Mesmo depois de dois anos do desabamento da área de lazer do condomínio Grand Parc Residencial, na Enseada do Suá, em Vitória, a investigação para descobrir os culpados da tragédia ainda não foi concluída. Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas quando a área desmoronou sobre a garagem. Trezentos veículos foram esmagados e as três torres de apartamentos foram interditadas. A previsão é de que os moradores voltem ao local em um ano.
O inquérito policial já foi concluído e encaminhado à Justiça, segundo a Polícia Civil. No entanto, de acordo com a PC, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) requisitou outras diligências e, por isso, a investigação segue em andamento.
Procurado na tarde de quarta-feira (18), o MPES não informou o que falta para a conclusão da investigação. Em janeiro, o órgão disse, por meio de nota, que a diligência requerida no inquérito policial ainda se encontrava em cumprimento para reunir elementos probatórios necessários para apontar a autoria..
Apesar da investigação ainda não ter um desfecho, um laudo da perícia da Polícia Civil apontou como a causa da tragédia as condições precárias da laje e a sua montagem fora do padrão técnico. A GAZETA teve acesso ao documento em abril do ano passado. Ele diz que foi entregue um produto (construção) de baixíssima qualidade e que o empreendimento tinha erros grosseiros na montagem da estrutura. Segundo o laudo, metade das armaduras e os cabos que dão sustentação à laje foram colocados incorretamente.
Mesmo sem a conclusão das investigações, em julho do ano passado a Construtora Cyrela foi autorizada a iniciar as obras de recuperação do empreendimento. O alvará de execução para reconstruir a estrutura foi liberado pela Prefeitura de Vitória, que também aprovou a reforma para novas modificações no condomínio.
Segundo a construtora Cyrela, reponsável pelo empreendimento, 96% dos moradores firmaram acordos para serem indenizadas. Segundo o porta-voz do Comitê de Gestão de Crise do condomínio, José Gama de Christo, não é permitido divulgar os valores recebidos.
Ainda de acordo com a construtora, a entrega da obra está prevista para julho do ano que vem e o andamento da revitalização está acontecendo dentro do cronograma. A informação foi confirmada por Christo, que acrescentou que uma comissão do condomínio acompanha as intervenções semanalmente.
De acordo com Christo, os moradores aguardam ansiosamente pelo retorno. Já passamos por dois anos depois, agora temos somente um pela frente diz.
RELEMBRE A TRAGÉDIA
Grand parc
O caso
Desabamento
Após estalos na piscina, a área de lazer do condomínio Grand Parc desabou na madrugada do dia 19 de julho de 2016.
Morte
O porteiro do prédio Dejair das Neves morreu e outras quatro pessoas ficaram feridas. A família de Dejair entrou na Justiça pedindo danos morais e materiais.
Interdição
Assim que aconteceu o desabamento, moradores saíram de suas casas. Foi permitido que eles retornassem para buscar objetos pessoais. Após isso, o local foi interditado.
Laudo
Um laudo da Polícia Civil apontou que foi entregue um produto (construção) de baixíssima qualidade e que o prédio tinha erros grosseiros na estrutura.
Inquérito
A PC informou que o inquérito já foi concluído e enviado à Justiça, mas o Ministério Público do Estado (MPES) pediu outras diligências.
Indenizações
Os moradores firmaram no mês de junho do ano passado um acordo para recebimento de indenizações com a Cyrela, construtora responsável pelo imóvel.
Retorno
A entrega da obra está prevista para julho de 2019.
O que falta
Segundo o porta-voz dos moradores, José Gama de Christo, falta concluir a obra da fachada e a parte de acabamento, instalação e revestimento.
O que já foi feito
Toda a parte de fundação e alvenaria que desmoronou já foi concluída, segundo Christo.
Família de porteiro briga por indenização
O porteiro do Grand Parc, Dejair das Neves, de 47 anos, morreu após ter sido atingido pelo desabamento. A família dele ainda trava na Justiça uma luta por danos morais e materiais.
Entrei na Justiça porque tinha muita coisa errada naquele prédio., disse o irmão de Dejair, o açougueiro Jurandir das Neves.
O advogado de Jurandir, Pedro Fraga, explica que três ações foram movidas por familiares do porteiro. Uma pelos irmãos e uma filha, outra por dois filhos e a ex-esposa e uma por uma mulher, que tenta comprovar união estável.
De acordo com Fraga, o processo ainda está caminhando a passos lentos porque ainda falta o laudo da Defesa Civil de Vitória. No entanto, o órgão informou que na ocasião da tragédia foi elaborado um laudo, que foi encaminhado à Justiça por meio da Procuradoria-Geral do município.
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