 20”, e que alguns retornam, outros não.

Lyra explicou que Estados de todo o país enviaram policiais para o Rio de Janeiro em “uma ação do governo federal para garantir a segurança pública por lá, dar melhores condições, envolvendo as forças policiais do local e as forças federais”. O Espírito Santo passou a enviar em abril do ano passado.

“Nós aguardamos algumas manifestações de Brasília, pós-publicação do decreto, sobre se haverá o retorno dos policiais que estão no Rio de Janeiro, porque não sei ainda a dimensão da intervenção, se haverá deslocamento de mais forças armadas para o Rio de Janeiro, possibilitando a liberação da PRF”, afirmou.

CÂMERAS

Na falta do efetivo completo, ele destaca que as ações serão focadas no trabalho do serviço de inteligência da PRF. Entre os exemplos, o acompanhamento através de câmeras nas estradas do Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

“Então nossa equipe de inteligência está analisando os veículos que estão vindo que passam pelas câmeras. É algo que tem sido feito e tem surtido efeito”, afirmou.

Ele destacou também que deverá ocorrer mais ações integradas com a Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal.

ANÁLISE

Antônio Carlos Pimentel Mello, é advogado constitucionalista e ex-procurador-geral do Estado

“Depois da Constituição de 88, nunca ocorreu uma intervenção. A regra geral é não haver intervenção. O governo federal deve ter sentido que precisava de algo mais forte. Essa é intervenção que pode ter consequências inimagináveis. O interventor será um militar. Pode ser considerado um ‘exemplo’ para todo o país. É a mesma intervenção que grupos políticos reivindicam em mídias sociais. Está se propiciando uma situação que vai levar a uma ruptura democrática. O Exército não é feito para confronto nas ruas. Ele tem uma missão nobre, que é a de proteger o país. Eles (governos) não sabem o que estão fazendo.”

Joilton Rosa, é professor de Sociologia da Faesa Cariacica

“Existe sempre a preocupação de que uma ação militar gere medo nos grupos criminosos de lá (Rio) e que eles se desloquem para cá. Não existe exemplo no mundo contra a violência que não tenha adotado dois fatores. Um é o preparo e o aparelhamento da segurança pública, com um sistema judiciário mais rápido e severo. Outro é o combate à desigualdade social. Quanto mais desigual a sociedade, maior a violência. Muitas pessoas que entram na violência o fazem por uma necessidade de afirmação social. Não tem o padrão de consumo dito ideal, então o crime é uma porta aberta para isso.”

ESPÍRITO SANTO NÃO ESTÁ EM LISTA DOS ESTADOS EM RISCO

O Espírito Santo não está em nenhuma lista de Estados com problemas de segurança no país, garantiu ontem o secretário de Segurança André Garcia. Na última quinta-feira, o Jornal Nacional exibiu um gráfico onde o território capixaba figurava entre os em maior risco.

Segundo ele, tratou-se de um equívoco. “Conversamos com o secretário Nacional de Segurança Pública, Alexandre Mota, que nos garantiu que esta lista não existe”, relatou. Fato também confirmado pela assessoria do Ministério da Justiça.

NOVO MINISTÉRIO

O secretário, em entrevista à Rádio CBN Vitória, informou ontem que vê com bons olhos a criação de um novo Ministério da Segurança. Mas ressalva que a nova estrutura precisa ter orçamento próprio e ainda vir acompanhada de outras mudanças.

“Precisa ter orçamento para fomentar as politicas públicas e ainda definir, claramente, um plano nacional de segurança pública que seja efetivamente executável”, disse acrescentando que este plano não deve ficar no campo das ideias, mas que tenha objetivos e desdobramentos estratégicos claros.

Garcia pondera que vem sendo discutida a criação de um sistema único de segurança pública – similar ao SUS, da saúde –, que permita à área ter uma destinação definida e clara de recursos e financiamentos. “Além de uma definição clara da responsabilidade de cada ente da federação. E, ainda, que cada um dos demais poderes que fazem parte do sistema de Justiça criminal também elenque a segurança pública como prioridade.“

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O secretário lembra que, em todo o país, mais de 60 mil pessoas foram assassinadas, o que torna a discussão sobre a segurança pública o problema mais urgente. “Estamos em um cenário em que esta discussão, seja da criação de um novo Ministério ou de intervenção em um Estado, surge muito atrasada. É um histórico jogo de empurra-empurra federativo”, destacou.

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