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Terminal de Itaparica: série de erros no projeto e execução

Terminal de Itaparica: série de erros no projeto e execução

Os problemas começaram no projeto do terminal, com cálculos errados, e continuaram na execução da construção

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 22:45

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Com estrutura comprometida, Terminal de Itaparica foi interditado. (Fernando Madeira)

Uma série de erros no projeto e na execução da obra no Terminal de Itaparica, em Vila Velha, desde sua inauguração, em 2009, levou a sua interdição no dia 21 de julho. Segundo laudos, há problemas de cálculos, em espessuras de parte da estrutura entre outros fatores.

Terminal de Itaparica, série de erros no projeto e execução

Isso é o que mostra a ação civil pública protocolada pela Procuradoria-Geral do Estado na Justiça pedindo R$ 15 milhões em indenizações de duas empresas e de oito engenheiros responsáveis pela obra do Terminal de Itaparica.

A NBC Arquitetura, do Paraná, foi a empresa responsável por fazer projeto entregue em 2005. Já a Imbeg Engenharia, do Rio de Janeiro, foi a quem executou a obra e a entregou em 2009.

Segundo documento, no mesmo ano da inauguração foram verificadas diversas irregularidades que necessitavam serem corrigidas e não foram sanadas pela empresa que executou o projeto, como a oxidação na estrutura metálica, o desprendimento de telhas de policarbonato e o vazamento nas instalações dos módulos.

O primeiro grande problema da obra ocorreu quatro anos após a entrega, em 2013. Uma das marquises cedeu após ventania que atingiu a cidade, caindo sobre quatro ônibus. Após vistoria, foi constatado que o teto caiu por falha na execução da estrutura, como a fragilidade na ligação de telhas com a estrutura e corrosão excessiva nos elementos metálicos, principalmente nas ligações.

NOVO RELATÓRIO

Um novo relatório técnico, em 2015, elaborado pelo Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) informou que o colapso da marquise se deu, em suma, por problema de projeto e execução. “A situação inicial e final da peça da estrutura que, ao nosso ver, projetada indevidamente, foi a principal responsável pelo colapso”, disse no documento.

Também constou no relatório informação sobre outra marquise que não havia cedido mas cujo projeto estrutural não estava de acordo com as necessidades de segurança, possuindo problemas de dimensão, de escoamento de água e corrosão, sendo isolada no mesmo ano. Foi verificada a impossibilidade de recuperação das estruturas que não ruíram.

A Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória  (Ceturb) promoveu a contratação de nova perícia em 2018 para que  pudesse tomar novas decisões. Foi quando o engenheiro Marcos Zavaglio, contratado pelo Estado, recomendou, em seu relatório, que o terminal deveria "ser interditado imediatamente ao uso público e a estrutura desmontada o mais breve possível”, disse.

Os principais motivos apontados por ele foram: cálculos inferiores aos necessários para vida útil da estrutura, informações insuficientes do projeto, espessuras de parte da estrutura menores que as necessárias, falhas nas execução e projeto.

“Na nave principal ainda em utilização, bem como nas coberturas laterais, apresentam muitas não conformidades, sejam de projeto e ou execução”, disse em relatório.

OS PONTOS DO LAUDO

A apresentação gráfica do projeto de estrutura metálica apresentado não possui informações suficientes para fabricação e montagem:

- indicação de calha

- tipos de telha (fabricante, espessura e montagem)

- A análise dos cálculos mostra a altura da edificação incorreta, indicando apenas 3 metros;

- Sem indicação técnica do tipo de telha que influencia no peso da estrutura (cimento, alumínio)

- Não foi encontrada qualquer referência às cargas de calhas com água, ou seja, o peso dela na estrutura

- Não foi observado os esforços do vento sobre a estrutura

- Não foi observado na memória do cálculo o dimensionamento das ligações

- Não foi instalado o contraventamento da cobertura dos ônibus, diminuindo a rigidez da estrutura

- Treliça (formato da estrutura) no final do terminal está montada invertida

- A fixação do contraventamento horizontal na nave principal, ou seja, a utilização de menos parafusos na execução do projeto, apresenta ligações insuficientes e ineficientes

- Verificação geométrica das tesouras (peças que sustenta as demais peças do telhado)

- Banzos utilizados com espessuras menores que as projetadas

EMPRESAS

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As duas empresas responsáveis pelo projeto e execução foram procuradas pela reportagem, mas os telefonemas não foram atendidos.

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