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Declaração polêmica de secretário da Saúde gera crise na Serra

Declaração polêmica de secretário da Saúde gera crise na Serra

Entre as críticas do secretário a um jornal da Serra, teve até acusação de servidor que trabalha embriagado; categoria quer retratação

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 16:18

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Secretário disse a jornal da Serra que prefeitura tem diagnóstico da atuação de servidores nas UPAs; relatório, segundo Benício, revela falhas e até funcionário indo trabalhar embriagado. ( Fernando Madeira | Arquivo | GZ)

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) informou que vai entrar na Justiça contra o secretário de Saúde da Serra, Benício Santos, após ele declarar a um veículo de comunicação que há casos de funcionários no município que não tinham condições de trabalhar devido ao “alto estado de embriaguez”. Revoltados com a afirmação, os servidores públicos da Serra emitiram uma nota de repúdio contra o secretário.

A declaração polêmica foi publicada no jornal Tribuna do Povo, da Federação das Associações de Moradores da Serra, na edição do mês de junho. No entanto, de acordo com a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros-ES), Andressa Barcellos, foi na semana passada que os trabalhadores da área da saúde tiveram conhecimento da reportagem.

Segundo a publicação, um diagnóstico feito pela prefeitura detectou muitos desafios urgentes nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e maternidade. “Identificamos o não cumprimento de carga horária; durante a passagem de plantão. O servidor ao invés de começar o atendimento, primeiro vai dormir, tomar café, assistir jornal e novela. Desta forma, deveria chegar às 7h, mas, na realidade, efetivamente começa às 8h. Há casos em que um servidor chegou sem condições nenhuma para trabalhar, devido a alto estado de embriaguez. Um outro caso, a situação de cansaço físico, devido estar trabalhando há 36 horas. No horário de almoço, o plantonista vai almoçar em casa, e demora de 3 a 4 horas”, afirmou o secretário na publicação.

Porém, diante da afirmação, Andressa destaca que a administração municipal poderia ter aberto processos administrativos e sindicâncias para responsabilizar os servidores dos casos citados. “São questões pontuais. O que ele (o secretário) faz é desmoralizar o servidor perante a comunidade. A prefeitura tem condições de resolver isso. Ele está dizendo que o serviço é uma bagunça e isso é inadmissível”, explicou, acrescentando que o Sindienfermeiros-ES vai notificar a prefeitura para ter acesso ao diagnóstico citado na reportagem.

De acordo com Andressa, o assunto não foi discutido com os trabalhadores, nem com o sindicato que os representa. “Na matéria fala que o Conselho Municipal de Saúde fez parte da reunião, mas eram apenas dois conselheiros. Então não tinha nem 50% do conselho presente e não tinham representantes dos trabalhadores. Eles não foram porque não foram convidados”.

Na reportagem, em relação à possibilidade de terceirização das unidades de saúde, Santos ainda afirma que “não vamos ter problemas com funcionários de férias e faltosos, com os que apresentam muitos atestados, com o que não gostam de se relacionar, isso porque haverá um processo de avaliação de cada servidor”.

Sobre essa afirmação, Andressa ressalta que férias é um direito e não um problema. “Isso é uma forma de desmoralizar o serviço público e parece que é para justificar a terceirização. Toda semana um profissional é agredido na Serra. A administração não pensa na saúde do trabalhador e o secretário não assume a responsabilidade para si.”

GENERALIZAÇÃO

As colocações do secretário na publicação do jornal da Serra, segundo o advogado do Simes, Télvio Valim, generaliza os funcionários das unidades de saúde do município. “O secretário coloca na conta dos servidores todo o caos em relação ao serviço prestado à comunidade como se os servidores fossem os responsáveis pelos desmandos que acontecem há anos.”

Ainda de acordo com Valim, há servidores que desempenham suas funções de forma plena e, ao generalizar os funcionários, o secretário gera um dano moral coletivo. “Vamos entrar com uma ação para buscar essa reparação moral para essa classe de trabalhadores, no nosso caso, os servidores que são médicos.”

Uma notificação à Secretaria de Direitos Humanos da Serra também está sendo elaborada pelo Sindienfermeiros-ES “por conta da desqualificação dos servidores e por ele (o secretário) colocar direitos e garantias como problemas”, explicou Andressa Barcellos. “Os servidores estão indignados com isso. Um grupo de servidores foi até a Câmara de Vereadores e uma audiência pública foi marcada para o próximo dia 14 para discutir as questões da saúde do município”, ressaltou a presidente do Sindienfermeiros-ES.

OUTRO LADO

Acionada pela reportagem, a Prefeitura da Serra não se posicionou em relação às declarações do secretário de Saúde, Benício Santos, ao jornal Tribuna do Povo. 

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Por meio de nota, a administração municipal apenas descreveu os investimentos que tem feito na área da saúde como a contratação de 380 novos servidores da saúde; reforço no quadro de vigilantes das unidades de saúde; aquisição de 250 novos aparelhos de ar condicionado, novos armários vitrines, biombos, novas balanças para adultos e crianças, cadeira fixa de digitador, dez novos aparelhos de cardiogramas e monitores cardíacos; além do investimento de quase R$ 2 milhões em itens de informática.

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