O Detran-ES colocou em vigência desde maio deste ano o projeto que obriga autoescolas capixabas a terem em seus veículos câmeras para vigiar cada etapa da prova prática de quem quer tirar a carteira de motorista. O problema é que o sistema de telemetria tem sido burlado. A reportagem da TV Gazeta, através de dados cedidos pelo Detran-ES, identificou que alguns instrutores não cobram a presença de alunos em aulas práticas, mesmo sendo obrigatórias. Sem o preparo para dirigir um carro, os alunos registram a presença e vão embora sem exercer seu direito de receber a aula.
A identificação dos alunos é realizada através de uma câmera que fica dentro do automóvel e o processo é feito antes e no final de cada aula. Fotografias também são registradas ao longo da aula de maneira aleatória, já que cinco fotos são retiradas ao longo de 50 minutos de aula. Contudo, instrutores têm desenvolvido métodos para burlar o sistema de registro. Flagrantes mostram que certos centros de formação estão driblando a carga horária exigida por lei.
Para fazer com que tais práticas sejam conseguidas, instrutores têm colocado a mão na frente da câmera, o que impede que o cenário seja fotografado. Em outro caso, um instrutor cola uma foto no tamanho 3x4 na frente da câmera para que, ao fotografar, a câmera registre sua presença no carro - mesmo o profissional não estando lá. Numa outra situação, a imagem inicial é de uma instrutora mulher, porém, um homem é quem dá a aula. Já em outro momento, um plástico foi colocado na frente da câmera para que a visão do equipamento fosse comprometida.
"O sistema de telemetria nasceu diante da necessidade de coibirmos fraudes no processo de formação de condutores. O que estávamos verificando era que os centros de formações de condutores não estavam cumprindo a carga horária mínima definida na legislação. Todo candidato a ter uma carteira de habilitação precisa fazer 25 horas de aula prática e, o que estávamos acompanhando, era que determinados centros vinham dando menos aulas", explicou Romeu Scheibe Neto, diretor do Detran-ES.
E a fraude parece ser uma prática comum no Espírito Santo. De acordo com o Detran-ES, em todo o Estado já foram registradas 191 mil aulas, entretanto, desse total, 75 mil foram classificadas como sendo inválidas pelo órgão estadual por conterem algum tipo de irregularidade. Além de fotografar, o sistema também envia dados de velocidade máxima, distância percorrida e duração exata da aula. Todas as informações são enviadas para o Detran-ES.
Tantas irregularidades vêm sendo refletidas nas provas práticas. Segundo o Detran-ES, de cada dez alunos, seis são reprovados no primeiro teste.
Por lei, o aluno é obrigado a assistir 45 horas de aulas teóricas e 25 horas de aulas práticas no Espírito Santo. Só após cumprir esse cronograma, a pessoa está apta a passar pelos testes de baliza e percurso.
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