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Médico tira dúvidas sobre a vacinação contra o sarampo

Médico tira dúvidas sobre a vacinação contra o sarampo

Para evitar que a doença se espalhe, o Ministério da saúde já programou uma campanha nacional de vacinação para o mês de agosto

Publicado em 20 de julho de 2018 às 14:24

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Ministério da saúde já programou uma campanha nacional de vacinação para o mês de agosto. (Guilherme Ferrari)

Já são 677 casos de sarampo confirmados no Brasil e outros 2.724 sob investigação, o que já provoca certo medo de a doença se alastrar e chegar ao Espírito Santo. Para evitar que a doença se espalhe e vire epidemia no Estado, como alertou infectologista Lauro Ferreira Pinto, o Ministério da saúde já programou uma campanha nacional de vacinação para o mês de agosto.

Mas quem deve se vacinar? Por que a doença voltou a aparecer? A campanha é só para crianças? O sarampo pode matar? O pediatra Ronaldo Martins, que é membro da Comissão Nacional de Sarampo do Ministério da Saúde, responde essas e outras perguntas (veja tira-duvidas abaixo) e faz um alerta: "sarampo é doença grave".

"Quem está distante do sarampo, que não lembra mais, que não viveu o sarampo, eu queria lembrar que sarampo é uma doença grave. Não é uma doencinha que dá umas pintinhas no corpo, como se fala sempre, não é isso, não. Sarampo é uma doença grave que baixa a imunidade das pessoas por dois meses, pelo menos, as vezes mais. A imunidade completa, total da pessoa, fica rebaixada, facilitando a pegar qualquer outra doença, como a pneumonia. O próprio sarampo causa também uma pneumonia", avisa o médico.

Por que os casos apareceram?

Esses casos começaram a aparecer primeiro na Venezuela. Em 2017 já se sabia que a Venezuela estava tendo sarampo, e depois gradativamente veio entrando pela fronteira com Roraima. De repente aumentou bastante entrando no Amazonas, não é só Manaus, vários municípios, são pelo menos 17 municípios do Amazonas com casos registrados de sarampo, mas o grosso é em Manaus, na Capital. Alguns casos começaram a pipocar pelo país como São Paulo, Mato Grosso, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Casos esporádicos de pessoas que foram à região e trouxeram para os seus estados os casos de sarampo.

Há risco de chegar no Espírito Santo?

O risco de chegar é no país todo, desde que alguma situação de baixa de cobertura vacinal prevaleça naquele local. Ele pode aparecer se houver um contágio. Sarampo é doença contagiosa de pessoa para pessoa.

No Espírito Santo qual é a cobertura vacinal do sarampo?

A cobertura aqui não está tão boa. Eu não tenho o número exato,mas ela está abaixo dos 95%. O número que é necessário para cobrir e evitar a doença é 95%, é um número alto. O sarampo não quer saber disso, ele simplesmente aparece, onde tiver chance de contágio ele aparece. A transmissibilidade do sarampo é muito alta.

Sarampo pode matar?

Mata com muita frequência, quanto mais desnutrida for a criança, mais desprotegida, ela pode morrer.

Quem deve se vacinar?

O Ministério da Saúde está pedindo que se dê prioridade absoluta a crianças de 1 a 5 anos, é o que vai ser feito na campanha do dia 06 a 31 de agosto. Essa campanha é de vacinação indiscriminada, que significa: todos devem tomar independente da situação vacinal anterior. Excepcionalmente, se está dentro do mês que tomou a vacina, eu acredito que não vão fazer nova vacina com um mês de diferença. Agora todos os outros devem tomar a vacina.

Crianças de seis meses podem tomar a vacina?

A vacina sempre foi feita a partir de um ano de idade. Há muitos anos ela era feita mais cedo, mas já tem vários anos que o Ministério da Saúde trocou a idade para um ano, por possibilidade de fazer a partir de um ano e não mais cedo. Só se faz mais cedo, a partir de nove meses por exemplo, se estiver dentro de uma epidemia grosseira. Mas esse não é o nosso caso. Nós atualmente no Espírito Santo não temos casos de sarampo, mas não estamos longe do risco de ter.

Crianças maiores de 5 anos, que não se enquadram na campanha, os pais devem procurar rede particular para vacinar?

Uma criança até cinco anos deve ter na rotina duas doses de vacina feitas. Se ela já tem mais de cinco anos e já tem essas duas doses feitas, não tem mais nada que precise fazer. Se uma pessoa desesperada quiser fazer uma terceira dose extra por conta dele, ele pode fazer, mas não é a indicação. A indicação é ter até os 29 anos duas doses de vacina feitas.

Adultos também devem se vacinar?

Adultos, está na hora de ir atrás dos seus cartões de vacina e verificar isso. Se ele já tem duas doses até os 30 anos, não precisa fazer mais nada. Até os 50, dos 30 aos 50 anos, se a pessoa tem uma dose de sarampo, pelo menos, basta. Os adultos que precisam tomar a vacina, ou colocar em dia, não é nesse momento agora. No período do dia 6 a 31 de agosto a prioridade é absoluta par as crianças de 1 a 5 anos de idade.

Se o adulto precisa tomar a vacina, ele não deve procurar a unidade de saúde agora?

Ele pode esperar, ele vai saber que depois ele vai poder colocar a vacina dele em dia. Dar prioridade às crianças até 5 anos é essencial nesse momento da campanha. Na verdade a vacina é sarampo, caxumba e rubéola, ela é tríplice viral.

Se a pessoa não tem o cartão de vacina, não lembra se já tomou a vacina, tem que procurar o posto de saúde para vacinar?

Isso depende da idade. Se é criança até 5 anos que não tem nenhuma dose, do mesmo jeito ela vai fazer a vacina agora e 30 dias depois vai tomar a segunda dose. Depois disso, até os 30 anos, o adulto vai fazer a mesma coisa, tomar uma dose agora e 30 dias depois a segunda dose. Os maiores de 30 anos devem tomar uma dose pelo menos.

Houve uma falha na vacina para os casos terem aparecido?

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Na verdade é falha da vacinação. Existem várias vertentes que levam a diminuição de vacina: a pessoa achar que é uma doença que, como ela não conhece mais, ela não dá tanta importância e deixa de vacinar; exite também uma filosofia de não vacina, por uma série de motivos; tem um ramo da homeopatia, que acha que a pessoa não precisa de vacina e que a pessoa deve ter a imunidade própria dela. Essas pessoas não tem noção nenhuma do que é um pavilhão de isolamento, onde eu trabalhei muitos anos, vendo um monte de criança morrer por tétano, coqueluche, meningite, de um monte de doença que hoje pode ser evitada com vacina.

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