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Novo advogado assume a defesa do policial civil Hilário Frasson

Novo advogado assume a defesa do policial civil Hilário Frasson

Leonardo Gagno leva na bagagem a experiência de atuação em outros casos de destaque ocorridos no Estado

Publicado em 16 de março de 2018 às 09:34

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Leonardo Picoli Gagno, novo advogado de defesa de Hilário Frasson . (Marcelo Prest)

No final da noite desta quinta-feira (15), o advogado Leonardo Gagno assumiu, oficialmente, a defesa do policial civil Hilário Frasson, que é acusado de ser um dos mandantes do assassinato de sua ex-esposa, a médica Milena Gottardi. Gagno vai comunicar o fato no início da tarde desta sexta-feira (16) ao Juizado da 1ª Vara Criminal de Vitória, onde tramita o processo.

Milena foi morta no estacionamento do Hucam, quando deixava o trabalho. Além de Hilário, outras cinco pessoas foram denunciadas pelo crime, incluindo o pai do policial, Esperidião Frasson.

O criminalista que assume a defesa de Hilário leva na bagagem a experiência de atuação em outros casos de destaque ocorridos no Estado. Em um deles, fez a defesa do também policial civil e empresário Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, que foi acusado de ser um dos mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. Ele conseguiu a absolvição do seu cliente por unanimidade do júri.

Leonardo Gagno diz estar convicto de que Hilário é inocente. “Em hipótese nenhuma ele mandaria matar a sua ex-mulher, mãe de suas filhas”, afirma. Na entrevista concedida ao Gazeta Online, ele detalha como será a sua atuação.

Você vai fazer a defesa do policial civil Hilário Frasson?

Sim. Saí do presídio na noite desta quinta-feira (15) já com a procuração do Hilário outorgando todos os poderes para que eu possa defendê-lo. Nesta sexta-feira (16), por volta das 13 horas, vou juntar uma petição, com a procuração, ao processo, assumindo oficialmente a defesa dele.

Você foi procurado pela família?

Havia sido procurado pelo Hilário e estávamos conversando, inicialmente, para contribuir com a defesa dele. Com a saída do Homero Mafra, decidimos que eu assumiria o caso.

Vai fazer também a defesa do pai dele, Esperidião Frasson?

Inicialmente estou só com a defesa do Hilário. Mas estou trabalhando a estratégia para contribuir também com a defesa do pai e, é claro, que nela vou influenciar.

Já leu o processo, tem como fazer uma avaliação inicial?

Ainda não o li todo, só as provas produzidas em juízo. Amanhã (sexta) minha equipe começa a fazer cópia da íntegra do processos. São 9 volumes, 6 anexos e um HD de 60 gigabites com depoimentos gravados. Vamos copiar tudo e mergulhar nos autos.

Pode adiantar uma primeira impressão? O que Hilário alega para você?

Hilário alega inocência. Ele se declara inocente. Em hipótese nenhuma ele mandaria matar a sua ex-mulher, mãe de suas filhas. Hilário tinha um respeito e uma admiração muito grande por Milena. Eles tinham 20 anos de relacionamento. Não existe motivo nenhum que faria Hilário cometer uma atrocidade como esta contra a vida de Milena.

Esta semana foi agendada uma nova audiência. E com a novidade de que terá também uma em Fundão, onde vão ser ouvidas testemunhas de acusação e as de defesa. Pretende pedir ao juiz alguma mudança nas datas?

Teremos no dia 12 a continuidade dos interrogatórios do Hilário, do pai, Esperidião, e dos demais réus. Além da agendada para Fundão. Concordamos com todas. Por nós, as audiências poderiam acontecer até antes. Temos um ritmo de trabalho bem intenso, vamos estudar este processo todo, o mais rápido possível, e queremos esta instrução. Queremos provar que o Hilário e o Esperidião são inocentes. E mais, que a história da acusação é frágil, que existe uma outra história a ser contada para provar a inocência do Hilário.

E em relação às prisões, vai fazer algum recurso? Quando?

Pretendo sim. Assim que identificar os motivos da prisão, com uma leitura atenta do decreto de prisão preventiva, vamos atacá-lo com um Habeas Corpus. o que deverá acontecer ainda este mês, dentro de uns 15 dias.

O que avalia como sendo os pontos mais difíceis de serem vencidos neste processo?

Hoje temos uma prova de acusação fincada na confissão do executor. Uma execução conturbada. Uma confissão conturbada. São três depoimentos prestados por ele com grandes alterações, sempre trazendo uma história nova. Mas sabemos que a confissão é considerada a rainha das provas. E vivemos um momento em que as delações premiadas estão sendo bem valorizadas pela sociedade e pelo Judiciário. Este é um grande problema que vamos enfrentar, no que pese o fato do supremo Tribunal Federal (STF) já ter decidido que uma colaboração, uma confissão, por si só não serve de prova para condenar ninguém. Mas aqui temos um caso de júri, então ela pode servir sim para pronunciar. Mas temos outras questões.

Quais?

