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Pais alegaram que caixa era para proteger crianças, diz delegado

Pais alegaram que caixa era para proteger crianças, diz delegado

O delegado Geraldo Rodrigues afirmou que os pais não tiveram a intenção de maltratar as crianças

Publicado em 12 de julho de 2018 às 00:55

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Pais são detidos após polícia encontrar irmãos de 3 anos presos em caixote. (Divulgação/Polícia Militar)

Os pais dos gêmeos de três anos, que foram encontrados presos dentro de uma caixa de madeira, trancada com um cadeado, alegaram que fizeram a caixa pra protegê-los. É o que afirma o delegado da Delegacia Regional de Aracruz, Geraldo Rodrigues.

Em entrevista ao Gazeta Online, o delegado contou que as crianças moram com os pais e um irmão mais velho em uma casa simples na zona rural de Santa Teresa, às margens de uma estrada. O pai, que é lavrador, passa o dia fora de casa e não consegue ajudar a esposa a vigiar as crianças. Geraldo afirmou que a mãe deixa os filhos presos no caixote no período da manhã, quando está sozinha em casa. "Pelo o que eu entendi, isso era até um estado de necessidade, porque não tinha outra saída pra não verem os filhos mortos, a não ser deixar dentro da caixa enquanto a mulher tava trabalhando em casa".

Geraldo diz que os pais contaram que não tiveram a intenção de maltratar as crianças. "Eles não colocaram dentro da caixa pra maltratar, nem pra torturar, nem pra aplicar castigo, nada disso. Eles não sabiam que não poderiam colocar os filhos dentro daquela caixa", finalizou.

O CASO

Duas crianças de três anos e 10 meses foram encontradas presas dentro de uma caixa de madeira, na tarde de terça-feira (10), em Aparecidinha, na zona rural de Santa Teresa, região Serrana do Estado. Os irmãos gêmeos estavam dentro de um caixote que estava trancado com um cadeado. Os policiais militares foram ao local, acompanhados por dois representantes do Conselho Tutelar da cidade após após denúncias anônimas  e constataram a ocorrência de maus-tratos infantil. 

De acordo com o capitão Sonimarcos Zucolotto, da 8ª companhia Independente de Santa Teresa, os policiais e os conselheiros chegaram à propriedade por volta das 17h30. O pai, que trabalha na roça, já tinha retornado para casa. "Eles não ofereceram nenhuma resistência e nos permitiram entrar na casa", relatou. Foi lá que ele encontrou a caixa com as crianças. Segundo o policial, era uma pequena jaula de madeira, feita com palets de eucalipto, de 1,2 metro de largura por um metro de altura. "Havia uma divisão no meio que mantinha as crianças separadas. "Elas se viam, mas não mantinham contato", relatou

Foi a primeira vez que o capitão, pai de duas crianças, uma de um ano e outra de 4 anos, vivenciou uma situação como esta, que o deixou chocado. "Quando você vê a situação em que as crianças se encontravam, revolta", desabafou. As crianças, segundo o policial, eram mantidas neste tipo de gaiola durante algumas horas do dia. "Eram as horas em que o pai estava na roça e que a mãe cuidava dos trabalhos relacionados a casa. Para os pais, esta foi a forma que encontraram por não terem com quem deixar as crianças", relatou.

A conversa com os gêmeos, segundo o policial, não indicou que as crianças tinham raiva dos pais ou deu sinais de que eram torturados ou maltratados. "Aparentemente não haviam marcas de maus-tratos. Mas isto será avaliado pelo Juizado", relatou.

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Após constatar a situação, os policiais conduziram os pais para a Delegacia Regional de Aracruz. De acordo com a Polícia Civil, eles foram ouvidos e liberados. As crianças foram levadas ao Conselho Tutelar , que informou que os irmãos estão bem e tomou todas às providências necessárias para o caso, comunicando o Ministério Público e o Juizado da Infância e da Juventude, e recolhendo os irmãos para um abrigo do município. O caso vai seguir sob investigação na delegacia de Santa Teresa. 

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