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Proprietária de sítio conta que policial tinha problemas psicológicos

Proprietária de sítio conta que policial tinha problemas psicológicos

Nair Mendonça, de 53 anos, é técnica de enfermagem e faz trabalhos sociais com PMs em depressão

Publicado em 19 de agosto de 2018 às 21:41

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A proprietária do sítio onde o policial militar Patrick Ramos Guariz, 26 anos, foi encontrado morto, a técnica em enfermagem Nair Mendonça, de 53 anos, disse que o PM era amigo dela desde 2015, quando ele passou por um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

Ela explica que é viúva de um capitão da Polícia Militar e faz trabalhos voluntários para ajudar psicologicamente policiais que estão com depressão e que Guariz já sofria de problemas anteriores. “Eu sempre recebo alguns policiais no meu sítio. Quando ele queria ir, era só me ligar e avisar. A chave fica lá. Faço trabalhos sociais com PMs. ‘Pirou’ o soldado, eu estou em cima", declarou. 

Nair conta que recebeu uma ligação no início da tarde deste sábado do soldado Guariz, avisando que estava indo para a propriedade dela localizada no interior de Guarapari. Ela afirmou que, até então, não sabia da jovem assassinada na boate. "Logo que ele me disse que estava indo para lá, eu recebi um telefonema de um conhecido me informando sobre a menina morta na boate. Era por volta de 12 horas. Eu não acreditei. Tanto que eu liguei para ele e perguntei se era verdade. Ele confirmou e só disse: 'aconteceu, é o fim!'", lembrou a proprietária do sítio.

Como a senhora ficou sabendo da morte do soldado?

“Hoje, pela parte da manhã, o vizinho me ligou dizendo: ‘Aconteceu uma tragédia. O policial que veio para cá se matou’. Eu não vi nada. Eu cheguei junto com a polícia. Eu que avisei a Polícia, na verdade, que ele tinha morrido.

Como foi para a senhora receber essa informação?

Era um filho (choro). Tem muito tempo. Conhecia ele desde a Polícia. Sem palavras. Eu apostava tudo nele, que ele era um grande soldado. A família dele foi para a roça e ele estudou em um quartinho até conseguir ser policial.

O que a senhora acha que aconteceu para ele se envolver nessas confusões?

Ele estava com problemas psicológicos. O pai dele me ligou, semana passada, para dizer que ele não estava voltando para casa. Ele me tinha como mãe. Quando eu dava a palavra, estava dada. Fui até a casa do pai dele e ele voltou por causa de mim, com bolo e suco. Aí falei que queria conversar com ele e ele me disse que estava de namorada nova. Ele falou que estava ficando lá.

Mas o pai dele já percebia esse comportamento diferente…

Ele estava muito irritado dentro de casa. Fiz uma oração por ele então (choro). Ontem, quando ele foi para a roça, pedi o pastor, que é vizinho, para fazer uma oração por ele. Ele ajoelhou no pé do pastor e disse que estava tudo acabado. Ele levantou a mão demonstrando arrependimento pelo o que aconteceu na boate. Ele não suportou ter matado a mulher.

Como a senhora conhecia ele?

Ele tinha tomado uma PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Ele ficou com medo de ser expulso e me procurou para ajudar. A gente lutou e tirou ele dessa situação. Ele voltou e pedi para ele ficar só na guarita, mas ele queria ficar na rua porque, senão, não teria vida.

Qual sua relação com a polícia?

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Sou esposa do falecido Capitão Mendonça. Eu sempre faço um trabalho social com policiais militares. Pirou o soldado, eu estou em cima, mas é lamentável porque esse eu perdi. Quando ele teve esse problema, fizemos todo um trabalho social, reintegramos ele à família e à polícia. Mas acredito que ele precisava de um tratamento psicológico. Eu achei que ia conseguir trazer ele de volta. Mesmo cometendo um erro, tinha saída. Tirar a vida é o fim de tudo.

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