Aquelas referentes aos atritos que existiam no relacionamento entre eles. As manifestações de algumas pessoas que conviveram, ainda que superficialmente, com Hilário e que dizem que ele era um homem perigoso, e que se sentiam ameaçadas. Nós vamos desconstruir isso e provar que estas afirmações não são verdadeiras. Hilário é uma pessoa reservada. Milena também era uma pessoa muito reservada. Os últimos dez anos de Hilário foram dedicados ao Poder Judiciário. Às vezes ressaltam muito que ele é policial, mas ele entrou para a polícia há pouco tempo. Antes trabalhava dentro do Poder Judiciário, onde foi assessor de desembargador nos últimos sete a dez anos. Uma pessoa benquista dentro do meio jurídico. Queremos desconstruir esse monstro que foi criado, um super vilão, um cara que maltrata e coage mulheres. É o momento que estamos vivendo no brasil.

Qual?

Estamos vivendo o momento do empoderamento das mulheres, que dominaram a sociedade brasileira. E é um prazer imenso saber disso. Sou inclusive suspeito para falar disso, porque sou casado e tenho três filhas. Eu quero muito ver o sucesso emocional, profissional e social de todas elas. Então, fico feliz com o empoderamento das mulheres. Mas existem alguns desvios que precisam ser tratados, demonstrados, para podermos desconstruir esta imagem ruim que fizeram do Hilário.

Nos depoimentos há informações de que Hilário queria se valer das suas amizades com o Judiciário para ficar impune. É citado até que ele queria que o crime tivesse ocorrido na Serra, onde teria “um juiz amigo”.

Impossível. Quem conhece a Justiça, quem trabalha e atua dentro da Justiça sabe que isto é uma falácia. Não é verdade. Todos sabemos quem é o juiz do tribunal do júri na Serra. No Brasil existe o princípio do juiz natural. É constitucional e nós temos que saber quem é o juiz daquela Vara, para evitar até que um juiz seja nomeado exclusivamente para determinado processo. No caso da Serra, salvo engano, é uma juíza que preside o Tribunal de Júri, e ela não tem nenhum relacionamento com o Hilário, não sofreria influência nenhuma da parte dele. O problema é o momento em que o Hilário vive.

E qual é?

O Hilário se tornou um leproso. Aquele leproso das referências do Evangelho, que eram expulsos dos muros das cidades para viverem fora das cidades como demônios. Nenhum dos amigos quer se aproximar dele. As pessoas elocubram, citam hipóteses porque ele tem um perfil reservado, silencioso, discreto. Ele sempre foi extremamente ligado à família. Era quem buscava e levava as filhas na escola, quase todos os dias. Trabalhava religiosamente cumprindo horários e metas de trabalho. O que fazem é a criação do factóide.

E o fato dele ser ciumento, controlador, como está citado nos depoimentos e relatos até da Milena? Sem contar o fato do pai dele estar envolvido em processos de homicídio.

Estamos diante de um cenário de crime passional, onde o marido é acusado de matar a mulher que já não quer mais viver com ele. Dentro da figura do Direito Penal, este cenário existe há milhares de anos. Naturalmente a acusação já produziu esta prova para tentar demonstrar que o Hilário e este tipo de homem machista, controlador. Mas esta prova vai de encontro à realidade da vida do casal. Olha o que Hilário fez junto com Milena durante a vida. Ele a acompanhou na carreira profissional. Durante um período de dois anos foram viver em São Paulo para que a Milena pudesse estudar e fazer a especialização. Ele abdicou da vida pessoal para que a sua mulher pudesse estudar. Ele valorizou a vida da mulher dele. Dedicava mais tempo para as filhas do que a própria Milena, para que ela pudesse prosperar, ter abundância na vida profissional. São detalhes pequenos que talvez não tenham sido trabalhados, ou melhor, trabalhados no sentido contrário, pela acusação. Mas é o que vamos mostrar daqui pra frente. O Hilário sereno, equilibrado, de bem, que vive dentro das normas sociais, e que ao contrário do que se pinta, não é violento, agressivo, mas uma pessoa voltada para a estrutura familiar para cuidar da família.

Fundão é terra natal de Milena, de Hilário e dos demais réus. Teme a ida dele àquela cidade para a audiência?

Não tenho temor. Confiamos na estrutura da Justiça, mas estou avaliando. Acho que vou pedir a dispensa do Hilário. Ele está bem desgastado física e emocionalmente. Emagreceu muito. E estes traslados são muito desgastantes. Vão todos em um camburão, no calor. Vou pedir a dispensa da presença física deles, mas estarei na audiência para fazer as perguntas.

E o processo administrativo que tramita na corregedoria da Polícia Civil, e que pode culminar na expulsão dele. Você cuida do caso?

Não. Ele tem um advogado constituído para defendê-lo no procedimento administrativo (PAD).

Acha que terá êxito na defesa de Hilário?

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Confiamos na Justiça. Vamos trabalhar com ética e respeitando os princípios morais para realizar a defesa do Hilário com amplitude, e contraditar todas as acusações a ele feitas. Acreditamos que Hilário é inocente. Acreditamos que Milena foi vítima de uma violência horrível. Ela era uma pessoa de bem, honrada, uma médica que contribuía muito para a sociedade capixaba e brasileira. O Hilário está sofrendo muito, não só com a acusação, mas principalmente com a perda da Milena. E é isto que pretendemos demonstrar para a sociedade que vai acompanhar o deslinde deste caso.

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