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Fim da greve? Nem todos os professores retornam ao trabalho em Vitória

Fim da greve? Nem todos os professores retornam ao trabalho em Vitória

Os professores têm uma assembleia marcada para às 9 horas desta terça

Publicado em 24 de abril de 2018 às 11:40

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Professores de Vitória saíram em passeata após a decisão de manter a greve. (Eduardo Dias)

A Prefeitura de Vitória informou que, nesta terça-feira (24), após 30 dias de greve dos professores, as aulas na rede municipal de ensino retornariam ao normal. Entretanto, em uma volta pelas escolas de Vitória é possível constatar que a situação ainda não está completamente normalizada. O fim da greve foi anunciado pela prefeitura na noite desta segunda-feira (23), mas foi negada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes). Os professores têm uma nova assembleia marcada para as 9 horas desta terça.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Alvaro Castro Matos, em Jardim da Penha, por exemplo, os professores grevistas ainda não voltaram ao trabalho. De acordo com uma funcionária da escola, que não quis se identificar, para reduzir o prejuízo aos alunos, os professores que não aderiram à greve têm feito uma espécie de rodízio e cada turma tem ficado sem aulas apenas uma vez por semana. As turmas do EJA, no entanto, não estão tendo aula.

Andre Luis Marangoni, pai de um aluno de 8 anos da escola Éber Louzada, em Jardim da Penha. (Caíque Verli)

Também em Jardim da Penha, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Éber Louzada chegou a colocar um aviso na porta sobre o retorno das aulas, mas o que se vê no local na manhã desta terça-feira (24) são pais ainda com muitas dúvidas e poucos professores na escola.

O recreador Andre Luis Marangoni é pai de um aluno de 8 anos da escola e se mostrou preocupado: "Está retornando de greve e a gente esperava encontrar todos os profissionais da escola, mas ainda não chegaram todos. Não nos informam direito. Vou ficar aguardando aqui para ver o que vai acontecer. Afinal é meu filho, é a vida dele".

O funcionário público Gilmar Gomes, pai de uma menina de 9 anos que estuda na mesma escola, também se mostrou inseguro. "Trouxe a filha porque tinha uma placa na porta da escola avisando do retorno, mas nem todos os professores chegaram", disse.

Gilmar Gomes, funcionário público, pai de aluna da escola Eber Louzada . (Caíque Verli)

SINDICATO NEGA FIM DA GREVE

Em entrevista à Rádio CBN, o representante do Sindiupes, Paulo Loureiro, negou que a greve tenha acabado. Ele chamou de irresponsável e absurda a nota emitida pela prefeitura. “Como que o patrão acaba com a greve dos trabalhadores? Essa decisão será tomada depois da assembleia que vai acontecer às 9h desta terça”, disparou.

O movimento grevista completou 29 dias nesta segunda e parou cerca de 70 escolas na Capital, deixando cerca de 35 mil alunos sem aula. A principal reivindicação dos professores é a reposição de perda inflacionária dos últimos quatro anos, um total aproximado de 28%. 

PONTOS CORTADOS

Com a greve dos professores da rede municipal completando 29 dias nesta segunda-feira (23), a Prefeitura de Vitória cumpriu o comunicado feita na semana passada e cortou o ponto de todos os professores que aderiram ao movimento grevista, que começou no final de março. A alegação da prefeitura para a decisão é o fato da greve ter sido considerada ilegal pela Justiça.

Um dos professores grevistas apresentou à reportagem da CBN Vitória o contracheque dos vencimentos referentes ao mês de abril. O documento mostra que foram contabilizadas 30 faltas para o professor, que recebeu um salário líquido de apenas R$ 508,00. O desconto no salário foi superior a R$ 2 mil reais.

Professores que aderiram ao movimento grevista puderem conferir descontos no contracheque nesta segunda-feira (23). (Eduardo Dias)

O corte de ponto foi interpretado por muitos professores como uma intimidação da prefeitura. Com o corte no salário, muitos professores já decidiram que vão voltar ao trabalho normalmente nesta terça-feira (24), antes da greve ultrapassar os 30 dias, mesmo que as negociações entre o sindicato trabalhista e a prefeitura não tenha chegado ao fim.

"Vi professores chorando hoje, quando viram que o ponto foi cortado e não vão receber o salário completo. É uma situação grave de intimidação. Vamos voltar a trabalhar amanhã (terça-feira), porque não podemos ficar sem receber", explicou a diretora de uma escola, que pediu para não se identificar.

Além do corte no ponto, professores reclamaram que receberam mensagens da prefeitura pelo celular, alertando que novos professores podem ser contratados para ocupar o lugar dos grevistas.

A Prefeitura de Vitória decidiu abrir processo seletivo, em caráter emergencial, para a contratação temporária de professores. A oferta é destinada a profissionais de educação básica nas áreas de Educação Artística, Língua Inglesa e Língua Portuguesa. O edital foi publicado no Diário Oficial do Município na última sexta-feira (20), em uma edição extraordinária.

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Com informações de Caíque Verli

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