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Famílias despejadas em Vila Velha vão para escola a pedido da Justiça

Famílias despejadas em Vila Velha vão para escola a pedido da Justiça

Cerca de 25 famílias estão na Unidade Municipal de Ensino Fundamental Prof. Darcy Ribeiro. Escola está sem aula. No total 1,1 alunos frequentam a unidade

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 13:04

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Mais de 20 famílias estão na escola aguardando alguma providência da prefeitura . (Caíque Verli)

Após a retirada de dezenas de famílias de um terreno de Morada da Barra, em Vila Velha, a Justiça pediu à prefeitura do município que uma escola do bairro seja disponibilizada para que as famílias fiquem no local até que a situação seja resolvida. Cerca de 25 famílias estão na Unidade Municipal de Ensino Fundamental Prof. Darcy Ribeiro, segundo a prefeitura de Vila Velha.

A escola ficou sem aula durante esta terça-feira (18) após boatos de que as famílias invadiram o local - algo que não aconteceu. Durante a noite, por volta de 20h30, as famílias foram autorizados a entrar no local e, nesta quarta-feira (19), as aulas também foram canceladas.

Segundo uma das moradoras do terreno que foi desocupado, há cerca de sete anos uma pessoa ocupou o local e vendeu vários lotes. Os verdadeiros donos estavam com impostos atrasados e, como quitaram as dívidas, ganharam na Justiça a posse do terreno novamente. No local já havia casas de alvenaria, residências com dois andares e até comércio, tudo derrubado pelas máquinas.

“Não tem quando você não se conforma em perder algo que é seu? Que do nada você vê sendo destruído? A gente não conseguiu tirar nada, não tivemos cabeça. Tentamos salvar, mas sabíamos que não iríamos conseguir bater de frente com a cavalaria”, disse uma mulher, que preferiu não ser identificada.

Por causa da desocupação, cerca de 1,1 mil alunos estão sem aula na Umef Prof. Darcy Ribeiro. Enquanto isso, as famílias estão dormindo no refeitório da escola, com colchões amontoados e dividindo um banheiro com todo mundo.

Escola está com aviso desde a manhã desta terça-feira (19). (Caíque Verli)

“Tem que fazer fila para usar um banheiro só. Comida estamos recebendo doações de pessoas que ajudam. Não tem como escovar os dentes porque não tem escova ou pasta. Não tem como tomar banho com sabonete ou banho quente e, para dormir, as crianças estão tendo dificuldade, porque estão assustadas”, relatou uma moradora, que também não quis falar o nome.

COMÉRCIOS DESTRUÍDOS

Eliane de Carvalho tinha um comércio que acabou sendo derrubado junto às outras casas e outros pontos comerciais que se formaram no local. Agora ela não sabe como vai fazer para se sustentar.

Danilo Salim faz doações para os ocupantes que estão na escola . (Caíque Verli)

“Esperamos que arrumem um lugar para que a gente possa ficar porque é ruim sair do que é nosso para ir para aluguel social. Teve gente que ficou sem ter o que comer para construir tudo o que estava lá. Era tudo o que eu tinha ali e era o sonho de muita gente”, relatou.

O motorista de aplicativo Danilo Salim faz parte de um grupo de evangélicos que está ajudando as famílias com doações. “Eu fui lá, estava ajudando a tirar as mudanças e tiveram muitas crianças que ainda ficaram no tempo durante o dia, de manhã até de noite sem se alimentar. A gente vê a necessidade do próximo, entende?”, comentou.

PREFEITURA AINDA NÃO SABE O QUE VAI FAZER

A secretária de assistência social de Vila Velha, Ana Cláudia Simões, explicou que a prefeitura só ficou sabendo da desocupação após ter acontecido nesta terça-feira (18). De acordo com ela, a prefeitura está tomando medidas emergenciais, mas não deu parecer do que deve acontecer a partir de agora.

“Em nenhum momento fomos informados ou convidados a participar do processo antes da reintegração. Com a liminar para abrir as portas estamos fazendo cadastros das famílias no CadÚnico e encaminhar as famílias para os Cras”, explicou.

De acordo com a secretária, as famílias serão encaminhadas para o Sine e para cursos de qualificação, com foco na geração de emprego e renda. Já as crianças serão encaminhadas para oficinas.

Sobre o que vai acontecer com as famílias e se elas vão continuar na escola, a secretária disse que ainda não tem a resposta.

“Trata-se de um processo que a prefeitura não está envolvida. A procuradoria geral da prefeitura está dialogando com o Estado e com a Justiça para resolver”, declarou.

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Com informações de Caíque Verli 

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