Amilton Sebastião Simmer, 59, passou a vida juntando sonhos e dinheiro. Ao completar 50 anos, se aposentou e começou a realizar o que sempre esperou. Na bagagem, 22 países visitados. Em casa, em Cariacica, um cinema, o CineMilton. Mas é uma sala de respeito, com som e imagem que não deixam a desejar para nenhuma das grandes redes.
Eu sempre tive dois sonhos na vida: conhecer o mundo e ter um cinema. Já conheci 22 países e pretendo ir em mais e tenho minha sala, se gaba.
A paixão pela sétima arte começou quando ele tinha cinco anos e, pela primeira vez, viu um filme ser projetado. Mais tarde, já na adolescência, vendia picolés e engraxava sapatos. O dinheiro que ganhava usava para ir ao cinema. Aos poucos foi montado o acervo de filmes que atualmente ultrapassa a marca de 10 mil títulos.
Ao se aposentar e com a vida estabilizada, decidiu começar a montar um cinema. O jardim da casa virou um prédio de duas salas. Na primeira, um minimuseu que começou a receber peças há três anos. A maioria delas foram arrematadas em leilões feitos pelo Brasil e no mundo. Entre as peças, a mais antiga é uma lanterna mágica antecessora dos aparelhos de projeção de 1880.
Atrás de uma porta preta, fica a grande atração da casa. Uma sala de cinema com mais de dez poltronas, todas reclináveis. Por traz da cortina importada da França fica a tela que só reproduz imagens em blue-ray. O som é de sete saídas, igual aos das salas dos grandes cinemas. No frigobar, refrigerante chocolate e pipoca.
Nunca parei pra somar quanto gastei. Mas cada centavo valeu a pena, afirma o aposentado. No telão, além do clássicos, também rola jogo do time do coração, o Flamengo.
PARA OS CONVIDADOS
A sala de cinema do CineMilton é aberta apenas para pessoas conhecidas do aposentado. Os amigos ligam, reservam e escolhem o filme. Tudo sem custo para os espectadores.
Não rola dinheiro aqui. Meu prazer é passar o filme para as pessoas verem. Não faço conta do que tem no frigobar. Quando tem sessão, nem fico na sala, que é pra deixar as pessoas mais a vontade, explica.
PEÇAS RARAS ATÉ DOS EUA FAZEM PARTE DE MINIMUSEU
Se a sala de cinema é a principal atração e protagonista no CineMilton, o minimuseu é um coadjuvante digno de Oscar. Na coleção, duas máquinas antigas de projeção que vieram de um cinema em Curitiba e uma jukebox que veio dos EUA exclusivamente para o museu.
Na coleção, várias peças raras, entre elas o projetor que, na década de 60, fez Amilton se apaixonar por cinema. Procurei muito até encontrá-lo. Acho que teve uns três donos. Agora é meu, orgulha-se.
No museu, ainda há uma urna de bilhetes e cadeiras que fizeram parte de um cinema dos anos 1950. Nas paredes, cartazes dos filmes preferidos, entre eles, Tubarão e o mais querido, Ben-Hur.
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