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Ilha de Trindade torna-se uma das maiores reservas marinhas do mundo

Ilha de Trindade torna-se uma das maiores reservas marinhas do mundo

Arquipélago, que pertence ao Espírito Santo, fica a 1,2 mil quilômetros de Vitória. Para especialistas, trata-se de uma "riqueza"

Publicado em 20 de março de 2018 às 19:00

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Ilha da Trindade, que fica a 1.200 quilômetros de distância de Vitória. (João Luiz Gasparini)

Com a possibilidade de ser a maior reserva marinha do Atlântico, a Ilha de Trindade - que fica a 1.200 quilômetros de Vitória - passará a ser Área de Proteção Ambiental. O decreto, que transforma os arquipélagos de São Pedro e São Paulo, em Pernambuco, e de Trindade e Martim Vaz, no Espírito Santo, nos dois maiores conjuntos de unidades de conservação marinha do país saiu no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (20).

De acordo com a decisão publicada no DOU, duas Áreas de Proteção Ambiental (APA) e dois Monumentos Naturais (Mona) foram criados nas proximidades dos arquipélagos, num total de 92 milhões de hectares, o equivalente às áreas de Minas Gerais e Goiás juntos.

O anúncio da criação do decreto foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, durante o 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília. O ministro ainda falou que o Brasil vai ampliar de 1,5 para 25% na criação das unidades de conservação. "É um salto fundamental para protegermos os nossos oceanos dos riscos da degradação", declarou.

RIQUEZAS DO MAR

Em entrevista ao Gazeta Online, o biólogo João Luiz Gasparini, que faz parte da expedição que estuda as linhas de montanhas submarinas, os montes de corais e a evolução das espécies e populações de peixes desde a costa até a Ilha de Trindade, explicou que a cada mergulho da região, algo novo é descoberto pelos pesquisadores. 

Segundo ele, a velocidade da destruição da região é inversamente proporcional à velocidade de descobertas dos pesquisadores. “Se não protegermos uma boa parte, vamos acabar perdendo antes mesmo de descobrir a riqueza da cordilheira”.

Gasparini explicou que embarcações pesqueiras internacionais são as grandes vilãs da biodiversidade. Segundo ele, esses barcos colocam quilômetros de anzol e pescam todos os tipos de peixes que aparecem pela frente. No entanto, Gasparini alerta que a pesca não pode acontecer em áreas consideradas berçárias como tem acontecido.

“É importante frisar que ao criar uma unidade de conservação não significa que os pescadores não terão onde pescar, mas irá proteger algumas áreas para que tenha peixes em todo o mar. Se a pesca acontecer em todos os lugares, irá acabar com áreas berçárias. Abrolhos, na Bahia, por exemplo, serve como uma exportação de peixe para todo o mar em volta. Se houvesse pesca eminente lá, nossa indústria pesqueira já estaria com muitos prejuízos”, explicou.

A proteção da cordilheira – dona da maior variedade de espécies que vivem em recifes entre todas as ilhas brasileiras – era uma demanda antiga de pesquisadores, que a consideram essencial para a manutenção de estoques pesqueiros em águas vizinhas e um dos melhores laboratórios naturais do mundo. A cadeia ganhou visibilidade global em agosto de 2017, quando um estudo baseado na formação de sua fauna foi capa da revista científica Nature.

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Ilha da Trindade, que fica a 1.200 quilômetros de distância de Vitória. (João Luiz Gasparini)

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