Ainda nesta semana, a Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil de Linhares inicia uma vistoria em todas as casas às margens do Rio Pequeno, em Linhares. O objetivo é identificar a situação de cada uma delas e os riscos a que estão submetidas no caso de um rompimento da barragem que separa o rio da Lagoa Juparanã. O local passará por obras para ampliar a vazão do canal.
O passo seguinte será a produção de um relatório, como explica o titular da Defesa Civil de Linhares, Antonio Carlos dos Santos. Vou olhar todas as casas, inclusive por baixo, para produzir um relatório dizendo a necessidade ou não de seus proprietários deixarem o local, conta.
Ele destaca que nenhuma família é obrigada a deixar a sua casa e que somente em situações extremas o município recorre à Justiça. A pessoa tem o direito de decidir ficar ou sair. Buscamos a Justiça no caso de vulneráveis, como idosos e crianças, relata.
Para o comandante do 2º Batalhão de Bombeiros, que fica em Linhares, e coordenador regional de Proteção e Defesa Civil, do Estado, tenente-coronel Benício Ferrari Junior, a possibilidade de rompimento da barragem é remota. Ele relata que a topografia da cidade, que é plana, faz com que a tendência da água seja de se espalhar. Precisaria de muita chuva, como a de 2013, para o rompimento, pontua.
Mas, diante do risco, a alternativa é fazer a retirada das famílias. Vamos monitorar a situação e planejar a retirada das famílias, se for necessário, pondera.
PLANO
O planejamento apresentado pela Renova é da retirada total das 48 famílias entre o período de setembro deste ano a março de 2019, a fase das chuvas, como forma de precaução. Não temos o poder de retirar, só a Defesa Civil pode fazê-lo, mas esta é a alternativa, relata Sérgio Kuroda, gerente de território da Fundação Renova.
A instituição, mantida pela Samarco e suas acionistas Vale e BHP, responde pelos programas e ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental pelo rompimento da barragem de Mariana.
Para os que aceitarem deixar o local e forem para a casa de parentes será oferecida uma ajuda de custo. Outra alternativa é um hotel ou aluguel social. A Renova também auxiliará as famílias com a saída das casas.
Em reunião realizada na última segunda-feira com as famílias, parte do grupo aceitou a proposta de sair, mas ainda há resistências. Nossa equipe de campo do diálogo social vai agora de casa em casa para fazer estudo socioeconômico e entender a decisão de cada família, relata Kuroda.
Vai ser feito uma mapa logístico com a situação de cada uma das famílias, identificando quem se voluntariou a sair e os que permanecem. Será importante para organizarmos o plano de ação, informou.
ENTENDA
Áreas
Lagoa Juparanã - 64 km2
Profundidade da lagoa - 30 metros
Rio Pequeno - 10,2 km
Obras
Vão ser feitas
Rebaixamento do canal para aumentar a vazão do Rio Pequeno de 15 m3/segundo para 100 m3/segundo.
Reforço e adequação hidráulica e geotécnica da estrutura do barramento.
Avaliação dos impactos socioeconômicos e socioambientais.
Restabelecimento das condições gerais da lagoa
Estudo de alternativas ao barramento atual.
Já feitas
Recolhimento da vegetação aquática e peixes mortos.
Resgate de peixes vivos
Instalação de aeradores para melhorar oxigenação da água.
Construção de canal para dar vazão à água represada.
Instalação de bombas que retiram água do Rio Pequeno e jogam no Rio Doce.
Monitoramento do nível da Lagoa Juparanã e do Rio Pequeno.
Fatos
Novembro de 2015
Ação Civil Pública que obriga construção do barramento provisório.
Dezembro de 2017
Obras para estabilizar a barragem por determinação da Justiça.
Abril de 2018
Conclusão das obras de abertura do canal lateral.
Agosto de 2018
Início do plano de enfrentamento para o período chuvoso.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta