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Crime na Piedade: grupo pede justiça para caso de irmãos assassinados

Crime na Piedade: grupo pede justiça para caso de irmãos assassinados

Os manifestantes fecharam vias do Centro de Vitória por poucos minutos em pedido de justiça pelo assassinato dos irmãos, que aconteceu na madrugada deste domingo (25)

Publicado em 26 de março de 2018 às 18:22

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Cerca de 30 pessoas participaram de um ato em protesto por conta da morte dos irmãos Ruan Reis e Damião Marcos Reis na tarde desta segunda-feira (26) no Centro de Vitória. Eles foram assassinados com mais de 20 tiros cada um, em Vitória, na madrugada deste domingo (25).

O evento foi convocado pelo Facebook com o nome "Damião, presente! Rhuan, presente!". Os manifestantes percorreram o Centro da Capital, fecharam por alguns instantes a Avenida Jerônimo Monteiro e encerraram o ato em frente ao Palácio Anchieta, onde pediam para conversar com algum representante. Eles não foram atendidos.

O ato estava marcado para acontecer às 13 horas no final da Rua Sete, próximo à Igreja Presbiteriana, e começou por volta das 14 horas. Myrella Froes, de 27 anos e estudante de Direito, conhecia os irmãos e criou o evento no Facebook convocando para o ato.

"Damião e Ruan eram pessoas que não tinham envolvimento nenhum com coisa errada. Eles estavam sempre no meio de projetos sociais, com melhoria para nossa comunidade, pra evitar que criança fosse 'pro lado errado da vida'. Estamos aqui também porque a gente quer um basta na violência e queremos paz na nossa comunidade", desabafou Myrella.

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"Eles não são as primeiras vítimas. Não queremos que eles virem estatísticas. Queremos justiça. Eles deixaram família pra trás, tiveram a vida interrompida", acrescentou Myrella. "Não queremos arquivamento de inquérito só porque eles eram favelados, pretos e pobres, Eles não eram bandidos. Queremos apuração, assim como é feito no caso de gente que tem boa situação financeira", completou a manifestante.

Ana Carolina Souza dos Santos,de 16 anos, é estudante e irmã por parte de pai dos dois jovens assassinados. Ela relata que com já perdeu cinco irmãos para a violência, mas garante que nenhum dos dois assassinados no domingo eram criminosos.

"Isso (o protesto) é para os policiais verem que no morro não tem só bandido, mas tem gente que quer ter um futuro. Duas vítimas que morreram, vítimas de nada. Trabalhadores e sonhadores. Meu irmão era passista e sambava muito bem. O outro também era trabalhador e nunca foi bandido", acrescentou.

O CASO

Dois irmãos de 19 e 22 anos foram assassinados na madrugada deste domingo (25) no Morro da Piedade, no Centro de Vitória, onde moravam. O caso aconteceu por volta de 0h50, quando quatro homens armados, sendo dois com touca ninja e colete, invadiram o quintal da casa dos dois irmãos perguntando "cadê o patrão".

Ruan Reis, 19 anos, respondeu que não sabia quem eles estavam procurando e tentou conversar. Os criminosos, que simulavam ser policiais pelo linguajar, disseram que o jovem deveria sair com eles para conversar e ser revistado. Ruan obedeceu a ordem e saiu com eles de casa.

Ao perceber que o irmão foi abordado, o pedreiro Damião Marcos Reis, de 22 anos, que fazia trabalhos sociais dando aulas de capoeira no Morro da Piedade e era passista da escola de samba Piedade, foi atrás do grupo pedindo que não levassem o irmão. Nesse momento, Damião foi surpreendido por vários disparos.

De acordo com a polícia, foram mais de 60 disparos. A perícia encontrou 22 perfurações no corpo de Ruan e 20 no corpo de Damião. No local foram encontradas mais de 60 cápsulas de calibre 380, .40 e 9mm.

A mãe das vítimas, visivelmente abalada, precisou ser amparada e socorrida para o Pronto-Atendimento da Praia do Suá por parentes e amigos. A família, com muito medo, não quis dar entrevista.

Amigos, que preferiram não se identificar, disseram que os dois irmãos eram boas pessoas, conhecidas pelos projetos sociais e também pela escola de samba. Eles classificaram o crime como "covardia" e não entendem o motivo.

De acordo com a Polícia Militar, nenhum dos dois irmãos tinha passagem. Porém, eles têm um irmão preso por tráfico de drogas e ainda não se sabe se isso tem relação com o duplo homicídio.

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