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Mais de dez anos de descaso em hospital de Vila Velha

Mais de dez anos de descaso em hospital de Vila Velha

Superlotação e outros problemas no Antônio Bezerra de Farias

Publicado em 25 de abril de 2018 às 01:36

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Paciente flagra situação precária do Hospital Antônio Bezerra de Faria, Vila Velha. . (Caio Vitor/CRM - Divulgação)

Infiltração e mofo nas paredes, superlotação, pacientes nos corredores. Essa é a realidade do Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, constatada em uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM) em março. Mas esse quadro não é novidade: desde 2005 a unidade passa por vistorias e, mais de uma década depois, as condições não mudam.

“O que se constatou agora também foi visto no ano passado, no ano retrasado. Esses problemas são uma constância no Bezerra de Faria. Para mim, o hospital precisa ser derrubado. Não adianta ficar fazendo puxadinho porque não vai resolver a situação. É preciso derrubar e fazer outro para atender às demandas da população e oferecer melhores condições para os profissionais trabalharem”, ressalta Carlos Magno Pretti Dalapicola, presidente do CRM-ES.

No relatório da entidade, há várias irregularidades apontadas. Além da superolotação e pacientes nos corredores, o CRM também verificou que a climatização está deficiente em muitos ambientes, que a estrutura está mal conservada (pintura descascada, portas danificadas, buraco no gesso do teto, azulejos quebrados) e, ainda, que havia pacientes precisando de UTI, mas aguardavam em locais inadequados por longo período, até conseguir transferência ou morrer.

GRAVIDADE

“A gravidade, riscos e abandono do local têm sido apontados por este Conselho há pelo menos 13 anos. Parece impossível, mas o fato é que pouco, ou absolutamente nada, mudou. Foram sete relatórios elaborados neste período e todos, apesar de suas especificidades, apontam as mesmas deficiências”, ressalta o CRM, em um dos trechos do relatório.

Na madrugada desta terca-feira (24), numa clara demonstração que esse é um problema crônico, o paciente Caio Vitor fez uma série de imagens de pacientes no hospital. Em tom de desabafo, ele reclama do desrespeito com aqueles que, já em situação de fragilidade, eram atendidos em macas nos corredores e até no chão.

O motorista Expedito Barbosa de Oliveira, 68 anos, acompanhava um amigo da mesma idade que estava internado desde o último dia 16, e sua acomodação era uma cadeira reclinável. Somente ontem, o paciente conseguiu ser levado para um quarto. “A situação é assim mesmo, mas acho que já foi até pior”, avalia.

MP ENTROU COM AÇÃO NA JUSTIÇA PEDINDO SOLUÇÃO

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou, em nota, que solicitou ao CRM a vistoria na unidade. O órgão ajuizou ação civil pública na Justiça do Estado pedindo a solução de diversas irregularidades no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha.

Foram indicados problemas sanitários, estruturais, bem como referentes a recursos humanos e processos de trabalho no local, apontadas em relatórios da Vigilância Sanitária Estadual, Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem e Farmácia e do Corpo de Bombeiros.

A ação ainda tramita. Em relação às irregularidades apontadas em relatórios elaborados pelo Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária Estadual, o Tribunal de Justiça do Estado determinou que fossem sanadas, após recurso do MP.

Também está em curso um procedimento administrativo, segundo o MPES, que busca soluções para a superlotação na unidade. Nos autos desse procedimento, discute-se com outros agentes públicos alternativas para o atendimento, considerando o perfil do hospital e o fluxo para encaminhamento dos pacientes, definidos pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

O OUTRO LADO

 

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A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa, por nota, que ainda não recebeu o relatório do Conselho Regional de Medicina (CRM), mas ressalta que está realizando investimentos em toda a rede. “No Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, já foram realizadas inúmeras melhorias, como a abertura da sala de estabilização, reformas nos banheiros e telhados. A direção está adotando as devidas providências.A população do Noroeste capixaba contará com mais leitos e serviços de saúde na própria região. O Hospital EstadualSilvioAvidos, em Colatina, terá sua capacidade de atendimento dobrada e contará com 280 leitos, sendo 40 de UTI, e uma área construída de 10.000 m²”. Em outro trecho da nota, a Sesa diz que, em 2017, o Espírito Santo foi o Estado que mais investiu em saúde. “Para garantir o atendimento por conta do aumento da demanda devido à migração de usuários dos planos de saúde para o SUS, desde 2015 a Secretaria abriu 470 novos leitos.

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