> >
'Ele tinha um padrão de vida confortável', diz irmão gêmeo de Belmiro

"Ele tinha um padrão de vida confortável", diz irmão gêmeo de Belmiro

Segundo Isaías Belmiro, seu gêmeo, Elias Belmiro, vendeu os bens para sustentar o vício em bebida alcoólica

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 19:01

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Foram diversas as manifestações de surpresa e afeto após a reportagem do Gazeta Online sobre a história do solista de violão Elias Belmiro, 50 anos, um dos mais brilhantes músicos instrumentais do Espírito Santo, referenciado até no Dicionário da Música Brasileira. Elias, que há quatro anos vive em situação de rua, tem um irmão gêmeo, que entrou em contato com nossa reportagem.

Isaías Belmiro mora em Vitória e se emocionou ao falar do solista, que há anos luta contra o vício em bebida alcoólica. Ele recorda a carreira de Elias, como o irmão vendeu os bens para sustentar a dependência e a tristeza da família e do pai Eurico Belmiro, 90 anos, nas tentativas frustradas de oferecer tratamento. Eurico é trombonista aposentado da Polícia Militar e ensinou Elias a tocar violão, instrumento que consagrou o filho como artista. Veja entrevista abaixo:

Quando a família percebeu que Elias estava viciado em bebida alcoólica?

A história dele com a bebida se deu quando começou a fazer sucesso, mas naquela época ele tinha controle. Estava no auge da carreira não tinha problema. Deu a impressão de que quando o sucesso foi reduzindo ele começou a beber mais e foi chegando nesse estágio de hoje.

Como era a situação financeira dele? Tinha casa? Bens materiais?

Só para você ter uma noção o violão dele que tocou em 1992 valia U$ 10 mil. Aquele violão foi feito sob encomenda. Ele tinha um padrão de vida muito confortável. Um instrumento de trabalho caro. Inclusive, a polícia federal não acreditou quando o instrumento chegou no aeroporto. Achou que tinha alguma coisa escondida, foi quando Elias começou a tocar e eles bateram até palmas para ele no aeroporto. Ele tinha casa, carros, mas infelizmente tudo foi consumido pela bebida. Ele foi vendendo tudo.

Ele tem filhos?

Tem um filho de 21 anos, que eu cuidei. Tem também uma filha que perdemos o contato porque a mãe e afastou da gente, uma menina que ele adotou quando era novo.

Como a família lida com Elias nessa situação de rua?

A família nunca o abandonou. Principalmente eu. Por ser irmão gêmeo sofro muito pela vida dele. Hoje assisti a reportagem que fizeram sobre a situação dele na TV  e o pessoal que estava do meu lado ficou chorando. Alguns segurando as lágrimas. A família sempre tentou resgatá-lo, mas ele ignora por causa da bebida.

Vocês ainda mantêm contato?

O Elias já teve vários celulares para a gente saber onde ele está na rua, mas ou ele perde ou vende. Esse contato é feito por mim e temos amigos que dão suporte a ele. Elias criou uma rede de amizade grande. Às vezes eles me ligam e me informam onde ele está. A gente leva roupa, comida, mas a luta com a bebida é algo forte que não o deixou avançar.

A família toda já procurou o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e ele esteve internado uma vez no HPM por questões de saúde. Ficou bon não deu sequência ao tratamento e teve a recaída. Logo depois, minha irmã encontrou um grupo de apoio para ele participar. Ele ficava uma semana, um mês e dizia que não aguentava ficar lá. Um quadro de abstinência.

Acredita que Elias possa aceitar ajuda e se recuperar?

O talento dele é indiscutível. Sou testemunha. Ele foi até modesto em falar que estudava oito horas por dias, porque estudava 16 horas. Ele tinha uma disciplina invejável. A grande questão está na pessoa. Na força de vontade dele. Acredito que essas reportagens sobre a situação vão alavancar o brilho que está dentro dele e que não se apagou, para recuperar a autoestima e depois ele voltar a trabalhar. Pela disciplina que ele tem, recuperaria isso em um curto espaço de tempo. Somos em seis irmãos, e todos nós mais nosso pai, que ainda é vivo, queremos que ele se recupere.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais