Nem bem havia começado o seu plantão na manhã desta quarta-feira (18), uma pediatra foi agredida pela mãe de uma criança durante consulta na unidade de saúde de Maria Ortiz, em Vitória. Socos e puxões de cabelo deixaram a médica no chão. Mas não se trata de um caso isolado de violência. Por semana, 12 médicos sofrem agressões, físicas ou verbais, em postos de saúde e hospitais do Estado.
O levantamento é do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), que aponta maior concentração das ocorrências na Região Metropolitana, onde de três a seis casos são registrados toda semana. O quadro permanece como o de dois anos atrás, quando foi feita outra apuração.
Infelizmente, não há contrapartida dos gestores públicos. Dizem que vão tomar providências, quando provocados pela imprensa, mas nada acontece. E o problema agora está chegando à Capital, apesar de ter uma estrutura nas unidades de saúde organizada, afirma Otto Baptista, presidente do Simes.
PACIENTE
Em depoimento à polícia, a pediatra agredida ontem disse que a mãe, de 23 anos, levou o filho de 6 para atendimento em Maria Ortiz, embora não fosse paciente da unidade. A médica contou que a mulher não tinha prontuário e afirmou ser moradora da Serra.
Segundo a pediatra, a mulher queria encaminhamento para cinco exames e alguns procedimentos, mas foi informada que, para alguns deles, deveria procurar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que contemplaria as necessidades da criança.
Não satisfeita, a mãe se revoltou e começou a xingar a médica e depois partiu para a agressão física, relatou a pediatra. Paciente e outros profissionais da unidade precisaram intervir para conter a agressora. A médica, que trabalha há 24 anos na unidade, caiu no chão e ficou com ferimentos no rosto.
Após a confusão, a mãe da criança foi detida e encaminhada à delegacia, onde prestou depoimento. Ela confessou que perdeu a cabeça e, por isso, agrediu a médica. Após assinar um termo circunstanciado por lesão corporal leve e injúria, foi liberada.
Já a pediatra foi encaminhada ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde fez exames de corpo de delito.
Uma pessoa, que não quis se identificar, afirmou que a mulher agrediu a médica com socos, xingamentos e puxões de cabelo. Foi no primeiro atendimento, entre 7h40 e 8h. Não sei o motivo. As duas foram encaminhadas para a delegacia pela Guarda Municipal. Três viaturas foram à unidade, contou a testemunha.
SITUAÇÕES
O QUE OS PROFISSIONAIS ENFRENTAM
Pacientes armados
Pacientes chegam armados nas unidades de saúde para exigir atendimento para eles ou algum familiar.
Retalização
Por não terem recebido o atendimento que queriam, pacientes quebram vidros e destroem veículos dos profissionais.
Ataques de Gangues
Quando os pacientes atendidos nos hospitais são vítimas de confrontos do tráfico, gangues rivais invadem as unidades atirando para concluir a execução
Ameaças de morte
Alguns pacientes já chegaram a colocar armas em cima da mesa para exigir atestado ou atendimento médico.
Agressão
A insatisfação com a demora no atendimento leva pacientes a agredirem médicos com pontapés, socos e puxões de cabelo. Também são frequentes as agressões verbais, com xingamentos e ameaças.
Quebra-quebra
Com a superlotação das unidades, pacientes se exaltam destruindo cadeiras e equipamentos nas unidades de saúde.
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