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Fagundes, pai da Foquinha Baby, enfrenta batalha contra o Parkinson

Fagundes, pai da Foquinha Baby, enfrenta batalha contra o Parkinson

O publicitário Alex Fagundes, de 41 anos, ficou conhecido após superar a perda da esposa depois do nascimento da filha, Vitória

Publicado em 24 de setembro de 2018 às 20:50

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Alex Fagundes, de 41 anos, descobriu há duas semanas que está com Mal de Parkinson. ( Ricardo Medeiros )

A história de superação do publicitário Alex Fagundes, de 41 anos, que enfrentou a perda da esposa Priscila Charpinel, conhecida como Foquinha, logo depois do nascimento prematuro da filha, Vitória Fagundes, enfrenta um novo capítulo. Agora, contra o Mal de Parkinson. Diagnosticado com a doença há duas semanas, Fagundes acorda todo dia com uma vontade enorme de vencer mais esse desafio, e o mountain bike tem sido um grande aliado.

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É aquela frase que sempre uso: Um dia de cada vez! Não tenho como disfarçar a doença. Eu estou tremendo. Não tem cura, mas tem tratamento. É uma nova fase, uma provação. Mas eu não me desespero

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A trajetória de Fagundes viralizou nas redes sociais depois de o publicitário ter criado uma página no Facebook para contar o dia a dia da pequena Vitória, que recebeu esse nome justamente por ter sido uma vitoriosa. Ao descobrir que estava grávida, Priscila, mãe da bebê, decidiu suspender o tratamento contra o segundo câncer no cérebro para dar continuidade à  gravidez. Foquinha Baby, como carinhosamente é chamada, nasceu no sexto mês de gestação e ficou 60 dias internada em uma UTI Neonatal. Hoje a pequena tem seis anos de idade. Priscila morreu no dia 30 de agosto de 2012, três dias após dar à luz.

REAÇÃO DA FILHA

Alex Fagundes com a filha Vitória Foquinha: dupla ficou conhecida após drama da mãe que decidiu não tratar câncer para dar à luz. ( Ricardo Medeiros | Arquivo)

Os tremores do Parkinson até arrancam umas risadas da Vitória, que ingenuamente acredita que o pai faz os movimentos de brincadeira. “Ela é muito inocente. Ela acha que eu que faço os tremores. Um dia ela falou ‘pai, que engraçado. Por que você está fazendo isso para colocar a chave no carro?’. Contei para ela sobre a doença e ela me perguntou quando que acabava. Eu disse que nunca, mas que há tratamento. Quando fui ensiná-la o nome, ela me perguntou ‘parque o quê?’. Achou que era algo a ver com algum parque”, comentou, entre os risos.

DOENÇA

(Instagram)

Em 2012, Fagundes sentiu um tremor no braço quando levava a filha à igreja. Na época, Vitória tinha apenas seis meses. No ano seguinte, o publicitário procurou um neurologista, que solicitou exames, mas a doença não foi diagnosticada na ocasião.

“Não houve erro. Eu realmente não tinha a doença antes. Tem dois anos que faço acompanhamento médico e o diagnóstico veio agora. Foi muito sutil o aumento dos tremores.”

Quando soube que estava doente, Fagundes contou que passou por um mix de sentimentos, inclusive de alívio já que finalmente descobriu o que tinha e como poderia se tratar. 

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Eu estava vivendo na incerteza. Eu tinha aquela crença que não seria nada, mas ao mesmo tempo pensava: e se for?

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Fagundes explica que faz acompanhamento com três especialistas: um psicólogo, um psiquiatra e um neurologista. Segundo ele, ambos acreditam que foi o mountain bike que o salvou de uma evolução rápida da doença.

“Não sou atleta, sou apenas amador. Eu comecei a pedalar já tem uns dois anos, mas tive que fazer umas adaptações. O freio, por exemplo, era na mão direita. Passei para o lado esquerdo porque eu não tenho força com o braço direito”, comentou.

Atualmente, no dia a dia, o publicitário não sente dores no corpo, apenas os tremores. Já quando pratica exercício físico, ele convive com algumas dificuldades.

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O braço direito não tem força, então o braço esquerda faz força pelos dois. Como faço muita força nos braços, minha lombar começa a doer. Além do esporte que os médicos pediram para eu não parar, também faço terapia ocupacional para correção dos movimentos e isso tem me ajudado bastante

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DIA A DIA

Devido à doença, Fagundes, que era destro, não consegue mais escrever. Agora ele digita apenas com a mão esquerda, tanto no celular quanto no teclado quando está usando um computador. Mas para o publicitário, o mais estranho é a forma como as pessoas olham para ele.

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As vezes eu estou pedalando e chego ao final do morro e acham que eu estou passando mal, mas eu só estou tremendo. Se sou parado em uma blitz, o policial acha que estou devendo alguma coisa, mas explico que é um tremor normal. Quando vou pagar alguma coisa com cartão, acham que roubei e estou nervoso. É engraçado, mas isso acontece

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Desde o nascimento da Vitória, Fagundes, que ao mesmo tempo cumpre o papel de mãe e pai, conta com a ajuda dos pais e dos irmãos. "Minha família me dá todo o suporte. E essa família não é a biológica, é minha família de coração. Amor você sente por instinto, mas você também escolhe quem amar e eu me sinto escolhido. Eles escolheram me amar", descreveu.

SOLIDARIEDADE

(Instagram)

A sensibilidade e determinação que são características marcantes de Fagundes ajudaram uma pessoa que está enfrentando a mesma doença que ele. Durante uma prova de mountain bike em Mariana, em Minas Gerais, no final de semana retrasado, enquanto pedia atendimento médico por sentir dores no braço, o publicitário foi abordado por um homem que desabafou sobre o irmão que desistiu de viver quando foi diagnosticado com Parkinson.

“Ele disse que tinha me visto no restaurante jantando na noite anterior. Ele me reconheceu porque eu tive dificuldades para comer com o braço esquerdo. Ele disse que estava com um problema. O irmão dele de 33 anos não aceitou que tinha o Parkinson e não quer mais viver. Ele falou que estava arrepiado me vendo na corrida e acreditava que era uma mensagem de Deus. Ele me pediu para gravar um vídeo para o irmão dele assistir.”

Na mensagem, Fagundes relatou que encontra dificuldades todos dias. “Eu falei que toda vez que eu acordo sei que vou ter que lidar com alguma dificuldade, que vai ser mais um dia de batalha. Eu não gosto de associar minha doença com a minha história passada, apesar de saber que essa foi a causa. Sei que agora é uma nova fase da vida, um novo desafio.”

VEJA VÍDEO

 

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Quando terminou a filmagem, o homem estava em prantos de tão emocionado e pediu um abraço de Fagundes. “Eu estava no lugar certo e na hora certa. Mantemos contato e o irmão dele me agradeceu demais. Agora eles falam que sou o irmão deles", contou emocionado, acrescentando que a única mensagem que tem a deixar é aquela do início da reportagem: "Um dia de cada vez".

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