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Igrejas não têm grande impacto social na Grande São Pedro, diz estudo

Igrejas não têm grande impacto social na Grande São Pedro, diz estudo

Pastores defendem que templos acolhem pessoas marginalizadas

Publicado em 9 de junho de 2018 às 22:15

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Carlos Eduardo abriu o Ponto de Oração em Busca da Dracma perdida há um mês na Serafim Derenzi. (Fernando MAdeira)

Apesar de as igrejas estarem em grande quantidade na Rodovia Serafim Derenzi, em Vitória, um estudo aponta que elas não trazem mudanças sociais concretas e possuem pouco envolvimento social com as comunidades ao redor.

O levantamento foi feito por um grupo de pesquisadores da Cátedra de Teologia e Estudos da Religião da Faculdade Unida, de Vitória, que realizou entrevistas com fiéis e pastores.

"A gente percebeu que há igrejas da mesma denominação muito próximas umas das outras, disputando essas pessoas, mas não levando a sério o problema da violência, do desemprego. Muito mais oferecendo uma vida espiritual", explicou a professora doutora em Teologia, Claudete Beise Ulrich.

Pastores defendem que as denominações têm sim um papel social quando acolhem aqueles que muitas vezes são marginalizados.

Fiel da Igreja do Evangelho Quadrangular, Juscelina Silva de Jesus diz que a Rodovia Serafim Derenzi é um “lugar de toda fé”. (Fernando Madeira)

O apóstolo da Igreja Casa de Oração do Avivamento Marcus Ueslei acredita que se houvesse unidade entre as denominações, ou seja, se elas trabalhassem juntas em prol das mudanças sociais, isso seria mais visível.

"Mas, se for olhar para quem está dentro da igreja hoje, já existe esse lado social. Muitos fiéis são pessoas que estavam se prostituindo, se drogando, com alcoolismo", defende.

O pastor da Assembleia de Deus Benhur Castelo corrobora o discurso, e conta que a comunidade entrega cestas básicas.

Para ele, a grande quantidade de igrejas é reflexo da multiplicidade de ideias que existem na sociedade hoje e isso pode funcionar também como uma mudança na realidade. "Não vejo problema de ter vários templos na região, desde que a proposta seja o evangelho transformador do cristianismo."

Por outro lado, a pesquisadora Claudete Beise Ulrich diz que essas mudanças ficam restritas ao individual. Ela explica que são importantes novas opções de ocupação, por exemplo. "A igreja pode suprir o lado espiritual, mas poderia entrar em conjunto com o poder público para promover ações."

ABRE E FECHA

A pesquisadora destaca ainda a frequência com que igrejas abrem e fecham portas na região. O Ponto de Oração em Busca da Dracma Perdida, localizado em uma rua paralela à Serafim Derenzi, por exemplo, está lá há apenas um mês. Ele foi aberto pelo pastor Carlos Eduardo Virgílio após outra denominação encerrar suas atividades no local. "Resolvi abrir porque a obra não pode parar. Há muitas pessoas que necessitam de ajuda espiritual", justificou.

Para o apóstolo da Casa de Oração do Avivamento Marcus Ueslei de Souza, a igreja ajuda na recuperação social dos fiéis. (Fernando Madeira)

REINVENÇÃO PENSANDO NOS JOVENS E NO FUTURO

O futuro de toda fé na Serafim Derenzi se mostra forte. Igrejas surgiram, e outras tiveram sua organização modificada, como a Casa de Oração do Avivamento em Nova Palestina (Coanp), que tem 20 anos, mas há seis, apresenta um novo modelo de celebração que atrai os fiéis mais jovens. Cerca de 800 pessoas participam do culto de domingo à noite.

"Na igreja avivada, você tem música e mais artes. A igreja tradicional se fecha para isso", explicou o apóstolo Marcus Ueslei de Souza, líder da Coanp.

Ainda segundo o apóstolo, a juventude foi fundamental para o avivamento. "Esses jovens foram trazendo seus pais", disse.

Assim como a Coanp, igrejas antigas vêm mudando o discurso e trabalhando questões de motivação por exemplo.

Na primeira igrejas da Assembleia de Deus de São Pedro, o jovem estudante de Direito e morador de São Pedro, Luiz Claudio da Silva Júnior, de 25 anos, é exemplo. "Comecei a frequentar a igreja no fim de 2009, e existiu a possibilidade de seguir outros caminhos. Não sabia o que queria da vida. Até tinha alguns sonhos, mas não pensava em como realizar. Foi aí que a igreja como instituição me ensinou exercitar minha fé", disse.

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