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Acusados por reúso de produtos cirúrgicos no ES saem da cadeia

Acusados por reúso de produtos cirúrgicos no ES saem da cadeia

Empresários foram presos durante operação deflagrada pelo Nuroc

Publicado em 23 de março de 2018 às 22:20

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Gustavo Deriz Chagas, Marcos Roberto Khroling e Thiago Waiyn foram presos na operação 'Lama Cirúrgica'. (Reprodução | SESP)

Os empresários Marcos Roberto Khroling Stein e Gustavo Deriz Chagas, presos na primeira fase da Operação Lama Cirúrgica, foram libertados na noite da última quinta-feira (22). Em sua decisão, a juíza Cristina Eller Pimenta Bernardo, da Quarta Vara Criminal da Serra, relata que a prisão preventiva, ocorrida em 16 de janeiro deste ano, estava sendo revogada porque os investigados colaboraram com a investigação, destacando a manifestação da autoridade policial: "Em razão de relevante colaboração prestada pelos investigados, vinculada à produção de provas no bojo das investigações criminais".

O advogado deles, Raphael Câmara, confirmou a soltura dos clientes, alegando que não poderia conceder mais informações porque o processo tramita em segredo de Justiça. Só adiantou que entrou com o pedido para que fossem libertados nesta semana e que agora eles aguardam a decisão do Ministério Público Estadual (MPE) se irá ou não denunciar os investigados. "Meus clientes estão agora se recuperando do abalo emocional do período na prisão e contam com o total apoio da família. Vamos aguardar a conclusão das investigações", relatou.

Documentos obtidos por nossa reportagem revelam que o pedido de liberdade dos investigados foi avaliado pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc) e também pelos promotores públicos, todos favoráveis à suspensão da prisão preventiva. Em função disso a juíza decidiu por liberá-los.

Marcos Roberto e Gustavo foram presos na 1ª fase da Operação Lama Cirúrgica. São apontados como os proprietários da empresa Golden Hospitalar. Eles foram detidos junto do enfermeiro Thiago Waiyn, solto no último dia 21 de fevereiro. Os três são suspeitos de adulterar produtos cirúrgicos na área ortopédica em hospitais privados para obter mais lucro e foram acusados de lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e adulteração de produtos medicinais. O grupo teria reutilizado 2.536 vezes materiais cirúrgicos na área ortopédica de hospitais privados. As investigações são conduzidas pelo Nuroc.

Um relatório técnico da Polícia Civil, produzido no âmbito da Operação Lama Cirúrgica, mostra que ao menos 18 hospitais e planos de saúde do Espírito Santo constavam na lista de “clientes de produtos” da empresa Golden Hospitalar na compra de materiais que, segundo as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não podem ser reutilizados após o primeiro uso.

Considerando nomes de médicos, associações e prestadores de serviços também citados no documento, sobe para 37 os que podem ter sido alvo da organização criminosa, que vendia produtos reprocessados. É possível que ao menos alguns compradores tenham recebido, em vez de novos, equipamentos que deveriam estar no lixo. Até agora, para a polícia, os compradores são vítimas.

De acordo com o relatório policial, 3.376 produtos que não podem ser reprocessados estavam destinados a empresas pela Golden, acusada de reutilizar produtos descartáveis. O relatório técnico foi produzido por meio de um “procedimento de análise das notas fiscais eletrônicas” de saída de mercadorias da empresa.

Na 4ª fase da operação foram detidos, preventivamente, dois ortopedistas: Rodrigo Souza Soares e Marcos Robson de Cássia Alves Júnior. Os dois ainda permanecem presos.

AS ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO

1ª Fase

Foi iniciada em outubro do ano passado. No dia 16 de janeiro deste ano, foram presos os empresários Gustavo Deriz Chagas e Marcos Roberto Krohling Stein, que seriam os donos da Golden Hospitalar, além do enfermeiro Thiago Waiyn (solto em 21 de fevereiro). Acusações - São acusados de lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e adulteração de produtos medicinais. Irregularidades - O grupo teria reutilizado 2.536 vezes materiais cirúrgicos na área ortopédica de hospitais privados. A empresa Esterileto também é investigada, pois teria sido contratada para esterilizar os materiais. Na Golden Hospitalar, foram encontrados os carimbos dos médicos Eduardo Ramalho, Rodrigo Souza e Marcos Robson Alves, além de um receituário em branco assinado pelo médico Nilo Lemos Neto. Todos passaram a ser monitorados.

2ª Fase

No dia 18 de janeiro, o Nuroc cumpriu dois mandados de busca e apreensão na empresa Alfa Medical LTDA, em Bairro de Lourdes, Vitória. O proprietário da empresa teve o passaporte recolhido, ficou proibido de sair do Estado e foi afastado da empresa. Em entrevista preliminar, ele confessou que reprocessou ilegalmente materiais de Saúde entre 2012 e 2016 e que os revendeu para hospitais particulares. Documentos, notas fiscais, computadores e celulares também foram recolhidos. Para o Nuroc, a quadrilha pode ter tentáculos, inclusive, nos Estados Unidos.

3ª Fase

Em 5 de fevereiro, o Nuroc recolheu materiais cirúrgicos que já deveriam ter sido descartados, na empresa Comercial Costa Gomes LTDA, em Jardim América, Cariacica. Documentos digitais também foram recolhidos, mas ninguém foi preso. No entanto, foram essas informações que conduziram os investigadores à quarta etapa da operação.

4ª Fase

No dia 28 de fevereiro, dois ortopedistas foram presos preventivamente pelo Nuroc: Rodrigo Souza Soares e Marcos Robson de Cássia Alves Júnior. Segundo a polícia, Rodrigo não só se beneficiava do esquema de reutilização ilegal de materiais da Golden Hospitalar, como também era sócio da empresa. Já Marcos receberia altas quantias para utilizar os materiais em suas cirurgias. Segundo o Nuroc, mais médicos e empresas podem estar envolvidos nas irregularidades.

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