> >
Empresários: Fábrica de Ideias não resolve problema

Empresários: Fábrica de Ideias não resolve problema

Novas áreas cedidas pela Prefeitura de Vitória não atendem setor de tecnologia

Publicado em 5 de abril de 2018 às 01:29

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Fábrica de Ideias seria um dos espaços para empresas do setor de tecnologia . (Fernando Madeira | GZ)

A implantação de espaços para as empresas de tecnologia e inovação em Vitória, a chamada Ilha Criativa anunciada na última terça-feira (3) pelo prefeito Luciano Rezende, nem de longe atende os interesses do setor. É o que garantem empresários ouvidos pela reportagem.

As novas áreas oferecidas pelo município – a Fábrica de Ideias e a região do Centro de Vitória – não substituem o Parque Tecnológico, que seria instalado em Goiabeiras. A proposta é considerada “um tapinha nas costas” que não atende às empresas. Na avaliação dos empresários, a criação de uma área exclusiva para este tipo de setor oferece atrativos que vão muito além do espaço físico.

INCENTIVOS

Dentre eles, destaca Evandro Milet, consultor em inovação e comentarista da rádio CBN Vitória, está a criação de uma marca. “Um parque já consolidado vira uma marca. É como uma grife, uma chancela que ajuda as empresas na hora, por exemplo, de disputar concorrências. E quanto mais empresas atrai, mais forte fica a marca”, observa.

Outro ponto importante são os incentivos que uma ZPT (zona de Parque Tecnológico) oferece, como pondera Adriano D’el-Rey, vice-presidente e co-fundador da Inflor. Ele questiona qual a atratividade que este tipo de projeto oferece para empresas como a dele.

“Empresas constituídas precisam de capital, com uma taxa de juros viável ao meu negócio, acesso a recursos especiais por estar em uma ZPT, mão de obra qualificada perto de mim, ter insumos de tecnologia. Dentro de um parque gero valor para a minha cadeia”, pondera.

D’el-Rey vai mais longe ao avaliar que a discussão em torno do Parque Tecnológico carece também de foco. Lembra que o parque de Florianópolis começou com setores específicos, como o aeroespacial, eletrônico e eletromédico. “Porque não começamos com inteligência artificial? Tem que ter um propósito, criar um ambiente propício, uma ZPT. Mas hoje não conseguimos usufruir de nada disso porque o terreno tem dono e o prefeito avalia que estamos precisando apenas de m2 (espaço físico)”, desabafa.

DESÂNIMO

Outro a quem a nova proposta também não agradou é Marcos Martins, da FrameYou. “Não resolve o problema de maneira geral. Pode ajudar a empresas como a minha, uma startup, mas as mais maduras, com infraestrutura, não atende”, relata.

Para Marcos, nada substitui a ambiência, a concentração de empresas do setor em um mesmo espaço físico. “Isto não tem preço. Se a decisão da Câmara de uso misto não for revertida, vou mudar o domicílio fiscal da minha empresa. Não tenho interesse de ficar em Vitória”, acrescentou.

Outro problema do projeto, aponta o presidente da TecVitória, Fábio Oliveira, é que a promessa de ocupação da Fábrica de Ideias não será tão rápida quanto o prometido pelo município, em 90 dias. “A Fábrica de Ideias pode ser interessante, mas porque deixaríamos o nosso atual prédio sem nem saber em que condições a ocupação ocorrerá”, pondera.

E não fica só neste ponto. Fábio relata que o Instituto federal do Espírito Santo (Ifes), a quem o prédio já foi cedido, tem projetos para o local. “Se todos eles forem executados, não haverá espaço para mais empresas”, relata, acrescentando que a TecVitória foi convidada para reunião com o prefeito para ouvir informações sobre o setor e acabou sendo surpreendido com o anúncio. “Minha posição é clara, a peça fundamental para o nosso ecossistema é o Parque Tecnológico, que Vitória precisa, mas que não vamos ter”.

Para o empresário e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Álvaro Abreu, que propôs a criação do parque em 1991, a cidade está pondo em risco o seu futuro.

O VAIVÉM DO PARQUE

PROJETO

 

Cidade

A Prefeitura de Vitória encaminhou o projeto do novo PDU da Cidade, para a Câmara, propondo que na Região de Goiabeiras a Zona de Parque Tecnológico (ZPT) fosse de uso exclusivo para as empresas do setor de tecnologia e inovação.

MUDANÇA

Vereadores

Após longas discussões, vereadores votaram o projeto, no dia 27 do mês passado, com alterações. O uso exclusivo da ZPT caiu. Foi autorizado o chamado uso misto, que permite a construção de residências na região, com algumas restrições.

REVOLTA

 

Empresários

A medida não agradou empresários do setor de tecnologia, que já alertaram que não vão se instalar numa área que não é de uso exclusivo. A principal alegação é de que este setor precisa de um ambiente favorável a troca de conhecimentos que só é viabilizado com a presença de um grande números de empresas da área, o que não seria possível com a construção de casas.

VETO

 

Expectativa

A expectativa é de que o prefeito Luciano Rezende vete as mudanças feitas pela Câmara. Mas o problema é que pode não haver justificativas legais para sua derrubada. Há ainda o fato de que os vereadores podem derrubar o veto.

NOVA

 

Proposta

Em meio a uma discussão de criação do Parque Tecnológico de uso exclusivo que ainda está longe do fim, o prefeito anunciou a criação da Ilha criativa, oferecendo dois novos espaços para o setor: a Fábrica de Ideias, em Jucutuquara, e a região do Centro, com novos incentivos. Proposta que não agradou os empresários do setor.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais