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Milena Gottardi: defesa pede que réu não seja julgado por feminicídio

Milena Gottardi: defesa pede que réu não seja julgado por feminicídio

Para a defesa, o atirador Dhionatas Alves não praticou feminicídio: "Ele não cometeu o crime contra Milena em função de ela ser mulher, mas por ter recebido dinheiro para isso"

Publicado em 27 de agosto de 2018 às 23:00

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Dhionatas Alves é acusado de assassinar Milena Gottardi. (SESP)

A defesa de Dhionatas Alves pediu para o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) que ele não seja julgado pelo crime de feminicídio (assassinato de mulher cometido pela condição do gênero feminino da vítima) contra a médica Milena Gottardi, assassinada no dia 14 de setembro, quando saía do Hospital das Clínicas, em Vitória. Segundo o advogado Leonardo Rocha, que defende o acusado, Dhionatas teria recebido cerca de R$ 2 mil para executar o crime, o que, de acordo com a alegação da defesa, não configura crime de feminicídio.

Milena Gottardi, defesa que réu não seja julgado por feminicídio

"O juiz pronunciou o Dhionatas no feminicídio e ele não cometeu o crime contra a Milena em função de ela ser mulher ou esposa do Hilário Frasson. O Dhionatas cometeu o crime por ter recebido dinheiro, então, essa qualificadora do feminicídio não se comunica com o Dhionatas, mas sim com o Hilário. Nossa ideia é que o Tribunal exclua a qualificadora de feminicídio da pronuncia e, assim, que o Dhionatas responda apenas por homicídio qualificado", pontua Leonardo Rocha.

A moto que Dhionatas estava pilotando no dia do crime pertencia a Bruno Broetto, que também segue preso e aguarda julgamento - ponto que é questionado pelo advogado Leonardo Rocha. A defesa alega que o acusado emprestou a moto a Dhionatas sem ter ciência de que o veículo seria utilizado em tal atividade e que, como Dhionatas era seu cunhado, Bruno não teria se preocupado.

Bruno Broetto. (Reprodução/Facebook)

"Com relação ao Bruno, nossa intenção é buscar a impronúncia, já que não existe nenhum elemento e nenhuma prova objetiva de que ele tinha ciência de que a moto seria utilizada no crime. Então, ao meu entender, levá-lo a júri popular seria uma injustiça. Digo isso porque o próprio juiz, em sua sentença, disse que não existe prova direta de que o Bruno teria ciência de que a moto seria utilizada no crime. O fato de ter emprestado a moto não quer dizer que ele sabia o que o Dhionatas faria com o veículo. Eles eram cunhados e o Bruno confiou. Esperamos que o Bruno sequer seja levado a julgamento de júri popular", disse Leonardo Rocha, que explicou que os recursos suspendem o julgamento até que o processo seja reavaliado pelos desembargadores do TJES.

A decisão de encaminhar o processo dos acusados de envolvimento na morte da médica ao Tribunal do Júri é do juiz Marcos Pereira Sanches, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Ele considerou que há um crime doloso contra a vida (quando há a intenção de matar) e que há indícios suficientes para os acusados serem julgados por este crime.

Para o advogado da família da vítima, Renan Sales, os recursos executados pela defesa dos acusados realmente têm efeito suspensivo para retardar o julgamento do caso, tendo em vista que é necessário que os recursos sejam analisados para que a data do júri popular seja marcada. Por outro lado, ele pretende analisar a situação e entrar com um pedido para derrubar os recursos.

"O Dhionatas recorrer me traz bastante surpresa, uma vez que ele é réu confesso. É uma postura contraditória. Eu particularmente não tive ciência, não vi os recursos e nem fui intimado, mas sinceramente acredito que os recursos não vão prosperar. Para o juiz encaminhar um acusado a júri popular é necessário indícios de autoria, então, o juiz não precisa ter certeza da autoria. E no nosso entendimento há muito mais do que meros indícios. Existem provas robustas. Até por isso, entendo que o Tribunal não vai reformar a decisão do juiz, que vai manter o júri popular. Isso para todos os outros acusados também", concluiu Renan Sales.

O CRIME

A médica Milena foi baleada com um tiro na cabeça no estacionamento do Hucam, em Maruípe, quando saía do trabalho, em 14 de setembro do ano passado. No dia seguinte, ela teve a morte declarada. Os acusados pelo crime foram denunciados pelo Ministério Público Estadual, que pediu a prisão temporária deles. O Juizado da 1ª Vara Criminal aceitou a denúncia e mantém os réus presos.

Após ter sido baleada na cabeça, Milena Gottardi Tonini Frasson não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 15 de setembro. ( Reprodução/Facebook)

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Em janeiro deste ano, começaram a ser realizadas as audiências de instrução. Nessa fase, testemunhas foram ouvidas, ocorreram os interrogatórios dos réus e foram apresentadas as alegações finais. Após essas audiências, o juiz analisou e decidiu levar o caso a júri popular.

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