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Postos de saúde de Cariacica estão entre os piores da Grande Vitória

Postos de saúde de Cariacica estão entre os piores da Grande Vitória

Situação foi constatada após blitz do Sindicato dos Médicos

Publicado em 17 de maio de 2018 às 01:52

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Policiais no PA do Trevo de Alto Lage: local por vezes é palco de confusões. (Marcelo Prest)

A situação relatada por médicos em Jardim América não é exclusividade do bairro. Postos de saúde em Cariacica estão entre os piores da Grande Vitória. É o que aponta relatório do sindicato da categoria, após blitz no município. Tem até “puxadinho” para atender de maneira improvisada a população.

Conforme os dados da fiscalização do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), o Pronto-Atendimento (PA) de Alto Lage e a unidade de Vila Graúna têm problemas devido à alta demanda e ao reduzido quantitativo de profissionais. Já Nova Canaã e Nova Rosa da Penha I e II estão com a infraestrutura deficitária, enquanto “Santa Luzia é um puxadinho cedido pela igreja do bairro, por iniciativa do próprios moradores.”

“São unidades onde ano após ano a gente passa, faz a fiscalização e nada muda”, ressalta Otto Baptista, presidente do Simes.

Mas, segundo ele, o problema não é restrito a Cariacica. Pelas blitze que a entidade promove é possível afirmar que 70% das unidades de saúde apresentam problemas. Otto Baptista diz que apenas em Vitória há infraestrutura adequada para os profissionais e pacientes.

“De Norte a Sul do Estado, as unidades estão comprometidas em um ou vários itens. Algumas delas são extremamente caóticas, com falta de material básico, estrutura depredada e também com carência de mão de obra. Há gabinetes odontológicos comprometidos e falta até mesmo o mínimo para a coleta de um preventivo ou assistência à gestante”, afirma.

Para Otto Baptista, falta gestão e, principalmente, o mesmo empenho na fiscalização das unidades públicas se comparadas às particulares. “Não olham para o próprio umbigo. Nos consultórios, a fiscalização é ferrenha, inflexível e cada vez com mais exigências, enquanto seu próprio serviço está em completo abandono”, compara.

PRECARIEDADE

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Carlos Magno Pretti Dalapicola, diz que a precariedade no atendimento é observada desde os hospitais até as unidades básicas. Nos hospitais com pronto-socorro, a demanda é alta, faltam leitos e muitas pacientes são atendidos no corredor, como denunciado pelo jornal A GAZETA no mês passado, ao revelar os 10 anos de descaso no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha.

“A situação vai se perpetuando por tanto tempo que o médico vai se cansando, ficando estressado porque não consegue fazer o mínimo pelo seus pacientes”, afirma Carlos Magno.

Nas unidades básicas, ele diz, a fragilidade está na falta de itens básicos, como um abaixador de língua ou aparelho para medir pressão.

Já nos PAs e UPAs, segundo o presidente do CRM, o problema maior são as agressões frequentes aos profissionais, pois são eles que estão na linha de frente das unidades de emergência e recebem toda a revolta da população quando há qualquer dificuldade no atendimento.

A violência contra médicos é uma preocupação constante, a ponto de o CRM decidir organizar uma comissão, junto com o Simes e a Associação Médica do Espírito Santo (Ames), para dar suporte a profissionais que são vítimas ou se sentem ameaçados.

SAIBA MAIS

AS UNIDADES MAIS PROBLEMÁTICAS DE CARIACICA

Alto Lage

Vila Graúna

Sofrem com a alta demanda e a quantidade reduzida de profissionais

Nova Canaã

Nova Rosa da Penha I

Nova Rosa da Penha II

Infraestrutura deficitária

Santa Luzia

Funciona em um espaço improvisado cedido pela igreja do bairro

CONFUSÃO EM POSTOS

OS CASOS

01/04/2018

Por falta de atendimento médico, populares quebraram a recepção do Pronto-Atendimento (PA) do Trevo, em Alto Lage, Cariacica. Cadeiras, computadores, pontos eletrônicos e outros equipamentos foram destruídos. Quatro pediatras deveriam estar de plantão naquela noite, porém, apenas uma médica apareceu para trabalhar. Os outros três apresentaram atestados. Durante o dia, outros médicos fizeram o mesmo.

03/05/2018

Um paciente ficou nervoso com a demora para ser atendido e ameaçou funcionários do PA da Glória, em Vila Velha. Ele foi retirado do local pela polícia à força.

15/05/2018

Uma confusão na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Infantil de Serra-Sede fez o atendimento médico ser interrompido. Isso aconteceu porque uma mãe tentou entrar no local para socorrer o filho que passava mal, mas o segurança não deixou e outros pais se revoltaram.

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