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Três anos depois famílias ainda sofrem com impacto da lama em LInhares

Três anos depois famílias ainda sofrem com impacto da lama em LInhares

Risco de barragem romper vai tirar moradores de casa em Linhares

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 01:29

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Joelson mora às margens do Rio Pequeno e ainda não sabe se sairá de casa. Na foto, o canal feito entre a barragem da Lagoa Juparanã e o rio. (Tiago Queiroz Curty)

Três anos após a tragédia do rompimento de uma barragem da Samarco na cidade mineira de Mariana, a população capixaba ainda sofre com os impactos da lama de rejeitos de minério que desceu o Rio Doce. Agora, o problema atinge 48 famílias que vivem às margens do Rio Pequeno, em Linhares, e que precisam deixar suas casas.

O motivo são os riscos de rompimento da barragem feita no Rio Pequeno. Ela foi construída em 2015, por decisão da Justiça estadual, para evitar a co

ntaminação da Lagoa Juparanã pela lama. O contato entre ela e o Rio Doce se dá pelo Rio Pequeno.

Os períodos de chuva que se seguiram à sua construção não foram significativos, mas a situação mudou desde o final do ano passado, com maiores índices pluviométricos.

O barramento, como explica Sérgio Kuroda, gerente de território da Fundação Renova (mantida por Samarco, Vale e BHP), foi feito, de forma provisória, sem canal extravasor ou comportas, apenas uma barreira. “No período de estiagem não houve problemas, mas em 2017, houve um grande volume de chuvas na região e no Rio São José, de onde o Rio Pequeno é afluente”.

Desde então, alagamentos começaram a surgir no entorno da lagoa e, no início deste ano, por decisão da Justiça, foi autorizada a construção de um canal para retirar a água retida numa vazão de 17 mil litros/segundo, mas não foi o suficiente.

A preocupação agora é com a chegada do período de chuvas, de setembro deste ano a março de 2019. Se houver um volume maior há a possibilidade, considerada remota pelos técnicos, de a barragem se romper.

Segundo Antonio Carlos dos Santos, coordenador de Proteção da Defesa Civil de Linhares, até ontem o nível da lagoa estava um metro abaixo do barramento. “Segundo os técnicos da Renova, seria preciso a água ultrapassar em um metro a barragem para causar o rompimento”, explica, lembrando que para que isso aconteça o nível teria que subir em dois metros. “O que é muito difícil, mas quando se trata de risco à vida humana, o melhor é prevenir”, se referindo à retirada dos moradores.

O avanço da água sobre a barragem causaria a sua destruição. O volume de água que desceria pelo Rio Pequeno poderia promover estragos nas casas às suas margens. “Já iniciamos uma obra para aumentar o escoamento da água por um canal, mas se vier chuva forte pode passar por cima do barramento e desestabilizá-lo”, diz Kuroda.

Por conta disso, enquanto as obras são feitas, as 48 famílias terão que deixar a região no período chuvoso. Na segunda-feira, a Renova fez uma reunião com essas pessoas para informar a necessidade. A comerciante Adalgiza Alves aceitou deixar sua casa, às margens do Rio Pequeno, neste período. “Vou sair só no tempo do período de chuva, mas depois espero voltar para a minha casa.”

Já Maria José Santos Neres, que vive na região e cuida do sogros acamados, reclama do transtorno. “Dizem que precisamos sair de casa e os mais prejudicados são meus sogros, que já são idosos.”

OBRAS

Para garantir a estabilidade da barragem e evitar que a água passe por cima dela, será ampliada a cota de vazão do canal de 17 mil para 100 mil litros/segundo. “Vamos ainda fortalecer a lateral para evitar erosão e fazer um rebaixamento do canal, dentre outras obras”, explica Kuroda, destacando que a principal delas, a abertura do canal, será feita entre os dias 4 e 7 de setembro.

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A solução definitiva porém, seria a retirada da barragem, o que não é possível em decorrência do processo judicial que determinou a construção. A lembrança da lama provoca receio na população em utilizar a água que tenha contato com o Rio Doce e Kuroda destaca que o desejo do município de Linhares é que seja feito uma barragem definitiva. “Estamos aguardando a conclusão de alguns estudos que apontam que a água do Rio Doce, tratada, é potável, o que vai ajudar na reflexão sobre a necessidade de se manter este barramento.”

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