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Capixaba que tinha apenas um ano e meio de vida comemora transplante

Capixaba que tinha apenas um ano e meio de vida comemora transplante

A pedagoga Franciny Muniz, de 38 anos, foi diagnosticada com endomiocardiofibrose

Publicado em 28 de setembro de 2018 às 23:29

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Selo do 21º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. (Rede Gazeta)

Neste sábado (29), é comemorado o Dia Mundial do Coração, criado com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância dos cuidados com a saúde cardíaca. Atitudes como praticar atividades físicas e diminuir o consumo açúcar ou frituras podem prevenir contra esses problemas, garantindo uma boa qualidade de vida. Esse tipo de doença, entretanto, nem sempre pode ser evitado e, por isso, é importante ir ao cardiologista e se examinar com frequência. A pedagoga Franciny Muniz, de 38 anos, moradora da Serra, nunca havia tido nenhum problema cardíaco ou de pressão, até que, em março do ano passado, sentiu uma repentina falta de ar enquanto se divertia com a filha de dez anos.

“Estávamos no parque aquático, subindo as escadas do toboágua, quando tive dificuldade para respirar. Na hora, não me assustei, achei que pudesse ser algo normal, por conta do sedentarismo. Mas dias depois, como minhas pernas e meus pés começaram a ficar muito inchados, procurei o pronto atendimento”, lembra Franciny. O diagnóstico foi de Zyka vírus e os médicos apenas recomendaram que ela consumisse bastante líquido. “Quando voltei a buscar o atendimento, fui repetidamente internada e liberada, diagnosticada com miocardite e coágulo no coração. Mas os profissionais não conseguiam descobrir o problema exato”.

Internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um novo hospital, sua doença foi finalmente descoberta: endomiocardiofibrose. “É uma doença que não é muito incomum aqui no Brasil, por isso demoraram a descobrir o que era. Meu coração estava endurecendo, tornando-se fibroso, e não conseguia bombear sangue normalmente”, relata a pedagoga. Daí, veio o susto. “Os médicos disseram que nada poderia ser feito, a cirurgia não era uma possibilidade, e eu só teria no máximo um ano e meio de vida”.

Francini Galvão Muniz, pedagoga, 39 anos, tinha só mais 2 anos de vida, mas ganhou coração novo. (Vitor Jubini)

Franciny voltou para casa cheia de medicamentos para sobreviver durante esse período. Os sintomas persistiam: a barriga estava extremamente inchada, devido aos líquidos retidos, e os rins estavam, consequentemente, sobrecarregados. Além de não poder andar, pois se cansava muito fácil, também não podia tomar banho e se trocar sozinha, dependendo da ajuda da filha, Anna Luiza, e da mãe, Bibi.

“Foi muito triste para mim, ter me tornado filha da minha filha. Até que, em janeiro, entrei em contato com um outro profissional, Melchior Lima, que afirmou que eu era uma candidata ao transplante. Então voltei para a UTI”, conta Franciny. “Permitiram que minha mãe fizesse uma visita estendida todos os dias, de 12h às 17h, enquanto minha filha podia me ver somente aos sábados, durante apenas uma hora. Meu caso era prioridade na fila de doação, e cheguei a encontrar um órgão três vezes, mas nenhum era compatível. Na quarta vez os exames foram positivos, e fui operada no dia 9 de maio”.

A mãe de Franciny, Bibi Muniz, diz que sempre acreditou que a filha iria se recuperar. “Fechei minha loja, larguei tudo para ir para o hospital todos os dias e dar uma força para ela. Sempre tive muita fé, e orava muito pela minha filha. Foi muito difícil”, relembra, emocionada.

Respondendo bem à cirurgia, a pedagoga segue à risca as instruções médicas, e sente que foi presenteada com uma vida nova. Ainda não retornou ao trabalho, mas já pode fazer quase tudo o que não podia antes.

“Agora posso subir e descer escadas, posso brincar com a minha filha, posso fazer as coisas sozinha de novo. Nunca deixo para amanhã o que posso fazer hoje, esse é meu lema, porque nunca sabemos o que vai ser de nós no futuro. Hoje, dou muito mais valor à vida”, reflete.

IMPORTÂNCIA DA DOAÇÃO

Franciny não sabe muito sobre sua doadora. Trata-se de uma mulher de idade próxima à dela, que teve morte cerebral, e morava em Linhares. “Só posso saber mais sobre ela se a família tomar essa decisão”, explica.

Melchior Lima, coordenador de transplantes cardíacos no Hospital Meridional, em Cariacica, foi o responsável pela cirurgia e esclarece que, por falta de informação, muitas famílias não aceitam que os órgãos de seus entes queridos sejam doados. “Como essas pessoas têm morte encefálica, os parentes acreditam que ele ainda podem abrir os olhos. Mas é importante que haja essa aceitação, porque, se passar muito tempo desde o falecimento, esses órgãos, que poderiam salvar várias vidas, ficam inviáveis”, argumenta. “Graças a Deus, aqui no estado não temos muitos problemas com falta de doadores. De forma geral, os pacientes que estão na fila estão sendo contemplados antes que o pior aconteça. Franciny está se recuperando muito bem, graças à generosidade humana”.

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