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Profissionais são afastados do Dório Silva por furto de medicamentos

Profissionais são afastados do Dório Silva por furto de medicamentos

Segundo o secretário Ricardo Oliveira, da Sesa, remédios que sobravam do CTI não eram devolvidos à farmácia do hospital, mas subtraídos por técnicos de enfermagem e enfermeiros

Publicado em 5 de junho de 2018 às 14:13

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Desvio de medicamentos ocorreram no Hospital Dório Silva, na Serra. (Edson Chagas/Arquivo)

Sessenta e um funcionários do Hospital Dório Silva, na Serra, foram afastados por furtarem medicamentos utilizados, principalmente, no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI). Segundo o secretário de Estado da Saúde (Sesa), Ricardo de Oliveira, os remédios que sobravam do CTI não eram devolvidos à farmácia do hospital, mas subtraídos por técnicos de enfermagem e enfermeiros.

Em abril deste ano, a Sesa recebeu uma denúncia sobre o desvio de medicamentos. A partir daí, a secretaria formou uma comissão para averiguar o que estava acontecendo. A denúncia foi confirmada e, em maio, o caso foi encaminhado à Polícia Civil. 

Nesta segunda-feira (04) foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão nas casas dessas pessoas na Grande Vitória e em Colatina, no Noroeste do Estado. Também foi realizada uma vistoria interna nos armários de funcionários do Dório Silva.

A Operação foi batizada de Melman, em referência à girafa personagem do filme Madagascar que era hipocondríaca e gostava de remédios.

O QUE SE SABE ATÉ AGORA

Segundo Ricardo Oliveira, a maioria dos casos aconteciam nos CTIs. Os medicamentos solicitados acabavam sobrando e eram furtados por esses funcionários, dois enfermeiros e o restante, na maioria, técnicos de enfermagem.

“Quando a pessoa que recebe o medicamento tem alta ou morre o que tem que acontecer com o excedente (remédio que sobra)? Tem que ser devolvido para a farmácia, mas isso não acontecia. Ficava guardado ali”, explicou.

O secretário não detalhou, mas disse que existe um controle semanal, que ficou mais rígido com o caso relatado no Hospital Dório Silva.

FINALIDADE AINDA DESCONHECIDA

Segundo a titular da Delegacia Especializada de Crimes contra a Administração Pública (Decap), Michelle Meira, ainda não se sabe a motivação dos desvios ocorrerem, se para algum tipo de uso ou para revenda.

“Os medicamentos que estavam dentro do armário a gente não tem o que contestar. No geral há um procedimento. São medicamentos fracionados, colocados em uma embalagem e etiquetados. A comprovação está bem clara”, destacou a delegada.

"É um caso que ainda está sob investigação. Sessenta e um funcionários públicos participaram desses desvios e dessas subtrações", afirmou o secretário de Estado de Segurança Pública, Nylton Rodrigues, que completou: "o caso é deplorável e desonroso". Assista à coletiva completa abaixo:

IDENTIFICAÇÃO

Todos os medicamentos encontrados nesta segunda-feira serão levados para o hospital para a devida contagem e identificação, já que a unidade tem o número dos lotes dos remédios.

Além de vários sacos de remédios também foram encontrados outros materiais hospitalares, como curativos - gaze e esparadrapo, por exemplo.

O QUE ACONTECE COM OS AFASTADOS?

São sessenta e um envolvidos no total. Alguns funcionários foram conduzidos à delegacia e prestaram depoimento, mas ninguém ficou preso. Na Grande Vitória, os medicamentos foram encontrados além do hospital da Serra, em Cariacica, Viana e Guarapari. A partir de agora, começa a fase de interrogatórios da investigação.

Enquanto são investigados todos os servidores públicos foram afastados de seus cargos. Entre eles estão 51 profissionais por designação temporária e outros 10 efetivos. Todos - além dos crimes - vão responder em processos administrativos e podem ser demitidos efetivamente.

O secretário de Estado da Saúde afirmou que um processo seletivo está em aberto para contratar novos funcionários para substituir os afastados e não prejudicar os atendimentos no hospital. Ricardo Oliveira destacou que a Sesa reforçou seus controles internos para evitar que casos como esse se repitam.

CRIME DE PECULATO E TRÁFICO

Todos irão responder pelo crime de peculato, que consiste na subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro público ou de coisa móvel apreciável, para proveito próprio ou alheio, por funcionário público que os administra ou guarda. A pena para o crime varia de 2 a 12 anos.

Além do crime de peculato, os funcionários que foram encontrados com medicamentos inclusos na Portaria 344 da Anvisa, que são considerados psicotrópicos, vão responder também por tráfico de drogas, com pena de reclusão de 5 a 15 anos.

ENTENDA O CASO 

Como acontecia?

Técnicos de enfermagem e enfermeiros do Hospital Dório Silva subtraíam medicamentos que não eram utilizados em alguns procedimentos, como nos Centros de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI)

Qual o nome da operação?

A Operação foi batizada de Melman, em referência à girafa de Madagascar que era hipocondríaca e gostava de remédios.

Como a Polícia Civil chegou à situação?

Uma denúncia foi relatada à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que buscou confirmar o desvio de medicamentos e levou o caso até a Polícia Civil.

Qual a finalidade do desvio?

A finalidade ainda é investigada pela Polícia Civil e não se sabe se os medicamentos teriam algum uso ou se seriam revendidos clandestinamente.

Qual a quantidade encontrada de medicamentos?

Ainda não foi informada a quantidade de medicamentos desviados, mas vários sacos foram recuperados.

Onde foram encontrados os medicamentos?

Os medicamentos foram encontrados nas casas de 36 funcionários do Dório Silva, além dos armários de diversos outros funcionários.

Como será a punição por enquanto e quais crimes podem responder?

10 funcionários efetivos e outros 51 foram afastados e os cargos serão repostos em breve, segundo a Sesa. Eles podem ser demitidos de vez e criminalmente responder por peculato e tráfico de drogas.

O que acontece com os medicamentos?

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Parte desses medicamentos poderá ser reutilizada, segundo o secretário Ricardo Oliveira, desde que não estejam fora do prazo de validade.

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