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Ufes cria disciplina sobre 'Golpe de 2016'

Ufes cria disciplina sobre "Golpe de 2016"

Proposta é "debater democracia" após impeachment de Dilma

Publicado em 3 de março de 2018 às 01:17

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Administração da universidade: na Ufes, oito professores desenvolverão a disciplina polêmica sobre “golpe”. (Fernando Madeira)

A iniciativa de professores de criar uma disciplina sobre o “golpe de 2016” – referente ao impeachment da ex-presidente Dilma Roussef – vem se espalhando por universidades federais e estaduais do país e já chegou ao Espírito Santo. Intitulada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, ela começará a ser ofertada de forma optativa na Ufes este ano e poderá ser assistida por graduandos e pós-graduandos de todos os cursos, além de outros interessados.

O nome da matéria é o mesmo da disciplina idealizada pelo professor Luis Felipe Miguel, da Universidade de Brasília (UnB), cuja proposta é analisar a “agenda de retrocesso” do governo do presidente Michel Temer e os “elementos de fragilidade” do sistema político brasileiro, “que depuseram a presidente Dilma Roussef”.

O programa gerou o descontentamento do Ministro da Educação, Mendonça Filho, que solicitou à Advocacia-Geral da União, ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal uma análise quanto à legalidade do curso, o qual afirma fazer “partidarismo político”. Agora, ele é alvo de um processo aberto pela Comissão de Ética da Presidência, que investigará um possível abuso de autoridade.

MOBILIZAÇÃO

O posicionamento do ministro gerou uma reação em cadeia de outras universidades, que, assim como a Ufes, decidiram adotar a disciplina: Unicamp, USP, as estaduais da Bahia e da Paraíba e as federais de Outro Preto, Sergipe, Rio Grande do Sul, Amazonas, Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Santa Catarina, Recôncavo Baiano e Federal Rural de Roraima.

De acordo com a professora do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais da Ufes, Ana Carolina Galvão Marsiglia, essa é uma forma de enviar um recado ao Ministério da Educação: “Se quiser, terá que perseguir a todos e não fazer uma pessoa de exemplo”, afirma ela, referindo-se ao professor da UnB.

Ana Carolina faz parte do grupo de oito professores de diferentes departamentos (incluindo Educação, História, Arquivologia, Psicologia e Ciências Sociais), que desenvolverão a disciplina na Ufes. Ela está sendo organizada pelo Colegiado de Pedagogia e pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, mas ainda está em fase de planejamento. Mais informações serão repassadas após o dia 15 deste mês.

A professora explica que o objetivo de reunir os pesquisadores é possibilitar aos alunos um amplo estudo do tema. “A disciplina informa e forma para os alunos uma visão de mundo, uma concepção da sociedade e da política”, justifica ela, que pontua: “Não aceitaremos perseguições. A atitude do ministro fere nossa liberdade de cátedra e a autonomia universitária”.

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