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Mais de 300 mil crianças e adolescentes vivem na pobreza no ES

Mais de 300 mil crianças e adolescentes vivem na pobreza no ES

Outras 60 mil crianças e adolescentes vivem em situação ainda pior. Segundo a Fundação Abrinq, elas vivem em famílias em situação de extrema pobreza

Publicado em 25 de abril de 2018 às 00:58

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Mais de 366 mil crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos vivem em situação de pobreza no Espírito Santo, segundo a Fundação Abrinq. A entidade considera nessa categoria aquelas pessoas que vivem em famílias com até meio salário mínimo de rendimento per capta por mês.

Essas crianças representam 38,4% da população em situação de pobreza no Estado. Além disso, outras 60 mil vivem em situação ainda pior. Elas estão em famílias em situação de extrema pobreza, segundo dados da Fundação, ou seja, em que a renda mensal per capta não passa de um quarto do salário mínimo. O dado é de 2015, quando o salário era de R$ 788.

Segundo a doutora em Educação da Ufes e especialista em desigualdade social, infância e educação, Marlene de Fátima Cararo, esses dados são muito expressivos. “Para nós da Educação é dilacerante. Tem crianças que são pobres mas ainda têm referência de moradia, referências familiares. As que nos preocupam mais são aquelas que não têm isso”, afirma.

A educadora se refere às crianças cujas famílias perderam suas casas, que vivem em abrigos ou nas ruas, por exemplo. Ela cita ainda as quilombolas e indígenas.

“Somadas, elas são um grande contingente dentro das escolas. Mas a pobreza tem consequências para elas. As estatísticas mostram que a maioria das crianças com dificuldade de aprendizado vem de famílias pobres”, relata.

A educadora afirma ainda que, com dificuldade de acesso à educação, essas crianças acabam tendo menos oportunidades no futuro.

“São famílias onde muitas vezes só há a presença da mãe e, quando ela precisa trabalhar, a criança fica com um parente ou até sozinha na rua. Isso contribui para a reprovação e, nos anos finais, para o abandono da escola”, diz.

ES TEM 30 MIL ADOLESCENTES FORA DA ESCOLA

O Espírito Santo tem, proporcionalmente, a maior quantidade de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola dentre os Estados da região Sudeste. São quase 30 mil no total, segundo dados da Fundação Abrinq que considera o ano de 2015.

A taxa de adolescentes desta faixa etária sem estudar no Estado é de 16%. O número também é maior que a média nacional, que é de 15%.

“Em geral, a escola é pouco atrativa. A sala de aula é importantíssima, mas não pode haver só aquela perspectiva de sala de aula ‘quadradinha’”, explica a doutora em Educação Marlene de Fátima Cararo.

A pesquisadora afirma que, quanto mais as séries avançam, maior a quantidade de crianças e adolescentes que desistem de estudar. “Eles fazem da primeira a quinta série bem, como mostram as estatísticas. Quanto mais vai avançando, mais vai aumentando a dificuldade e, quando chega no ensino médio, piora tudo”, conta.

Os dados da Abrinq mostram que só 1% dos alunos entre 6 e 14 anos não frequentam a escola.

Ela acredita que é preciso muito investimento financeiro na educação pública, projetos pedagógicos, mais tempo para o professor e proximidade da escola com as famílias e as comunidades para reverter o quadro.

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“Atualmente as escolas não têm nem espaço físico para projetos alternativos”, relata.

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