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Máfia cobra até R$ 40 mil de professores por diploma falso

Máfia cobra até R$ 40 mil de professores por diploma falso

Sedu tem 208 processos por certificados de professores sem validade

Publicado em 27 de julho de 2018 às 01:02

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Agentes recolheram documentos em operação no Norte do Estado. (Ministério público do estado/divulgação)

Quadrilhas que atuam no Estado cobram até R$ 40 mil para falsificar documentos e atribuir a professores qualificações que eles não possuem. A máfia do diploma falso age aproveitando-se da boa-fé de alguns, mas muitos educadores também são coniventes com o crime e buscam levar vantagens, como melhores colocações em concurso público.

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) tem hoje em torno de 400 processos contra professores na corregedoria, dos quais 208 são por terem apresentado diploma sem validade em processo seletivo para admissão na rede. A grande maioria envolve educadores em Designação Temporária (DT). As falsificações foram descobertas durante auditorias de rotina.

Questionado, o corregedor da Sedu, Tarcísio Bobbio, acredita que uma máfia opere no Estado, sobretudo envolvendo a modalidade de Ensino a Distância (EAD). “Algumas pessoas estelionatárias aproveitam-se do fato de instituições estarem situadas em outros locais e, em nome delas, ofertam cursos. Isso é um padrão que tem se repetido no Estado; quadrilhas estão fazendo isso por aqui. No final, imprimir papel é fácil”, ressalta.

Das investigações em andamento na corregedoria, um dos casos que mais chamaram a atenção de Tarcísio foi o de um diploma de mestrado para o qual o professor pagou R$ 40 mil. Mesmo tendo desembolsado pelo documento a alta quantia, o que poderia ser equivalente a um curso regular de pós-graduação, o corregedor ainda não está convencido de que o educador é inocente.

“Nossa apuração tem duas etapas. Primeiro, verificamos se o documento é verdadeiro ou não. Depois, avaliamos se o professor tinha condições de saber se era falso e agiu por má-fé. Nesse caso do mestrado, apesar do custo, ele pode ter decidido pagar pela facilidade, em vez de ter que se submeter a diversas provas, demonstrar conhecimento em língua estrangeira e outras avaliações”, aponta Tarcísio.

O corregedor diz ainda que, para o diploma de mestrado, normalmente são oferecidos pelos fraudadores cursos fora do país e o professor, além de bancar um documento falso, paga outra taxa para revalidação, ou seja, uma cobrança extra para que o diploma possa ser aceito no Brasil.

Professores contra os quais há confirmação do uso de diploma falso são exonerados da rede e, no caso de DTs, podem ficar até cinco anos sem participar de novos processos seletivos. Além disso, a corregedoria informa sobre a situação ao Ministério Público, que pode adotar medidas na esfera criminal.

PRISÃO

Além das investigações em curso na corregedoria da Sedu, outras ações acontecem no Estado para combater a emissão de diplomas falsos. Na quarta-feira, quatro professores foram presos, no Norte capixaba, acusados de participar de um esquema cuja finalidade era usar os documentos falsificados para conseguir pontos em concursos públicos.

As prisões fazem parte da primeira fase da Operação Mestre Oculto, do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que conduz as investigações sob sigilo. Os nomes dos professores não foram revelados, apenas a informação de que dois são de Linhares e dois de Rio Bananal.

Na semana anterior, Prefeitura da Serra anunciou ter exonerado 300 professores, entre fevereiro e o início de julho, também sob a acusação de que eles estariam usando diplomas falsos para serem contratados pela administração municipal.

Boa parte dos documentos foi atribuída à Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), que oferta cursos no Estado na modalidade a distância. Mas, segundo informações do MPES, há casos de professores que apresentaram diplomas falsos de cursos que teriam sido feitos até na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

CASOS

Sedu

Investigações

Na corregedoria do órgão há 208 processos contra professores, que são investigados por terem apresentado diploma falso em processo seletivo. Um deles é de um curso de mestrado para o qual o educador pagou R$ 40 mil. A corregedoria ainda apura se ele estava envolvido no crime ou foi vítima de estelionatário.

Prefeitura da Serra

Exonerações

A administração municipal exonerou 300 professores neste ano sob a acusação de usarem diplomas falsos para ingressar na rede de ensino da cidade.

Norte do Estado

Prisões

Quatro professores – dois de Linhares, dois de Rio Bananal – foram presos na quarta-feira em uma operação do Ministério Público, denominada “Mestre Oculto”, acusados de participar de esquema de emissão de diplomas falsos favorecimento em concursos. Além de cumprir os mandados de prisão temporária, agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Norte) apreenderam documentos, inclusive no polo de uma instituição de ensino. As investigações apontam que pelo menos 150 pessoas usaram diplomas falsos.

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