Mais uma vez as estatísticas de violência do Espírito Santo chocam. O Estado é o segundo mais violento para crianças e adolescentes entre zero e 19 anos. Dos homicídios registrados em 2016, 23,8% foram cometidos contra pessoas nesta faixa etária.
Os assassinatos dessa parte da população cresceram 75,29% em 20 anos. Os dados são do observatório da Criança e Adolescente, da Fundação Abrinq.
O levantamento mostra ainda que o Estado tem a maior taxa de homicídio de crianças e adolescentes da Região Sudeste e um dos maiores do Brasil. Segundo o observatório, a taxa de mortalidade de pessoas até 19 anos por arma de fogo por aqui é de 23,7 por 100 mil habitantes, bem maior do que a média brasileira, que é de 15,7.
Apesar de ter registrado aumento nos últimos 20 anos, o Estado teve queda nos números de homicídios de crianças e adolescentes entre os anos de 2014 e 2016.
NEGROS
O levantamento feito pela Abrinq revela também que, nos últimos 20 anos, o número de homicídios entre negros até 19 anos triplicou. O índice não contempla o número de pardos assassinados no mesmo período.
Em 1997 foram registrados 11 homicídios, enquanto em 2016 foram 35 vítimas.
Para Lula Rocha, representante do Movimento Negro Unificado, o dado não é uma surpresa. Infelizmente não é tão surpresa. Esse dado, mais uma vez, mostra o que a gente sente na nossa realidade direta, pontua.
Entretanto, a escalada de assassinatos não foi direta e apresentou momentos de queda ao longo dos 20 anos analisados pela reportagem. De 2014 pra 2015, por exemplo, o número de jovens negros assassinados foi de 28 para 20.
Um dado desse nos dá uma noção de amplitude. Há essa queda, mas o contexto geral confirma a nossa percepção diária, diz Rocha.
QUEDA
O secretário de Segurança Pública do Estado, Coronel Nylton Rodrigues, afirmou que ainda não teve acesso aos dados da Abrinq, mas ressaltou que, em números gerais, o Espírito Santo vem caindo no ranking dos Estados mais violentos - considerando o número total de homicídios.
Em 2009, estávamos em segundo lugar. Hoje, estamos em 13º, disse.
Ele acredita que as mortes de jovens estejam relacionadas ao tráfico de drogas. O coronel ainda afirmou que o projeto Ocupação Social é fundamental, não só na esfera policial, mas também na social com educação e capacitação aos jovens que vivem em áreas com altos índices de homicídios.
(Beatriz Marcarini e Lara Rosado)
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