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Morre Eliezer Batista, presidente da Vale que projetou Tubarão

Morre Eliezer Batista, presidente da Vale que projetou Tubarão

Eliezer Batista assumiu a presidência da então estatal Companhia Vale do Rio Doce a convite do presidente Jânio Quadros em 1961

Publicado em 19 de junho de 2018 às 00:41

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Eliezer Batista faleceu nesta segunda-feira (18). (Flickr/FGV)

O ex-presidente da Vale e ex-ministro de Minas e Energia Eliezer Batista morreu nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro aos 94 anos. A causa da morte não foi confirmada. Eliezer Batista, pai de Eike Batista, tinha uma profunda relação com o Espírito Santo. Foi ele que, no início dos anos 60, enquanto presidente da estatal Vale do Rio Doce, projetou o Porto de Tubarão, um importante vetor do desenvolvimento industrial capixaba, consolidado nas décadas seguintes.

Seu Eliezer, como era conhecido, também gostava muito da região de Pedra Azul. "Aqui tem clima sadio, águas puras, sadias, noites frias. No verão as noites mais quentes são abaixo de 20 graus e isso não é hostil à atividade do homem. Decidi fincar pé aqui. Vou deixar minha ossada aqui", disse em entrevista ao jornal A Gazeta, em maio de 2006.

Eliezer Batista assumiu a presidência da então estatal Companhia Vale do Rio Doce a convite do presidente Jânio Quadros em 1961. Começava ali a administração daquele que é considerado o grande responsável por transformar a mineradora em uma das maiores empresas do mundo no setor. Nascido na cidade mineira de Nova Era, em 1924, apostou na demanda das siderúrgicas japonesas pelo minério de ferro brasileiro na década de 1960. Com sua visão empresarial, uniu o útil ao agradável ao criar uma forma de exportar o minério produzido pela empresa brasileira no Japão a preços competitivos como as mineradoras australianas, utilizando exportações a partir do porto de Tubarão no Espírito Santo. Para tanto, realizou mais de 170 visitas ao país asiático para fechar os acordos necessários.

Eliezer ao lado do filho Eike Batista. (Reprodução/Facebook)

O sucesso na Vale levou o engenheiro formado na Universidade do Paraná ao Ministério de Minas e Energia, já no governo João Goulart, que governava sob o parlamentarismo adotado depois da renúncia de Jânio. Em 1963, com o presidencialismo retomado, Jango o manteve à frente do ministério e do comando da Vale, onde permaneceria até 1964, quando foi afastado pelo governo militar. 

Foi então nomeado, já em maio de 1968, diretor-presidente da Minerações Brasileiras Reunidas e logo depois, em junho, foi para Nova York para assumir a vice-presidência da Itabira International Company. Entre outubro de 1968 e junho de 1974 foi diretor da Itabira Eisenerz GMPH, com sede em Dusseldorf. Nesse período, também foi presidente da Rio Doce Internacional, subsidiária da Vale com sede em Bruxelas.

Em março de 1979, no governo do presidente João Figueiredo, voltou à presidência da Vale do Rio Doce, afastando-se da Rio Doce Internacional. A meta do último governo militar era que a empresa tivesse foco no minério de ferro e em Carajás, jazida descoberta alguns anos antes no Pará. O Projeto Ferro Carajás representou a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral do local, com as exportações começando em 1985, com a inauguração da Estrada de Ferro Carajás, com 892 quilômetros de extensão e com a utilização de um porto de águas profundas em São Luís do Maranhão.

Em 1992, Eliezer assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) no governo de Fernando Collor de Mello. Na época, desvinculou a SAE das atribuições anteriormente exercidas pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). Sob sua gestão na SAE, um estudo apontou a necessidade de construção do gasoduto Brasil-Bolívia, produto de um protocolo de intenções entre os governos de Brasil e Bolívia e posteriormente construído já no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Nos anos mais recentes, voltou à cena com a carreira de sucesso de um dos sete filhos que teve com a alemã Juta Fuhrken, o empresário Eike Batista. Alçado ao posto de homem mais rico do Brasil e um dos mais ricos do mundo, Eike foi dono de empresas de petróleo, mineração, logística e construção naval, todas de capital aberto e que juntas formaram o que se convencionou chamar de Grupo X. No auge do sucesso, Eike não poupou elogios a Eliezer, citado sempre como grande exemplo de empresário e homem de negócios com visão de longo prazo. Mesmo com a derrocada de Eike nos negócios, o prestígio de Eliezer seguiu intocado no mundo empresarial.

PAIXÃO POR PEDRA AZUL 

Eliezer Batista, em uma passagem pelo Espírito Santo em 2006, declarou abertamente que amava a região de Pedra Azul, onde a família possuía propriedade. Em entrevista ao jornal A Gazeta, ele elogiou o clima da cidade capixaba.

"Aqui tem clima sadio, águas puras, sadias, noites frias. No verão as noites mais quentes são abaixo de 20 graus e isso não é hostil à atividade do homem. Temos árvores brasileiras junto com as melhores árvores da Europa. Decidi fincar pé aqui. Vou deixar minha ossada aqui. Gosto daqui, gosto da população, tenho uma vida sadia e não quero mais nada do que isso", comentou Elizer, à época.

 LUTO OFICIAL NO ES

 

O governador Paulo Hartung lamentou a morte do ex-ministro Eliezer Batista e disse que o Brasil perde um homem brilhante e visionário. “O ex-ministro fez parte de uma geração visionária no país. Como presidente da Vale do Rio do Doce, comandou a criação do porto de águas profundas no Espírito Santo, em Tubarão, inaugurando a logística necessária para a exportação do minério de ferro no país. Um passo importantíssimo para o desenvolvimento do Estado. Doutor Eliezer tinha também um olhar estratégico sobre as potencialidades de cada região e sempre demonstrou um enorme carinho por Pedra Azul, sendo um dos padrinhos do crescimento e da valorização do turismo no local.” Hartung decretou luto oficial de três dias no Estado em função do falecimento.

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