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Grande Vitória tem 11 ataques de cães por dia

Grande Vitória tem 11 ataques de cães por dia

Foram mais de 5 mil casos registrados de 2017 até este mês

Publicado em 2 de junho de 2018 às 00:38

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Por dia, 11 pessoas foram atacadas por cães em um ano e cinco meses na Grande Vitória. São 5.512 registros de janeiro de 2017 até esse mês. A média, contabilizando Vila Velha, Cariacica e Serra pode ser ainda maior, já que a Capital não divulgou dados específicos de ataque de animais. Esse é o risco que está nas ruas e traz o alerta para que os bichos não sejam provocados e que os donos cuidem para que eles estejam sempre de coleira e, se necessário, focinheira.

A Serra é o município com o maior número de casos. O Centro de Vigilância Ambiental em Saúde da cidade registrou 2.163 ataques de cães a pessoas em 2017. Em 2018, até esse mês, foram 520, totalizando 2.683.

Depois está Cariacica, com 1.442 agressões, segundo a Coordenação de Vigilância Ambiental: 991 em 2017 e mais 451 este ano, até a última sexta-feira.

Já Vila Velha teve um total de 1.387 ataques de cachorros, sendo 1.105 no ano passado e mais 282 registros deste ano.

Em Vitória, a contagem divulgada é geral e não detalha a divisão por espécie, sendo identificada apenas como "ataque por animal". Assim, a prefeitura da Capital informou que em 2017 foram notificados 1.684 casos de pessoas agredidas por diversos tipos de bichos. Em 2018, foram 285 até agora.

UTI

Não é difícil encontrar alguém que já tenha sofrido com o avanço de um cão na rua e que tenha sido mordido por ele. Um aposentado, de 76 anos, que pediu para não ser identificado, é uma das pessoas que já sofreu com a situação e acabou indo parar na UTI. Ele mora na Serra e, há pouco mais de um mês, foi atacado por um pitbull.

O idoso contou que estava no quintal de casa quando o cão entrou. O aposentado espantou o animal que, sem resistência, deixou o terreno. "Quatro horas depois saí para pegar meu carro e o cachorro me atacou", lembra

Ao cair, o aposentado sofreu uma pancada que desencadeou uma trombose que acabou evoluindo pra embolia pulmonar. "A mordida nem foi o pior, porque cicatrizou logo. Por causa dos outros problemas que passei dez dias no hospital, sendo sete na UTI", conta.

Aspas de citação

O ideal é não fazer movimentos bruscos, que gerem insegurança no animal. O melhor é passar despercebido

Gustavo Machado Jantorno, veterinário
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DEFESA

O veterinário Gustavo Machado Jantorno explica que um cão pode atacar por vários motivos e todas as raças oferecem esse risco. "As principais motivações para um ataque são medo, territorialidade ou por dominância. Os fatores são muito diferentes, depende muito da situação", pondera.

Por conta disso, é importante que os donos respeitem a necessidade de coleira e focinheira quando estiverem com seus animais na rua.

O veterinários ainda destaca que o animal dá alguns indicativos de que atacará: rabo entre as patas, pelo arrepiado e dentes a mostra. Em uma situação dessas o mais indicado é evitar contato com o animal. "O ideal é não fazer movimentos bruscos que gerem insegurança no animal. O melhor é passar despercebido", aconselha.

APÓS AVANÇO, ELE ANDA COM ESTILETE

O trauma após ter sido atacado por um pitbull foi tão grande que o microempresário Eduardo França do Nascimento, de 64 anos, não sai de casa desarmado. Com a ponta de estilete, ele confeccionou uma arma para revidar o ataque caso algum cão avance para cima dele.

Eduardo e a esposa foram atacados no momento em que saíam de casa, na Praia da Costa, em Vila Velha. A mulher passou primeiro pelo portão, em direção à rua, quando foi surpreendida pelo cão. Ele, que seguia logo atrás, avançou no cachorro para interromper as mordidas. O susto aconteceu há dois anos e meio.

"O cão, de porte grande, era do vizinho e tem um comportamento agressivo. Ele já tinha atacado outras pessoas e outros cachorros. Quando passei pelo portão, o vi grudado na perna da minha mulher. Tive que lutar contra ele com a mão para defendê-la."

"Não sou a favor de arma de fogo, mas agora tenho que usar uma pequena arma branca. Sem ela me sinto desprotegido", explica Eduardo França, que passou a andar com um estilete para se proteger após ser atacado. (Ricardo Medeiros)

Foi quando o irmão de Eduardo, que é vizinho do casal, viu a confusão e com uma ripa de madeira agrediu o cachorro para interromper o ataque. Depois disso, o microempresário só lembra de quando acordou em um hospital, com os dois braços mordidos. Ferida nas pernas e nos pés, a esposa também foi socorrida.

O ataque mudou completamente a vida de Eduardo, que, pelo trauma, não conseguia mais trabalhar. Atualmente precisa tomar remédios para dormir e sente medo quando se depara com qualquer cachorro solto pela rua. "Não sou a favor de arma de fogo, mas agora tenho que usar uma pequena arma branca. Sem ela me sinto desprotegido."

Inconformado, o casal entrou na Justiça contra os donos do cachorro e o processo está em andamento.

Marilene Stange estava com seu poodle no colo quando outro cachorro avançou. “Agora fico sempre com medo. Quando vejo outros cachorros, eu corro”OUTRO ATAQUE

A aposentada Marilene Stange, 62, também foi atacada por um cão. Mas, diferente do cachorro que estava solto na rua quando avançou na esposa de Eduardo, o animal, um bulldog francês, estava preso em uma coleira. O modelo da guia era retrátil, conhecido por ter uma corda que estica.

"O cachorro não se soltou do dono. O dono que deixou ele avançar. Como ele pulou, avançou na minha barriga, rasgou minha blusa e fiquei ferida na barriga."

O caso aconteceu ano passado na Mata da Praia, em Vitória. No colo de Marilene estava o cachorro dela, o Luquinha, um poodle que já tem 16 anos. Ele é cego e não interage mais com os outros cachorros. Para Marilene, o animal avançou para alcançar Luquinha.

"Eu não sabia se o cão que me atacou era vacinado. Tive que ir no posto de saúde tomar vacina. Agora fico sempre com medo. Quando vejo outros cachorros, eu corro."

LEGISLAÇÃO: CONDUTA DE ANIMAIS NAS RUAS

O que diz a legislação dos municípios da Grande Vitória sobre como animais devem ser conduzidos nas ruas:

Vitória

Todo animal ao ser conduzido em vias públicas deve usar coleiras e guias adequadas ao seu tamanho e porte, além de ser conduzido por pessoa com idade e força suficiente para controlar os movimentos do animal. Além disso, a lei determina multa de R$100 para o proprietário do bicho em caso de descumprimento.

Vila Velha

O trânsito de animais só é admitido se o animal estiver com coleira de identificação, acompanhado de pessoa maior de 16 anos e com guia. Bichos de grande porte devem usar focinheira. Em caso de descumprimento, a punição é multa.

Cariacica

Para transitar, os animais devem estar vacinados, de coleira e identificados, conduzidos por responsável com idade superior a 16 anos e com força suficiente para controlar os movimentos do animal, através de alça de guia. Animais de grande porte deverão usar focinheira.

Serra

O Código de Posturas da Serra proíbe a permanência de animais soltos em áreas externas. Os animais devem ser conduzidos em coleiras e não podem oferecer riscos.

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