Diante dos casos frequentes de violência, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) defende que sejam tomadas medidas de segurança para reduzir as ocorrências. Botão de pânico para os profissionais e vigilância armada nas unidades de saúde (postos, pronto-atendimentos, hospitais) já foram propostos.
Para o presidente da entidade, Otto Baptista, as ações poderiam prevenir os episódios de violência que, em sua opinião, muitas vezes são gerados pela falta de estrutura das unidades.
Temos rodado o Estado e não há interesse em melhorar a situação. Na Grande Vitória, 70% delas estão sem a mínima condição de atender a população, revela.
Além disso, Otto Baptista afirma que muitos postos estão em bairros violentos onde poucos médicos se dispõem a trabalhar justamente porque não há segurança. Fico pensando por que os vereadores não criam um para segurança armada nas unidades? E o botão do pânico, uma coisa tão barata, por que ainda não foi oferecido? Será que só vão tomar providência quando um médico morrer?, questiona o presidente do Simes.
O Pronto-Atendimento de Alto Lage, Cariacica, é um desses exemplos de insegurança, onde já houveram casos de agressões a médicos e foi colocado patrulhamento dentro da unidade.
REFLEXOS
O advogado Bruno Toledo, professor universitário e doutorando em política social, observa que a sociedade brasileira vive em um contexto de violência generalizada e isso se reflete em casa, nas ruas, nas escolas e também nos postos de saúde.
Precisamos entender o todo para depois olhar para essa especificidade do serviço público de saúde, que é claramente insuficiente diante da demanda da população. O sistema de saúde é violador de direitos quando nega o acesso, não oferece um atendimento adequado, argumenta.
Há também, segundo ele, uma crescente onda de intolerância e as pessoas não conseguem compreender uma demora ou um não colocado tecnicamente.
Toledo ressalta que nada justifica a violência praticada contra um médico ou outro profissional, até porque também são vítimas desse sistema de saúde que não oferece condições de trabalho, mas que é necessária a compreensão de como se chegou até esse ponto.
Nesse cenário, ele avalia que medidas de segurança não são efetivas para reduzir a violência. Não adianta achar que, ao colocar mais segurança nas unidades, a situação vai se resolver. Nesse caso, estaríamos lidando com a consequência quando, na verdade, precisamos lidar com a causa. Duvido muito que, se tivéssemos um atendimento em saúde nos moldes do que a Constituição prevê, haveria tantos casos de violência.
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