As obras da Avenida Leitão da Silva, em Vitória, ganharam mais um capítulo neste mês. Após vários adiamentos, a promessa era que elas iriam terminar no fim deste ano. Agora, ficarão para junho de 2019.
A nova data foi estipulada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) após garantir que a obra de macrodrenagem será realizada entre os trechos das avenidas César Hilal e Rio Branco.
No início deste mês, a Prefeitura de Vitória e o governo do Estado viveram um impasse. Enquanto a prefeitura exigia que o governo executasse a obra de macrodrenagem da Avenida César Hilal até a Rio Branco, prevista em contrato, o Estado afirmava que não tinha interesse em fazer a intervenção na região.
As obras devem ajudar a resolver o problema de alagamentos na região. Contemplam uma galeria, de 2,5 metros por 1,5 metro, que ficaria complementar à já existente, e também duas caixas de transição que servem como passagem de águas pluviais.
O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Gustavo Perin de Medeiros, disse que, ainda em 2018, o esforço será para concluir as obras no trecho entre a rua das Palmeiras até as proximidades da loja Eletromil.
A empresa responsável pela obra fez toda uma reprogramação para dar foco nesse trecho da avenida e liberar todo o sistema viário até o final do ano, afirma.
Para tanto, é preciso concluir o assentamento das galerias e fazer todo o revestimento asfáltico. Gustavo reconhece que, até dezembro, não será possível entregar a obra com todos os acabamentos, como ciclovias e calçamento. Porém, a intenção é liberar o tráfego de veículos que é a maior demanda da via.
Anunciado na tarde de ontem pelo governo, o orçamento do próximo ano não deixa dúvidas: as obras da Avenida Leitão da Silva não serão concluídas nesta gestão. A previsão agora é que as intervenções sigam ao longo do primeiro semestre de 2019 e sejam entregues em junho.
Para 2019, o governo colocou no orçamento R$ 20 milhões para a conclusão da obra, incluindo a macrodrenagem no trecho entre as Avenidas Rio Branco e César Hilal.
As obras de macrodrenagem deverão começar em janeiro porque, segundo Gustavo, nesse período há menor fluxo de veículos. No serviço, está prevista a implantação de todo o sistema de galeria da região. Depois de concluído o trabalho de drenagem, será aplicada a camada de asfalto final e serão feitos os acabamentos no trecho. Em seguida, a parte que vai da César Hilal à Beira-Mar será contemplada com pavimentação, ciclovia e sinalização.
LIBERAÇÃO
O secretário municipal de Obras e Habitação da Capital, Sérgio Sá, esclareceu que o DER-ES já possui a liberação do trecho para começar a obra. A decisão do DER-ES de realizar a obra foi anunciada em reunião nesta semana. A realização vai ajudar o município. O local tem um histórico de alagamentos que trazem prejuízos à população, disse.
No início do mês, a intenção do governo era que a Prefeitura de Vitória liberasse o trecho da avenida César Hilal até a Rio Branco e, também, da César Hilal até a Beira-Mar, de uma vez, para pavimentação, ciclovia e sinalização. Mas a Prefeitura de Vitória decidiu que só iria liberar o trecho da César Hilal até a Rio Branco para realização da obra de macrodrenagem. Apenas com a conclusão desta parte é que o outro trecho seria liberado.
O argumento do DER-ES é que a macrodrenagem sem que estivesse interligada a dois projetos da prefeitura uma galeria na Rio Branco e uma caixa de acumulação de água sobre o estacionamento da Secretaria de Estado da Educação não resolveria o problema.
No entanto, o secretário garantiu que essas duas intervenções serão realizadas pelo município depois que a obra da Leitão da Silva terminar. Estamos preparando o termo de referência para fazer uma licitação e escolher a empresa que fará o projeto, concluiu.
MAIS LOJAS PODEM FECHAR
O número de lojas fechadas na Leitão da Silva, em Vitória, pode crescer com o novo prazo estipulado pelo do Governo do Estado para entregar as obras. É o que afirma o presidente da CDL Vitória, Adriano Ohnesorge, que representa os lojistas da Capital.
Acredito que se as obras não forem aceleradas, mais lojas podem fechar. A economia não está boa como esperávamos e associado a isto há obras que não terminam, dificultando a chegada das pessoas até o local, explica.
O desejo dele é que as obras terminem o mais rápido para que a região possa voltar a se desenvolver. Já foram fechadas lojas pequenas e grandes. Até supermercado faz parte desta lista. Isso não pode continuar ocorrendo, relatou.
No início de setembro A GAZETA mostrou que pelo menos 26 estabelecimentos que beira a avenida estão fechados, segundo a Associação das Empresas da Avenida Leitão da Silva e Imediações (Assemples). Entre eles, um supermercado, restaurantes e um galpão de uma empresa de prestação de serviços para a indústria naval.
Dessa forma, no local que era conhecido pela grande movimentação de pessoas, o que passou a ter destaque foram as lojas fechadas, placas de aluga-se ou vende-se espalhadas pela avenida e demissões constantes.
A comerciante Arlete de Angeli, 51, tem uma loja de extintores na Avenida Leitão da Silva e conta que depois das obras, começaram as dificuldades. Ela calcula que o número de clientes caiu pela metade e teve que fazer contenção de despesas. Eu cheguei a ter 30 funcionários, hoje tenho 18 porque caiu o movimento. E a tendência é diminuir mais ainda, conta.
Para Arlete, a falta de clientes somada ao valor dos aluguéis, causa a mudança de quem já está lá e afugenta novos empreendimentos. Esse não é o caso dela, já que o imóvel da loja de extintores é próprio. A comerciante é dona também do imóvel que fica ao lado e o antigo inquilino não está mais lá. Ela afirma que uma empresa farmacêutica de São Paulo chegou a se interessar em alugar o espaço, mas desistiu do negócio depois da visita.
Além da crise econômica, os transtornos causados pela obra, como a falta de local para estacionar em alguns trechos da avenida, as interdições e a poeira, derrubaram as vendas na região.
Um outdoor instalado pela associação expõe o angústia de quem precisa da retomada da circulação normal de veículos na avenida. Ele mostra que a obra já está com mais de mil dias de atraso.
A SAGA DA LEITÃO DA SILVA
INÍCIO
2014
As obras na Avenida Leitão da Silva começaram em 2014.
PRIMEIRO PRAZO
2015
Na época, a previsão é de que as intervenções terminassem as em meados de 2015.
NOVOS PRAZOS
2016
Com as mudanças causadas pela troca de governo estadual e pela revisão de projeto inicial da obra, a entrega foi adiada para o final de 2016.
2017
Com a promessa não cumprida, o prazo foi para o primeiro semestre de 2017. A promessa agora era entregar não só as vias, mas uma reestruturação no sistema de saneamento e drenagem da região.
MAIS UM ADIAMENTO
2018
As obras não foram entregues e outras duas datas foram previstas: no primeiro semestre de 2018 e, depois, para dezembro do mesmo ano.
IMPASSE
Macrodrenagem
O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER-ES) tinha o interesse de entregar as obras até o final do ano. Para isso, tinha o interesse de eliminar o projeto de macrodrenagem no trecho entre a César Hilal e Rio Branco, previsto em contrato.
REUNIÃO
2019
Após uma reunião entre a Prefeitura de Vitória e o Governo do Estado, o DER-ES decidiu fazer a macrodrenagem. Com isso, o novo prazo ficou para junho de 2019.
ORÇAMENTO
Aumento
O orçamento inicial da obra era de R$ 50 milhões, mas ele saltou para R$ 115 milhões.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta