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Moradores de rua: um drama social que desafia as autoridades

Moradores de rua: um drama social que desafia as autoridades

Sem ações conjuntas para resolver situação, população se preocupa

Publicado em 24 de agosto de 2018 às 00:52

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Morador de rua dorme na calçada na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Vitória. (Vitor Jubini)

Homens e mulheres, jovens e velhos. Não importa o gênero, nem mesmo a idade. Em comum, o fato de viverem nas ruas, um drama social que atinge mais de 500 pessoas na Grande Vitória, desafia as autoridades e assusta a população, sobretudo quando há casos de violência como o da última quarta-feira, quando um morador em situação de rua arremessou uma pedra que atingiu um carro e quase feriu o motorista.

Prefeituras asseguram que fazem abordagem, mas não podem obrigar ninguém a se tratar, enquanto a PM diz que só pode intervir se houver crime. Então, resta a pergunta: quem vai resolver a situação?

Para Pablo Lira, professor do mestrado de Segurança Pública da UVV, é necessária uma ação integrada que envolva os municípios, o Estado e a sociedade para enfrentar o quadro de vulnerabilidade de quem mora na rua.

Da parte das prefeituras, o trabalho de assistência social, para fazer as abordagens, identificar a razão pela qual o indivíduo está naquela condição e realizar os encaminhamentos; e o trabalho de saúde, para tratamento de dependência química, um problema que afeta a maioria dos moradores.

“Além disso, é fundamental a atuação da Polícia Militar e das Guardas Municipais, no patrulhamento ostensivo, porque a simples presença desses agentes inibe a quebra da ordem pública”, aponta Lira. “Assim, pode-se evitar casos como o de Vila Velha, que gera insegurança e poderia ter tido um resultado trágico”, acrescenta.

PEDRA

O professor refere-se ao episódio em que um morador de rua jogou pedra contra um veículo na rua Itaiabaia, em Itaparica, Vila Velha, na tarde de quarta-feira, e quebrou o para-brisa. O carro era conduzido pelo advogado João Familiar França, que escapou de ser atingido por pouco. A empresária Simone Tonani não teve a mesma sorte. Em maio deste ano, ela estava no trânsito, dentro do carro, e morreu ao ser alvejada por um vergalhão arremessado por Felipe Gonçalves, que também vivia nas ruas do município, na Praia da Costa.

Na opinião de Lira, outro ponto relevante é o planejamento urbano, com melhoria da iluminação pública e fiscalização de imóveis abandonados. “Também é importante, e uma forma de a população contribuir, não dar dinheiro. Se der, a pessoa contribui para a manutenção daquele morador na rua”, avalia.

Professora da Faesa, a psicóloga Fernanda Helena de Freitas Miranda ressalta que trata-se de um problema complexo, e ela não enxerga o fato de deixar dar esmola como uma solução porque os moradores em situação de rua têm uma lógica muito diferente das demais pessoas e, se não tiverem dinheiro, podem até comer restos do lixo.

“É muito comum que, quando acontecem tragédias como a da mulher que morreu atingida pelo vergalhão ou o ataque ao outro motorista, que a sociedade queira respostas, e respostas rápidas e simples. Mas, em casos como esse, não vai ser rápido, nem simples.”

Fernanda destaca que ninguém está na rua por vontade própria e vários fatores podem estar envolvidos, tais como desemprego, dependência química e problemas com a família.

“Independentemente do motivo, quando for atender uma pessoa em situação de rua, é preciso atacar várias frentes ao mesmo tempo. Entendo que a população fique assustada, principalmente quando há casos de violência, mas as pessoas em situação de rua precisam de apoio, e principalmente políticas públicas para devolver a elas dignidade e identidade. Com isso, será possível garantir de outro lado uma cidade que seja de boa convivência para todos nós.”

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