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Alunos da Ufes com mais de 60 anos mostram que diploma não tem idade

Alunos da Ufes com mais de 60 anos mostram que diploma não tem idade

Universitários na terceira idade têm vontade de aprender e são exemplo de coragem

Publicado em 14 de maio de 2018 às 12:24

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Aposentado desde 2012, Carlos Henrique Rabbi, de 62 anos, decidiu fazer o curso de Gemologia e pretende retornar ao mercado. (Vitor Jubini)

Desde março, início do período letivo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a rotina de Margareth Dias dos Santos, de 61 anos, e Carlos Henrique Rabbi, de 62 anos, mudou. Aposentados, fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, e agora são novos alunos da instituição, em Vitória.

Os dois fazem parte de um grupo de sete pessoas com mais de 60 anos que passou no último vestibular da Ufes e mostra que diploma não tem idade.

Margareth está matriculada no curso de graduação de Biblioteconomia, e Carlos Henrique no de Gemologia, que estuda pedras preciosas. Eles não se conhecem, mas têm em comum a vontade de aprender e a coragem de voltar para a sala de aula na terceira idade.

Margareth é administradora aposentada dos Correios. Já estudou Contabilidade e depois Pedagogia à distância, mas nunca exerceu nenhuma das atividades. Moradora da Capital, é divorciada e tem três filhos já crescidos, que são seus grandes apoiadores.

“Achei que meus filhos iriam achar que era besteira, com 60 anos iria fazer o quê? Mas eles adoraram, deram a maior força para eu fazer o Enem. Eles ficam muito orgulhosos. Até os amigos ficaram surpresos quando souberam que eu estava fazendo a prova”, disse.

Para o Enem, Margareth estudou em casa por três meses com apostilas emprestadas por colegas do curso de Francês e provas das edições anteriores. A dificuldade maior durante os estudos foi com as fórmulas de Química e Física.

Margareth Dias dos Santos, 61, voltou à sala de aula para cursar Biblioteconomia. (Marcelo Prest)

A aposentada queria fazer o curso de Psicologia para trabalhar com crianças e jovens, mas com a nota obtida no exame passou para Biblioteconomia, sua segunda opção. Mas ela não reclama, está feliz e é exemplo para os amigos, filhos e colegas de classe.

“É um ato de coragem não por voltar a estudar, e sim por me deparar com situações diferentes. Os alunos da minha sala têm uma faixa etária muito diferente. Os próprios professores estranham. Devem pensar: o que ela vai fazer com 64 anos formada? Mas não estou preocupada com o futuro, quero estudar, quero viver o dia a dia, quero ter uma oportunidade”, afirmou.

NOVA PROFISSÃO 

Carlos Henrique Rabbi está aposentado desde 2012. Trabalhava como mecânico de manutenção industrial. Os estudos sempre estiveram presente em sua rotina. Natural de Baixo Guandu, interior do Espírito Santo, veio para Vitória cursar Gemologia. Mora com a filha de 20 anos que está matriculada no curso de Arquitetura e Urbanismo na mesma universidade. Casado, se encontra com a esposa, que ficou na cidade a trabalho, aos finais de semana.

“Me formei em 1979 em técnico em Mecânica e no início de 2007 em Gestão Ambiental, e agora um novo curso superior. Minha esposa incentiva. Todo mundo ficou surpreso por causa da minha idade”, destacou Carlos Henrique.

A escolha do curso de Gemologia não foi por acaso. Cresceu em uma família em que a mãe era lapidadora de joias e o pai joalheiro, que inclusive mantém uma loja em Baixo Guandu até hoje. Entretanto, nunca trabalhou como eles. Agora, quer terminar o curso e entrar no mercado. “Pretendo dar continuidade aos estudos e entrar no mercado de Gemologia”, disse, confiante.

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Além dos sete alunos com mais de 60 anos, a Ufes informou que outros 159 novos estudantes têm mais de 40 anos de idade e iniciaram o curso de graduação neste ano, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

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