Referência em pesquisas com macacos, o diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma) e professor da Ufes, Sergio Lucena, pretende colocar o Espírito Santo como protagonista no país na área ambiental. Nessa história, ele também não é coadjuvante e conta um pouco de seu trabalho pela preservação da natureza.
Essa perspectiva de Lucena se dá pelo fato de o Inma estar situado no Estado o instituto foi criado pelo governo federal a partir do Museu Mello Leitão, em Santa Teresa e o sonho do professor é transformá-lo em um órgão de impacto internacional. O instituto foi criado com uma missão ainda maior do que tinha o museu, de contribuir para a conservação da mata, e penso que isso é um grande ganho para o Estado, avalia.
Envolvido com a Mata Atlântica há mais de três décadas, num trabalho acompanhado por A GAZETA ao longo dos anos, o professor assumiu em 2017 a direção do Inma e vislumbra o Espírito Santo com um papel de mais destaque.
Penso que, agora, o Estado tem a oportunidade de ser protagonista na área. Temos que dar o exemplo. Se nos unirmos em diferentes instituições em torno de grandes temas como esse, teremos a chance de ser referência para o país, argumenta Lucena, totalmente no espírito do projeto Somos Capixabas, cuja proposta é valorizar as pessoas e a identidade do Estado.
Lucena cita recente articulação, que envolveu a academia e órgãos públicos, em busca de solução para o surto de febre amarela em 2017. Naquele momento, foram discutidas ações em conjunto para conter o avanço da doença e, para o professor, os organismos no Espírito Santo têm essa capacidade de se juntar em favor de uma causa.
A propósito, ele continua a conduzir pesquisas sobre a febre amarela. Após finalizar a parte emergencial do estudo de acompanhar a epidemia no Estado, agora a atuação do professor é resgatar pontos onde macacos morreram. Além disso, estamos terminando o trabalho de necropsia de macacos que coletamos para checar casos que ficaram duvidosos, nos certificar se a morte foi mesmo por febre amarela, e a própria evolução do vírus, contou.
Ainda na área de pesquisa, estão sendo feitas análises espaciais para identificar como a doença se espalhou, e se a dispersão aconteceu apenas pela paisagem ou se teve participação humana.
Questionado sobre a finalidade de todo esse trabalho, o professor destaca que o foco principal são os primatas. Embora a febre amarela seja uma doença séria do ponto de vista de saúde pública, nosso foco é a proteção dos macacos que foram drasticamente afetados pela virose. Isso é um desastre ecológico e precisamos entender melhor como avançou para tomarmos medidas preventivas.
A intenção é evitar a extinção de espécies, que localmente já foi registrada em Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá e Santa Teresa após o surto da febre, e buscar alternativas para repovoação dessas localidades. A extinção local, explica Lucena, é o primeiro passo para a extinção global.
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A intenção é evitar a extinção de espécies, que localmente já foi registrada em Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá e Santa Teresa após o surto da febre, e buscar alternativas para repovoação dessas localidades. A extinção local, explica Lucena, é o primeiro passo para a extinção global.
No Espírito Santo, há sete espécies conhecidas, cada qual com papel ecológico diferente. Imaginar a extinção total de uma área de mata ou espécie dessa vai ter reflexo no sistema todo, o impacto é realmente muito alto.
Pesquisador nato, nada mais natural que indicasse outro, o professor Laércio Ferracioli, como um capixaba de destaque.
QUEM É LAÉRCIO FERRACIOLI
Capixaba de coração, espírito-santense de título e mineiro de nascimento. Vitória foi a terra que escolhi para viver, trabalhar, ter filhos. Acredito no futuro, na criação de museus de ciência, cultura e arte espaços de celebração de verdades observadas. Transformar ciência em conversa de boteco é promover a inclusão cultural.
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