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Ordem de tirar capacete acaba virando multa para motoboy em Vila Velha

Ordem de tirar capacete acaba virando multa para motoboy em Vila Velha

Caso aconteceu em Riviera da Barra, em Vila Velha, onde há ordens de traficantes em muros para que motociclistas tirem o capacete antes de entrar no bairro

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 15:29

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Empresário mostra as multas levadas pelo funcionário da empresa . (Ricardo Medeiros)

O motoboy de uma empresa de automação em Vitória levou uma multa por estar com o capacete levantado ao entrar no bairro Riviera da Barra, em Vila Velha. No entanto, segundo o dono da empresa, Alexandre Trindade Lima, de 52 anos, o funcionário apenas cumpria a ordem dos traficantes para não morrer.

Ele conta que presta serviço para muitas empresas em bairros dominados pelo tráfico de drogas na Grande Vitória. Segundo Lima, é comum em diversos locais, no momento da entrega, o motoboy levantar o capacete para entrar no bairro como uma forma de identificação. Nos muros existem as orientações: "retire o capacete, abaixe a luz interna e abaixe vidro".

"Todos em sã consciência cumprem as ordens dos traficantes para não morrer, da mesma forma que cumprimos as regras passadas pela polícia para não reagir a um assalto. O motoboy suspendeu o capacete parcialmente para que seu rosto seja visto e identificado, dessa forma não correria o risco de ser mais uma Thais”, disse, Lima, fazendo uma referência à jovem morta na noite do último sábado.

O empresário comenta que o funcionário é uma pessoa experiente e trabalha com ele há cinco anos e tem habilitação há 38 anos. “Ele sabe como as leis de trânsito funcionam, mas a escolha era dele: morrer ou ser multado. Porém, temos os poderes aproveitadores desta situação, a prefeitura não dá à população daquele bairro segurança, para piorar utiliza suas câmeras de vigilância para flagrar e multar”, desabafou.

Alexandre afirma que vai recorrer das multas.

MULTAS

Ele recebeu duas multas, uma com infração gravíssima por estar sem capacete, emitida pela Prefeitura de Vila Velha, e outra com infração grave, feita pelo Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran ES), por conduzir veículo em desacordo com o estabelecido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Elas foram aplicadas no dia 26 de julho, às 12h55, na Avenida Espírito Santo, Praça Riviera da Barra, Vila Velha. Juntas elas somam R$488,70.

Segundo o empresário, foram duas multas realizadas através de câmeras de videomonitoramento e ambas porque o capacete estava levantado. No entanto, a Prefeitura Municipal de Vila Velha questionou e disse que as autuações foram realizadas através de um agente da Guarda Municipal, que tem como função a fiscalização e a organização do trânsito. Além disso, destacou que apenas uma foi devido ao capacete levantado.

Segundo o subsecretário da Guarda Municipal, Márcio Roberto Ferreira, uma das autuações foi notificada pelo próprio município e a outra pelo Detran-ES em virtude do estabelecimento de competências das esferas municipal, estadual e rodoviário, conforme determina o convênio entre os órgãos públicos. Ele ressalta que a Guarda Municipal realiza o patrulhamento preventivo em todo o município.

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“Existe um trabalho integrado com a Polícia Militar. Nós fazemos o patrulhamento preventivo e esse estado de calamidade colocado pelos bandidos não existe, se existisse durante todo o dia, centenas de pessoas não circulariam pelo bairro e lojas não estariam abertas. Outro trabalho nosso é a fiscalização de trânsito, aplicamos a multa se houver infração. No entanto, qualquer autuação de trânsito é passível de recurso, que deve ser apresentado à Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI)”, disse.

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