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Músico que virou morador de rua procura ajuda para tratar alcoolismo

Músico que virou morador de rua procura ajuda para tratar alcoolismo

Segundo o irmão gêmeo do violonista Elias Belmiro, a família avalia encaminhá-lo para um clínica particular localizada no Estado de São Paulo

Publicado em 29 de agosto de 2018 às 21:25

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Elias Belmiro procurou o Caps em Vitória. (Sullivan Silva)

“Eu quero é solar de novo com a orquestra sob a regência do maestro Helder Trefzger.” Esse é o desejo verbalizado pelo violonista Elias Belmiro, 50 anos, antes de entrar no prédio do Centro de Referência Psicossocial AD (Álcool e outras drogas - Caps), na Ilha de Santa Maria, em Vitória, na tarde desta quarta-feira (29).

Segundo o irmão gêmeo, o especialista em engenharia de manutenção Isaías Belmiro, Elias pretende ficar no local por 15 dias para desintoxicação e depois deverá ser encaminhado pela família para uma clínica de reabilitação particular localizada no Estado de São Paulo. O violonista de sucesso e talento reconhecido está há 4 anos morando na rua. Ele perdeu tudo por conta do vício em álcool.

“Vamos continuar o acompanhando, e, nesse período, vamos avaliar o melhor lugar para ele tratar a dependência. Há uma semana estávamos prontos para o embarcar para essa clínica em São Paulo, mas ele desistiu. Acredito que agora com toda essa comoção ele aceite”, disse o irmão gêmeo. Um instituto capixaba chegou a oferecer tratamento para o músico, mas ele acabou preferindo ficar no Caps e depois seguir para São Paulo.

Elias, que há quatro anos se encontra em situação de rua, procurou o Caps pela manhã. Ele se apresentou na recepção do local, mas, debilitado pelo uso recente de bebida alcoólica, acabou deitando e dormindo em uma calçada próxima. O irmão gêmeo Isaías o encontrou após ser avisado por conhecidos, e depois de horas de uma conversa, que foi acompanhada de longe pela reportagem do Gazeta Online, Elias tomou a decisão de receber atendimento psicológico.

“Não posso ficar desse jeito. Meu irmão gêmeo está aí e eu preciso tomar uma posição. É uma coisa pulsante em mim. Eu quero coisa melhor para mim. Quero ser assistido de novo”, afirmou Elias, que já tinha procurado o Caps em outras oportunidades.

O irmão Isaías diz que toda a família está empenhada em reconduzir Elias para fazer o que mais gosta: tocar violão e tocar novamente com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. “É uma decisão difícil para ele. Estávamos conversando que somos Belmiro e a família Belmiro não desiste da luta. Vamos entrar juntos e sair juntos dessa caminhada. E vamos subir no palco também”, garante Isaías.

Antes de entrar no Caps, Elias fez um pedido à reportagem. Queria enviar um mensagem de agradecimento para seu pai, Eurico Belmiro, trombonista aposentado da Polícia Militar de 90 anos. “Pai, Eurico Belmiro, eu aprendi tocar música no seu violão. Agradeço muito por ter apostado mim”, declarou.

PROCURA

Após a publicação de reportagens da  história de Elias Belmiro no Gazeta Online, no jornal A GAZETA e na TV Gazeta, foi grande a repercussão por parte de ex-colegas de trabalho, músicos, conhecidos e entre a população em geral. Situação que, segundo o violonista, o deixou desconcertado pela procura incessante de pessoas para lhe oferecer ajuda. “Tem gente me olhando de forma diferente”, disse.

Um grupo de integrantes do Instituto Ajude ao Próximo encontrou com Elias no início da noite de terça-feira (28) para encaminhá-lo para uma casa de recuperação mantida por uma igreja evangélica em Cariacica. Porém Elias passou a noite na casa de um amigo no Centro da Capital e depois procurou o Caps, nesta quarta-feira (29).

ENTREVISTA

Muita gente ofereceu ajuda? Como foram esses dias?

Tenho chorado muito. Tem gente me olhando de forma diferente. Muita gente ofereceu ajuda.

Seus amigos músicos procuraram o senhor?

Antes eu era um músico conceituado e depois fui decaindo. O álcool me deixou para baixo.

O senhor resolveu aceitar ajuda? Por que essa decisão?

Totalmente. Eu não posso ficar desse jeito. Meu irmão gêmeo está aí e eu preciso tomar uma posição. É uma coisa pulsante em mim. Eu quero coisa melhor para mim. Quero ser assistido de novo. Fiquei aqui uma vez, no HPM (Hospital da Polícia Militar) também e não dá para ficar jogado na calçada de novo.

Como o senhor quer que as pessoas o vejam daqui a alguns dias?

Eu quero é tocar de novo. É o que eu gosto de fazer. Eu quero é solar de novo com a Orquestra sob a regência do maestro Helder.

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