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Que fim levou projeto do 'city tour' com ônibus panorâmico no ES?

Que fim levou projeto do 'city tour' com ônibus panorâmico no ES?

Ônibus foi batizado de Capixaba Bustour; veja projeto e promessas

Publicado em 4 de maio de 2018 às 19:43

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Está marcado para estrear em 31 de maio, no feriado de Corpus Christi, o serviço de ônibus turístico panorâmico em Vitória. Será utilizado um coletivo com capacidade para 49 turistas e com o teto panorâmico, de uma empresa privada. No início do ano passado, já havia a promessa do serviço.

“O ônibus tem um andar só, mas é aberto. Há veículos iguais em serviços em Foz do Iguaçu, Gramado, Balneário Camboriú e Rio de Janeiro”, explica um dos sócios da empresa Capixaba Receptivo, responsável pelo serviço, Gustavo Alves.

O ônibus que vai fazer o city tour da Capital foi batizado de Capixaba Bustour. A empresa informou que um guia estará a bordo fazendo a apresentação da cidade.

Em janeiro de 2017, foi divulgado que o município estudava a implantação de um ônibus de dois andares para o city tour, e que uma empresa já havia se reunido com o prefeito, Luciano Rezende.

Mas de acordo com o presidente da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória (CDV), Leonardo Krohling, o investimento do negócio será de total responsabilidade da empresa, sem qualquer utilização de dinheiro público na manutenção do veículo.

SEM DEFINIÇÃO

A 22 dias do lançamento do serviço, no entanto, a empresa afirma que não definiu o trajeto que será percorrido, quantas paradas serão feitas, nem quanto tempo o passeio vai durar. Segundo Khroling, a informação é de que o roteiro deva começar no Quiosque 1, em Camburi.

Outra questão importante que não foi informada nem pela prefeitura nem pela empresa é o preço que o turista terá que desembolsar para usufruir do passeio.

“Como não temos roteiro definido, não tivemos como calcular o valor ainda, pois ele será calculado também a partir da quilometragem percorrida”, explica Gustavo.

O serviço vai funcionar inicialmente apenas às quartas, sábados e domingos, com uma saída por dia. Segundo Leonardo Krohling, esses dias foram escolhidos para minimizar o impacto do ônibus nas vias públicas da cidade. Contudo, conforme a demanda for aumentando, é possível que passeios sejam realizados em outros dias da semana.

Segundo a empresa, há a possibilidade de o ônibus visitar, além dos pontos turísticos de Vitória, alguns locais em Vila Velha. “Esse ônibus está adequado às legislações dos dois municípios. Pode ser que contemple os dois já nesse inícios, agora no final do mês”, revelou Gustavo.

PROJETO PARADO EM VILA VELHA

O ônibus que transportava turistas para que eles tivessem a oportunidade de visitar os principais pontos turísticos de Vila Velha, projeto que teve início em dezembro do ano passado, está parado e não tem data para voltar a circular. Implantado por uma empresa que disponibiliza o mesmo serviço em Pedra Azul, o veículo personalizado circulou somente durante o verão e foi planejado para atender pessoas que visitavam a cidade canela-verde em busca de conhecer centros históricos e belezas naturais. Durante o trajeto os turistas iam até lugares como Convento da Penha, Morro do Moreno, Farol de Santa Luzia,  Prainha e outros pontos bem frequentados da região. Mas o projeto não avançou, mesmo com a intenção da empresa responsável pelo ônibus.

O ônibus turístico, que transportava em média 15 pessoas por dia e tinha uma passagem que custava R$ 30,00 para maiores de 12 anos e R$ 25,00 para menores, na época, foi visto com bons olhos por incentivadores, governos municipal e estadual e instituições ligadas ao turismo e lazer. Contudo, a manutenção do projeto não foi adiante. E a prefeitura não tem previsão de quando a ação será retomada.

Por meio de sua assessoria de comunicação, a Prefeitura de Vila Velha justificou que o funcionamento do ônibus turístico foi pensado para acontecer apenas de 28 de dezembro de 2017 a 18 de fevereiro deste ano - época em que, por conta do verão, a cidade recebe maior quantidade de turistas. Mas garantiu que está em contato com empresários que se demonstraram interessados em investir no projeto através de uma parceria público privada.

Além disso, a prefeitura afirmou que vem estudando uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação para levar alunos da rede municipal aos pontos turísticos da cidade. Durante o tour, os estudantes receberiam aulas práticas sobre a história e a cultura de Vila Velha. O posicionamento da prefeitura é o mesmo quanto a previsão de início dos trabalhos: "O projeto está em fase de elaboração."

O impasse para que o ônibus volte a circular também está ligado ao pequeno retorno financeiro que o projeto teve. De acordo com a empresária Helina Canal, responsável pela empresa Canal Tures, dona do veículo que levava os turistas, a adesão foi "bastante pequena e muito abaixo do esperado". Ela aponta a falta de um planejamento mais completo para justificar o insucesso do ônibus personalizado.

"Na época a divulgação foi pouca e, na minha opinião, isso foi o que mais atrapalhou. Teve dia que o ônibus transportou duas, três pessoas. Nenhum investimento se sustenta dessa maneira. Para que o ônibus continuasse rodando seria necessário no mínimo 30 pessoas o utilizando diariamente. Algo que deveria ter sido feito era pedir para que os hotéis falassem para os clientes que havia o serviço na cidade, mas isso não foi feito. Também faltou instalar placas informando de forma mais detalhada os pontos de parada", contou Helina Canal.

ANÁLISE

”É preciso ter estratégia”

 Por Arlindo Villaschi, economista

No turismo, o que temos hoje é uma série de iniciativas individuais de micro e pequenas empresas atuando, mas que não potencializa o mercado como poderia. Uma empresa coloca um ônibus, outra propõe passeio de barco. Eu não sou crítico dessas iniciativas, mas elas estão longe de ser suficientes para explorar o potencial turístico do Espírito Santo. É preciso que governos, sociedade civil e empresas pensem: qual é o turismo que queremos? É um turismo de negócios, histórico, de contemplação? É necessária seguir uma linha, ter uma coerência e uma estratégia, pensar o que é melhor para o desenvolvimento do Estado, para a geração de renda.

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