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Fotos e vídeos da estrutura da Terceira Ponte chamam atenção

Fotos e vídeos da estrutura da Terceira Ponte chamam atenção

Postadas em um grupo de Facebook, muitos usuários passaram a questionar as condições de segurança da estrutura; especialistas e Rodosol comentam sobre registros

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 23:05

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Marcas da Terceira Ponte circulam pela internet. (Reprodução Utilidade Capixaba)

Manchas, buracos e vergalhões expostos. Fotos e vídeos da Terceira Ponte publicados por um internauta no grupo Utilidade Capixaba nos últimos dias levantaram o questionamento sobre as reais condições da estrutura que é cartão-postal do Espírito Santo. Os sinais, quando vistos de longe, podem passar despercebidos aos olhos. Contudo, quando acompanhados de perto, as cenas podem deixar uma pulga atrás da orelha em quem transita sobre a estrutura. Especialista aponta que, embora a estrutura da ponte esteja dentro dos padrões, conforme laudo do Crea-ES, é fundamental que manutenções constantes continuem sendo executadas.

A reportagem enviou as imagens que circulam pela internet para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), que através de um laudo desenvolvido por três engenheiros civis durante vistorias realizadas entre outubro e dezembro do ano passado, fizeram análises visuais da ponte e avaliaram que a estrutura se encontra em boa condição. Apontaram apenas um problema existente - que, segundo o laudo, pode ser corrigido.

Parte da ponte tem vergalhões visíveis. (Reprodução Utilidade Capixaba)

No laudo do órgão ficou atestado pelos engenheiros a perda parcial da cabeça de um dos blocos da Terceira Ponte que, mesmo sem função estrutural, é importante para a proteção de cobrimento da estrutura.

"O Grupo de Trabalho de Infraestrutura e Mobilidade Urbana do Crea-ES realizou visitas técnicas na Terceira Ponte e atestou, em geral, que o local apresenta bom estado de conservação, pois constava projeto com plano de inspeções periódicas com as devidas manutenções preventivas e, em raros casos, corretivas", pontua a nota.

De acordo com o engenheiro civil Jadir Alves, o problema mais comum geralmente é a exposição de ferragens - as chamadas armaduras. Isso acontece quando a água do mar infiltra no concreto, por falhas na impermeabilização, que com o tempo faz com que esse concreto seja corroído, deixando as ferragens expostas.

"Manchas esbranquiçadas significam que parte do material vem sendo retirado pela umidade de dentro da estrutura. Depois, tais manchas passam a ficar amareladas e assim vai. As cores indicam que a armadura pode estar sendo oxidada, o que mostra que a estrutura pode estar sendo atingida de alguma forma. Inicialmente é um sinal pequeno, não é um sério problema, mas ele precisa ser reparado. Mas fiz essa análise olhando as imagens, ou seja, é apenas uma avaliação rasa. Uma inspeção mais a fundo precisaria ser feita para chegarmos a um resultado concreto”, ratifica o engenheiro.

Parte do bloco que foi atestado por engenheiros do Crea-ES. (Crea-ES)

O especialista afirma que é necessária uma inspeção visual no mínimo todos os anos em toda a estrutura da Terceira Ponte, além de uma inspeção mais aprofundada a cada cinco anos.

"Determinados fatores podem ser observados somente com uma inspeção mais ampla, com equipamentos especiais. Até por isso, é importante ter inspeções sempre", explica Jadir Alves, que emendou: "Nós, humanos, temos que fazer exames de rotina para nos mantermos saudáveis. Com as estruturas é o mesmo caso."

ESTÉTICA É IMPORTANTE

O aspecto ruim aos olhos é o que pode acabar trazendo preocupação aos que passam diariamente pela Terceira Ponte. Nesse caso, claro que a estética não é o ponto principal quando se fala de conservação de estruturas, mas, para o engenheiro, uma ponte com uma boa aparência mostra que o local tem sido bem cuidado.

Parte da Terceira Ponte que estaria com ferragens expostas. (Reprodução Utilidade Capixaba)

"Qualquer estrutura precisa ter um aspecto estético bom. Para a estrutura ficar sempre em ordem seria interessante que nós olhássemos para ela e víssemos uma estrutura bonita, bem acabada, arrumada. Uma estrutura bonita deixa mais claro que manutenções vêm sendo feitas e a preservação está em dia."

"Às vezes o simples ato de fazer um lixamento na pintura ou na peça já traz mais tranquilidade para as pessoas. É a questão da imagem que fica. Por essas e outras a questão estética também é importante nesse caso", concluiu.

O QUE DIZ A RODOSOL

Procurada, a RodoSol, que é responsável pela administração da Terceira Ponte, informou que as imagens expostas na reportagem são de pontos que não têm função estrutural e, portanto, não trazem nenhum tipo de comprometimento para a segurança dos usuários. Disse ainda que trata-se de peças que serviram de formas de concreto chamadas de saias, utilizadas na ocasião da construção do bloco de fundação da ponte.

Mesmo assim, mesmo não tendo importância estrutural, as saias já passam por recuperação, já que uma equipe tem trabalhado em um dos blocos. A previsão é de que o serviço seja concluído dentro de um prazo de três meses.

Sobre a manutenção da ponte, a RodoSol diz que os procedimentos realizados regularmente são responsáveis por dobrar a vida útil de sua estrutura para um período de 100 anos, ao invés dos 50 previstos na ocasião de sua construção. O trabalho inclui a manutenção das estruturas de concreto e metálica.

Sobre infiltrações, por exemplo, amostras de concreto são levadas para análise em laboratório. O contato da amostra com um componente químico revela até onde o concreto foi alcançado por agentes corrosivos como a maresia. Os pontos que apresentam desgaste são revestidos de um material que protege o concreto novamente.

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No caso da parte dos pilares que fica submersa, a RodoSol explicou que o trabalho é realizado com apoio de um barco, equipamentos de mergulho e técnicos mergulhadores. A manutenção subaquática permite a recolocação de uma proteção nas estacas submersas que sustentam os pilares da Terceira Ponte.

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