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Justiça absolve acusado de liderar tentativa de assalto ao aeroporto

Justiça absolve acusado de liderar tentativa de assalto ao aeroporto

Para o MPF, André Órfão dos Santos liderou grupo que tentou roubar R$ 20 milhões que eram transportados por uma aeronave. Tentativa fracassada aconteceu em janeiro de 2017

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 14:33

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André Órfão dos Santos foi inocentado. (Reprodução)

A Justiça decidiu inocentar André Órfão dos Santos, acusado de liderar uma tentativa de assalto ao aeroporto de Vitória. Em janeiro do ano passado, ele e outros dois bandidos foram apontados como os autores da tentativa de assalto a um avião carregado de dinheiro nas dependências do aeroporto. O grupo criminoso entrou no aeroporto através do trecho em obras na Avenida Adalberto Simão Nader em uma caminhonete pintada de amarelo com adesivos da Infraero, mas desistiu do crime ao perceber que o plano havia sido descoberto.

A intenção do grupo era roubar R$ 20 milhões que estavam sendo transportados por uma aeronave da empresa Two Táxi Aéreo e direcionados para a empresa de transporte de valores Prosegur. Após investigações, a Polícia Federal descobriu que, para ter acesso às informações privilegiadas, o grupo sequestrou um funcionário da empresa responsável pelo carro forte junto da esposa e da filha, menor de idade, para que ele facilitasse a ação da quadrilha no momento em que se iniciasse o transporte do dinheiro.

André foi denunciado pelos crimes de extorsão mediante sequestro, dano qualificado, atentado contra a segurança de transporte aéreo, organização criminosa, uso indevido de logotipos da administração pública, porte ilegal de arma de fogo de calibre restrito e tentativa de roubo qualificado. As penas somadas poderiam chegar a 54 anos de reclusão. No entanto, a sentença que absolveu André, aponta que ele e os comparsas desistiram voluntariamente de prosseguir na conduta criminosa “provavelmente porque o avião ainda não estava estacionado no local do desembarque da mercadoria e por terem chamado a atenção de funcionários da Infraero”.

MPF RECORRE DA SENTENÇA

O Ministério Público Federal (MPF) no Espírito Santo recorre da sentença que absolveu André Órfão dos Santos. Na apelação, o MPF pede que o criminoso, que está preso na Penitenciária Lemos de Brito, no complexo de Bangu, no Rio de Janeiro, seja condenado por todos os crimes que foi denunciado e sustenta que André, além de participar da tentativa de assalto no aeroporto, também participou do sequestro do supervisor de segurança da empresa Prosegur, da esposa e da filha dele de quatro anos. A família foi sequestrada pelo grupo no dia 2 de janeiro de 2017, dia anterior ao transporte do dinheiro, e mantida refém até o dia 3.

Um ano e meio após o crime, em audiência realizada pela Justiça, o supervisor de segurança e sua esposa afirmaram que André era bem parecido com um dos criminosos. Fato que também tinha sido destacado por eles anteriormente diante do retrato falado apresentado pela polícia.

Além disso, dentro do veículo utilizado na tentativa do roubo, uma caminhonete S10 clonada e indevidamente identificada como sendo de propriedade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), foi encontrado um envelope que possuía as impressões digitais de André, no entanto, o juiz considerou o fato insuficiente para vincular o réu às cenas dos crimes.

No entanto, segundo o recurso do MPF, a investigação aponta que o crime de roubo não foi consumado em razão de circunstâncias alheias à vontade de André. Os depoimentos prestados pelos funcionários do aeroporto confirmam que após serem abordados pelos funcionários da Infraero, os criminosos se viram impossibilitados de prosseguir com a ação e iniciaram a fuga. Eles fugiram em alta velocidade, inclusive expondo outras aeronaves a perigo uma vez que circulavam em área restrita, e na fuga também destruíram um portão do aeroporto de Vitória. O carro foi abandonado mais tarde e nele estavam 26 cartuchos de fuzil com calibre 762.

FACÇÃO CRIMINOSA DO RJ

Ainda de acordo com as investigações, André é um dos principais membros da facção criminosa Terceiro Comando Puro, do Rio de Janeiro, e foi preso a primeira vez em 2003 por tentativa de roubo a carro forte em Pernambuco. Ele responde por por outros crimes de roubo a banco - em um deles, se passou por delegado e seus comparsas vestiam uniforme de polícia -, e por isso está preso em Bangu.

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Para o MPF, alguns fatos demonstram que não se trata de um grupo principiante. Entre eles: o uso de cal no cativeiro para dificultar as investigações; a existência de informações acerca de e-mails enviados pelo supervisor de segurança da Prosegur ao seu gerente; o monitoramento da rotina da família sequestrada; pela locação, com três meses de antecedência, do imóvel usado como cativeiro; e pela estrutura organizada para o ingresso em área restrita do aeroporto.

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