Presentes em 171 pontos de rodovias estaduais, os radares registraram 36 multas a cada hora em 2017. O equipamento no entroncamento na Rodovia Jones dos Santos Neves com a ES 060, é o que tem o maior número de multas proporcional à quantidade de veículos que trafegam na via. Em seguida vem o radar da ES 080, próximo ao trevo XV de Outubro, em Colatina, e um da ES 060, próximo a Comunidade de Portinho, em Piúma.
As informações são do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), que entretanto não revelou a quantidade de autuações por equipamento e nem mesmo o número de veículos passantes por via (veja ranking de radares que mais multaram na página 4). Os dados gerais mostram que as multas aplicadas cresceram em 860% nos últimos quatro anos. Elas foram de 36.942 em 2014 para 317.759 em 2017 a principal infração é excesso de velocidade. Apesar desse aumento, especialistas em trânsito aprovam o uso de radares.
Segundo o diretor do DER-ES, Enio Bergoli, as multas por radares nos 3,6 mil quilômetros de rodovias pavimentadas estão ligadas à imprudência do condutor, ao aumento do fluxo de veículos e, no último ano, à paralisação da Polícia Militar, ocorrida em fevereiro. Por causa da insegurança durante a greve, as pessoas praticaram muito o avanço de sinal. Nós isentamos as multas de 4 a 12 de fevereiro de 2017, disse.
SEGURANÇA
A gerente Simone Raquel de Carvalho, de 35 anos, está recorrendo das quatro multas que recebeu no dia 7 de fevereiro deste ano na rodovia ES 010, na Serra. Ela alega que foi multada pela falta de sinalização. Eu não conhecia a via e não vi os radares. Só fiquei sabendo que tinha o aparelho fixo após receber as multas. Eu recorri de todas e ainda não obtive resposta, relata a moradora da Serra, que veio de Minas Gerais.
O diretor do DER-ES esclarece que todos os radares nas rodovias estaduais são sinalizados e foram colocados nas vias como uma medida extrema para garantir a segurança. O radar só é implantado em vias em que fica comprovada a falta de respeito à sinalização tradicional, pelo número de acidentes com vítima e após o diálogo com a comunidade.
O especialista em trânsito Paulo Lindoso aponta os radares como aliados para evitar a imprudência. A formação do condutor deixa a desejar no Brasil. A pessoa sabe que existe uma placa com limite de velocidade, mas não foi condicionado a respeitar a sinalização. Quando não há esse respeito, o radar se torna um importante elemento de fiscalização para controlar a velocidade dos veículos, diz.
A engenheira de transportes Gesiane Pereira completa que os radares não devem ser vistos como vilões. Em locais em que há a presença desses redutores de velocidade, o índice de acidentes pode cair muito. Os acidentes estão ligados a diversos fatores, por exemplo, a qualidade da via e a imprudência. Mas o aumento do número de multas mostra que as pessoas estão desrespeitando o limite estabelecido. Os radares podem ajudar a evitar o crescimento do número de acidentes.
ANÁLISE
Fiscalizadores são importantes
O trânsito precisa ser fiscalizado em qualquer lugar. No Brasil, os radares são importantes porque os condutores não reduzem a velocidade por perceberem os perigos da via, mas apenas na tentativa de evitar uma multa. Os órgãos responsáveis pela fiscalização poderiam até mesmo colocar um radar a cada quilômetro. No entanto, existem estudos técnicos que determinam tanto a velocidade máxima das vias, quanto a quantidade e a localização dos radares. Os que reclamam dos radares não percebem o quanto o respeito aos limites de velocidade pode evitar acidentes. Isso aliviaria a sobrecarga no sistema de saúde e na previdência social. No Brasil, a cada ano, 47 mil morrem e 500 mil ficam gravemente feridos no trânsito, muitos são precocemente aposentados. Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os radares do tipo fixo precisam estar visíveis. Já para os do tipo estático, móvel e portátil, não há exigência de visibilidade. Desde 2011, a presença dos radares não precisa ser avisada antecipadamente.
Celso Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal do Trânsito
ATÉ R$ 880 EM MULTAS
A multa para o condutor que comete uma infração flagrada por radar pode chegar a R$ 880,81, além da suspensão da carteira de habilitação, segundo o diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), Enio Bergoli.
Ele explicou que as autuações nos equipamentos ocorrem por diversas maneiras: avanço do sinal vermelho, parada sobre a faixa de pedestres e excesso de velocidade. Esta última é responsável por 90% das multas.
As infrações podem ser dos tipos média, grave e gravíssima por exemplo, dependendo de quanto acima da velocidade máxima o condutor for flagrado, a qualificação da autuação muda e a penalidade é mais pesada. Os valores vão de R$ 130,16 a R$ 880,41. Nesta última, a carteira pode ser suspensa.
O diretor do DER-ES acrescentou que, somente em 2017, foi arrecadado por multas em radares de R$ 10 a R$ 11 milhões. O valor foi revertido em ações educativas e segurança na via. No entanto, ele destaca que o radar não é uma receita de lucro, mas uma forma de prevenir acidentes.
É uma maneira drástica de combater a desobediência dos condutores. Se tivéssemos o respeito de todos pelas leis de trânsito, não precisaríamos de radares. O número arrecadado não chega ao valor previsto de investimento para 2018 de R$ 250 milhões, diz
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