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Aposentado vai navegar do Espírito Santo até a Venezuela

Aposentado vai navegar do Espírito Santo até a Venezuela

A bordo de uma canoa veleiro, Jackson ainda deve viajar pelo Rio Amazonas

Publicado em 24 de março de 2018 às 01:19

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Aposentadoria não é sinônimo de calmaria, pelo menos para Jackson Rodrigues da Silva, 60. Ele se prepara para embarcar em uma grande aventura: vai viajar em uma embarcação, construída por ele, de Vitória, no Espírito Santo, seguindo por toda a costa do Nordeste e Norte do país, até a Venezuela. Tudo isso para realizar um sonho: fazer a travessia do Rio Orinoco, terceira maior bacia hidrográfica da América, que fica entre a Bolívia e Venezuela.

“Eu vou subir toda a costa do Brasil velejando até Macapá (AP). Atravesso o Rio Amazonas, passo pela Guiana Francesa, Suriname, Guiana e chego na Venezuela no mar do Caribe, no Delta do Rio Orinoco”, explicou o tecnólogo em manutenção industrial aposentado, Jackson Rodrigues da Silva.

Ele calcula fazer a viagem até o Macapá em oito meses, percorrendo, aproximadamente, cinco mil quilômetros pelo mar. Em seguida, ele espera fazer a travessia do Rio Orinoco e seguir até Manaus, passando pelo canal Casiquiare, Rio Negro e Amazonas em um ano e meio, percorrendo mais sete mil quilômetros.

Nascido na cidade de Resplendor, Minas Gerais, a primeira experiência de Jackson num barco foi aos 12 anos, em uma canoa a vela, no Rio Doce. Ele conheceu o mar aos 14 anos, quando estudou na antiga escola técnica, em Vitória, e se apaixonou. Depois, ele morou no Amazonas onde trabalhou e se aposentou. Em 2014, se mudou para Caravelas, na Bahia, para planejar e construir a embarcação.

Canoa veleiro foi construída no quintal de Jackson e custou R$ 4,9 mil. (Ricardo Medeiros - GZ)

O barco, uma canoa veleiro, possui seis metros de comprimento e pesa 500 quilos. Foi construída nos fundos do quintal de sua casa com madeira garapa, compensado naval, resina epóxi e custou R$ 4,9 mil. A embarcação não possui motor e, por isso, Jackson espera os ventos do inverno para começar a aventura.

“Fui pesquisando, conversando com engenheiros navais, observando as embarcações amazônicas e acabei achando a conclusão que poderia ter um misto de embarcação indígena. Então, eu consigo velejar e remar com facilidade na Amazônia”, disse Jackson.

A canoa veleiro é sua nova casa. Nela, Jackson dorme, guarda e prepara seu alimento, como água, ovos, pão e frutas. O café é feito em um fogareiro no barco.

“Só vou precisar comprar comida na fase de oceano. Na selva, não teria muito onde comprar. Devido ao meu treinamento, com um facão, eu tenho água, comida e abrigo”, disse.

Jackson pretende seguir velejando por dois anos e meio. (Ricardo Medeiros - GZ)

MINIENTREVISTA

Jackson se inspira na história do velejador canadense Joshua Slocum, que deu a volta ao mundo em um barco construído por ele. Slocum desapareceu no delta do Rio Orinoco, em 1909.

Quando surgiu a ideia da viagem?

Todo velejador tem como espelho o Joshua Slocum. Com um veleirinho construído no fundo do quintal, em uma época que não existia GPS, ele fez uma volta ao mundo sozinho. Ele tinha um projeto: ir até a Venezuela e subir o Rio Orinoco, mas morreu tentando executar. Resolvi fazer nos moldes de Slocum, porque é muito fácil viajar usando a tecnologia de hoje.

Quanto tempo planejar a viagem?

O projeto é de dois anos e meio. Foi um ano planejando, seis meses construindo no fundo do quintal, e estou há um ano testando.

Tem medo de acontecer alguma coisa?

Não tenho medo. Não sei do que eu teria medo. Já me perguntei várias vezes. Tempestades podem acontecer, naufrágios... As pessoas dizem que tenho muita coragem, não sei se tenho coragem, mas sei que não tenho medo.

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