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Atendente xinga cliente durante cobrança: 'Filho da p***, caloteiro'

Atendente xinga cliente durante cobrança: "Filho da p***, caloteiro"

Após receber a mensagem, professor de Vitória acionou a Justiça; primeira decisão determina indenização de R$ 4 mil, mas ainda cabe recurso

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 21:42

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Segundo o processo na Justiça, mensagem ofensiva foi enviada por funcionário de uma empresa de cobrança a um professor de Vitória. (Pixabay)

Um professor universitário que mora em Vitória, no Espírito Santo, foi xingado e pressionado pelo atendente de uma empresa de cobrança, identificada como Recovery Brasil Consultoria, por telefone. As mensagens ofensivas foram registradas por meio de um aplicativo de celular: "seu caloteiro, filho da p***, me responde", escreveu um dos funcionários da empresa.

O professor afirma ter sido gravemente lesado, ficando em estado de choque ao ler o tipo de mensagem que havia recebido do funcionário da empresa. Ele entrou na Justiça contra o grupo, e, no dia 18 de agosto, saiu a primeira decisão de que o professor deve ser indenizado em R$ 4 mil por danos morais. A decisão, no entanto, ainda cabe recurso.

O professor explica que, em janeiro deste ano, teria entrado em contato com a Caixa Econômica Federal e, na ocasião, tomou conhecimento de que estava devendo cerca de R$ 13 mil de um empréstimo que havia deixado de pagar por ter ficado desempregado. Ao conseguir um emprego, um mês depois, ele firmou um acordo com o banco e conseguiu renegociar o valor para que deixasse de ser inadimplente. A vítima conta que parcelou o valor em 36 vezes de R$ 303,09, ficando novamente com nome limpo no mercado.

Contudo, três meses depois, o professor relata que passou a receber constantemente ligações, e-mails e mensagens da Recovery Brasil para que participasse de um "feirão de quitação", que propôs um desconto de 90% caso ele tivesse o interesse de quitar de uma vez por todas a dívida. Por não possuir interesse na quitação do acordo, já que não tinha o dinheiro à vista, o professor resolveu desconsiderar o contato.

No mesmo dia, porém, o professor recebeu uma mensagem de um atendente da Recovery Brasil, com os dizeres desrespeitosos citados acima, sendo bloqueado pelo próprio funcionário da empresa na sequência.

"Eles (funcionários da Recovery Brasil) ficavam tentando me forçar a pagar uma dívida que não existia atrasos nas parcelas, já que eu pago mensalmente o valor. Falavam comigo que, caso eu desejasse quitar o empréstimo, me dariam 90% de desconto. Mas, como eu não tinha o dinheiro em mãos para pagar, não aceitava a proposta. Certo dia, após uma conversa com um atendente, eu parei de responder porque estava ocupado, foi quando ele me xingou com esses palavrões. Na hora tremi e fiquei me sentindo muito desrespeitado", conta a vítima, que afirma que as mensagens ofensivas foram recebidas no mesmo número de telefone disponibilizado via e-mail pela empresa em questão.

Devido ao constrangimento sofrido, baseado no artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, que diz que "na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça", o professor entrou com uma ação no 5º Juizado Especial Cível de Vitória pedindo danos morais - mesmo a vítima não estando mais inadimplente.

Além disso, o advogado do professor, Renan Freitas Fontana, pontua que, por conta de seu cliente ter regularizado sua situação após a renegociação da dívida, a postura da Recovery Brasil em forçar um acordo feriu o princípio da boa-fé, uma vez que não havia mais dívidas em atraso.

"Ressalto que esse posicionamento se deu pelo fato da cobrança ter sido realizada por um servidor não corporativo, o que me leva a entender que tal prática visa não deixar rastros de comprovação da idoneidade das cobranças realizadas de forma ilícita pela empresa", ratifica Renan Freitas Fontana.

O QUE DIZ A EMPRESA

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A conduta mencionada pela reportagem não condiz com os valores do Grupo Recovery, que preza pelo respeito a seus clientes. A mensagem em questão não foi enviada por colaborador ou prestador de serviços da Recovery, que está investigando a origem desses contatos em conjunto com os órgãos competentes.

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